SÃO PAULO, SP E RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Doze cidades do estado de São Paulo registraram focos de incêndio nesta terça-feira (10), de acordo com informações da Defesa Civil.
Boletim divulgado às 18h citava fogo nos municípios de Mairiporã, Bom Jesus dos Perdões, Campinas, Altinópolis, Santo Antônio do Aracanguá, Itirapuã, Pedregulho, Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí.
Mais cedo, por volta do meio-dia, havia queimadas também nas cidades de São Paulo, Valentim Gentil e Dois Córregos.
Na capital paulista, o incêndio atingiu a região de Perus, próximo ao rodoanel Mário Covas. O Corpo de Bombeiros contou com o apoio do helicóptero Águia da Polícia Militar no combate às chamas.
Outros focos de incêndio foram registrados em Mogi Guaçu e Paulínia, mas bombeiros e Defesa Civil conseguiram extingui-los rapidamente. Em Paulínia, o fogo começou em uma área de pastagem e queimou cerca de 12 mil metros quadrados.
Na região de Campinas, um incêndio de grandes proporções atingia uma área de mata no Pico das Cabras, no limite com Morungaba, desde a noite de segunda (9). Na manhã desta terça, o fogo chegou ao entorno do Observatório Municipal Jean Nicolini, que ficou perto de ser atingido.
O coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, disse que o local é de difícil acesso, o que dificulta o trabalho das equipes.
“O Observatório, que era nossa preocupação, não foi afetado pelas chamas. A Sanasa [Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento], além dos caminhões-pipa, está fornecendo água para as pessoas que estão trabalhando. Os fazendeiros da região também estão colaborando”, afirmou.
FUMAÇA VIRA ROTINA EM RIBEIRÃO PRETO
Em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), cuja região metropolitana foi o epicentro dos incêndios registrados na segunda quinzena de agosto no estado, a fumaça tem feito parte da rotina.
A região, que concentra municípios produtores de cana-de-açúcar, sofreu uma série de queimadas que resultaram em desabrigados, no abandono temporário de imóveis e no aumento de problemas respiratórios.
A prefeitura está monitorando os índices de umidade relativa do ar que estão muito baixos no município e a orientação é evitar atividades físicas nos horários mais quentes do dia.
Embora as aulas estejam ocorrendo normalmente nos municípios da região, a possibilidade de o tempo seco se agravar nos próximos dias preocupa as brigadas de incêndio das cidades.
O cenário crítico prejudica também os animais, que têm sido socorridos para o Bosque e o Zoológico Fábio Barreto, em Ribeirão. Nos últimos dias, um tamanduá bandeira que sofreu queimaduras em Batatais foi encaminhado para atendimento na unidade, assim como um lobo guará encontrado com ferimentos em Sertãozinho.
DIRETRIZES PARA ENFRENTAR A PIORA DA QUALIDADE DO AR
O gabinete de crise formado pelo Governo de São Paulo voltou a se reunir nesta terça no CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências na Defesa Civil) e divulgou novas diretrizes.
A primeira é a recomendação para a população evitar atividades físicas ao ar livre e aumentar a ingestão de água. O gabinete disse ainda que crianças menores de cinco anos, idosos e gestantes devem ter atenção redobrada às recomendações neste tempo seco, assim como pessoas com comorbidades, que devem buscar atendimento médico imediatamente na ocorrência de sintomas respiratórios.
Em regiões de queimadas, a orientação é usar máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas quando usadas corretamente.
O gabinete de crise também anunciou a suspensão temporária da queima para a despalha de cana, queima fitossanitária ou para manejo. As únicas exceções são para a implantação de aceiros que evitem a propagação do fogo e os casos de finalidade fitossanitária solicitados diretamente pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
PÉSSIMA QUALIDADE DO AR EM SÃO PAULO
A qualidade do ar em São Paulo nesta terça-feira é a pior entre 120 cidades monitoradas pelo site suíço IQAir pelo segundo dia consecutivo. A lista só inclui grandes cidades.
A empresa suíça é especializada em tecnologia da qualidade o ar e organiza o ranking de 120 metrópoles com dados gerados por estações operadas por governos, instituições de pesquisa e organizações sem fins lucrativos. A classificação segue parâmetros de qualidade americanos.
Com registro de 158 no índice usado pelo site às 8h desta terça, a capital paulista superou Kinshasa, na República Democrática do Congo (140), e Dubai, nos Emirados Árabes (135). Completam a lista das cinco cidades com o ar mais poluído Delhi, na Índia (112), e Jerusalém (104).
A qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo nesta terça é classificada como muito ruim pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A escala que considera o índice de poluentes é composta por cinco fases: boa, moderada, ruim, muito ruim e péssima.
Maria Lúcia Guardani, gerente da divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, afirma que, além das fontes diárias de poluição, como trânsito e atividades econômicas, os incêndios no interior agravam a situação.
“Essa névoa seca, fumaça, fuligem que estão da atmosfera não conseguem dispersar. No interior, a qualidade do ar chegou a péssima nos últimos dias”, afirmou.
FRANCISCO LIMA NETO, CLAUDINEI QUEIROZ E MARCELO TOLEDO / Folhapress