SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta quarta-feira (11), São Paulo registrou a pior qualidade do ar pelo terceiro dia consecutivo entre 120 cidades do mundo, segundo o monitoramento do site suíço IQAir. Nesses dias, é comum sentir rouquidão na voz e garganta irritada ou coçando, porque o ar seco afeta diretamente as mucosas que umidificam as vias. Isso pode ser um sinal de que o corpo está mais vulnerável a desenvolver infecções.
Idosos e pessoas que passam muito tempo em ambientes com ar-condicionado ou ao ar livre estão mais suscetíveis aos efeitos do tempo seco. O ideal é manter-se sempre bem hidratado.
O otorrinolaringologista Fabrizio Romano, presidente da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), explica que as vias respiratórias -nariz e garganta- são revestidos por uma mucosa que tem a função de proteger o organismo contra agressores externos, como vírus, bactérias e poluentes, além de lubrificar e aquecer o ar respirado.
“Com o tempo seco, a mucosa perde umidade. Isso diminui a produção de muco e a garganta fica desprotegida e mais suscetível a infecções e inflamações, como faringite e laringite”, explica.
Além da garganta, a baixa umidade do ar também afeta diretamente a voz. As pregas vocais, responsáveis pela produção do som, precisam de um ambiente bem umidificado para funcionarem corretamente.
“Quando o ambiente está seco, essa vibração é prejudicada, causando rouquidão e, em alguns casos, até perda temporária da voz”, afirma.
O ressecamento das pregas vocais também pode gerar irritação e inflamação, iniciando um ciclo vicioso. A irritação gera esforço para falar, o que agrava ainda mais a inflamação, e isso pode evoluir para problemas vocais mais sérios se não for tratado.
Segundo o médico, pessoas que acordam com a garganta mais irritada devem prestar atenção aos hábitos noturnos. O incômodo se agrava quando a pessoa dorme de boca aberta, principalmente em razão de obstrução nasal relacionada a rinite alérgica ou sinusite.
“Já que o ar não passa pelo nariz, que é responsável por umidificá-lo, mas sim pela boca, a garganta acaba ficando ainda mais ressecada”, diz.
Pessoas que fazem atividades físicas ao ar livre em horários de maior ressecamento também estão mais expostas aos problemas. Além disso, aqueles que sofrem de doenças respiratórias, como asma, tendem a ter suas condições agravadas durante o tempo seco.
De acordo com Romano, a prevenção é a melhor estratégia para lidar com os efeitos do tempo seco na garganta e na voz.
“Beber muita água é essencial para manter as mucosas hidratadas e garantir que a produção de muco continue adequada”, recomenda.
Outra medida importante é o uso de umidificadores de ar nos ambientes, especialmente à noite. Para quem não tem o aparelho, colocar uma bacia de água no quarto ou toalhas úmidas penduradas pode ajudar, embora o benefício seja bem menor em comparação aos umidificadores.
Em casos de desconforto persistente, lavar o nariz com soro fisiológico ao menos duas vezes por dia, de manhã e à noite, ajuda a manter as vias nasais limpas e hidratadas, prevenindo o ressecamento.
VITOR HUGO BATISTA / Folhapress