Deolane Bezerra vai para presídio com superlotação no interior de Pernambuco

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – A advogada e influenciadora Deolane Bezerra vai cumprir a nova prisão preventiva na Colônia Penal Feminina de Buíque, no interior de Pernambuco, a 284 quilômetros do Recife.

Alegando questões de segurança, as autoridades não disseram quando a influenciadora chegará à unidade. Ela deixou o IML (Instituto de Medicina Legal) no Recife, onde fez exame de corpo de delito, no fim da tarde.

O presídio em Buíque tem capacidade para 107 vagas, mas conta com 264 detentas, segundo o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco.

Deolane voltou a ser presa na tarde desta terça-feira (10) no Recife. Ela recebeu voz de prisão no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, onde assinaria os trâmites para cumprir a prisão domiciliar.

O TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco) confirmou que foi decretada uma nova prisão preventiva. Segundo a Polícia Civil, a nova prisão aconteceu “em razão do descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça para a concessão de sua prisão domiciliar”.

A reportagem procurou o advogado Carlos Barros, que a defende, para comentar a nova prisão preventiva, mas não obteve resposta.

A influenciadora havia deixado a Colônia Penal Feminina do Recife na segunda (9), após o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão conceder prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Ela foi recebida na saída por dezenas de fãs e apoiadores que a esperavam no local.

Deolane é investigada por suspeita de envolvimento em uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões. Ela diz ser inocente.

Na decisão que concedeu a prisão domiciliar, o desembargador afirmou que Deolane “não deve se manifestar em redes sociais, imprensa e assemelhados”. Ao deixar a Colônia Penal, ela respondeu a perguntas de jornalistas e fez críticas à prisão.

“Isso é uma prisão criminosa. Abuso de autoridade do estado de Pernambuco”, disse Deolane, repetidas vezes. “Não há nenhuma prova sequer, não tem uma prova contra mim. Prisão cheia de abuso de autoridade a todos por parte do delegado Paulo Gondim”, acrescentou.

Ela também publicou no Instagram uma foto em que aparece com a boca tampada.

O TJ-PE disse nesta terça que o processo permanece em sigilo para proteger a intimidade dos demais investigados. “Qualquer manifestação relacionada ao caso será feita exclusivamente nos autos e acessível apenas às partes envolvidas”, afirmou o tribunal. A reportagem apurou que Deolane iria cumprir a prisão domiciliar em São Paulo.

A mãe dela, Solange Alves, teve pedido de liberdade negado e segue presa na Colônia Penal. Questionada na segunda-feira sobre a manutenção da prisão da mãe, Deolane afirmou que não poderia comentar o processo. “Fui calada pelo Tribunal de Justiça”, disse, antes de entrar em um carro que a levou da prisão.

Deolane também agradeceu aos apoiadores que a esperavam em frente ao presídio.

“Agradeço a todos, não vão se arrepender.” Dezenas de pessoas estiveram no local todos os dias desde a quarta-feira (4), quando a influenciadora foi presa. A movimentação se intensificou na manhã de segunda após uma das irmãs de Deolane, Dayane Bezerra, anunciar nas redes sociais que ela sairia da cadeia. Quando ela enfim saiu, o público comemorou -a carregou nos braços e soltou fogos de artifício.

De acordo com a decisão judicial, Deolane deveria permanecer sem contato com outros investigados e ficar em endereço residencial, inclusive nos finais de semana e feriados.

Em mensagem escrita na prisão e divulgada em suas redes sociais no domingo (8), antes da decisão da prisão domiciliar agora revogada, Deolane havia reafirmado que que é inocente e que não há “uma prova sequer” contra ela.

Deolane e a mãe foram presas na na operação Integration, deflagrada na capital pernambucana e em outros quatro estados. A investigação foi iniciada em abril de 2023 para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

Conforme o inquérito, a suposta quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.

JOSÉ MATHEUS SANTOS / Folhapress

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