SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal e candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto Ricardo Silva (PSD) falou em sabatina Folha/UOL que, mesmo tendo participado da equipe de transição do governo Lula (PT), não se considera parte do grupo político do petista.
“Eu nunca apoiei o Lula e não tenho ligações com o PT, aliás o PT tem candidato em Ribeirão Preto [Jorge Roque] e ele é meu adversário. Eu o respeito, mas não somos do mesmo grupo político. O governo me chamou para o grupo técnico de previdência e eu não me furto a debater assuntos importantes com quer que seja, inclusive a minha postura em relação ao atual governo é de independência.”
Silva tem uma taxa de votações alinhadas ao governo de 84%, segundo o portal Radar do Congresso. Por outro lado, o candidato tem em sua coligação o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele é menos ambíguo sobre a relação com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Eu tenho uma ligação muito forte com o Tarcísio, que, aliás, esteve com Lula recentemente em uma obra importante para São Paulo. O meu espectro político é muito mais ligado ao governo Tarcísio.”
Para ele, as ligações ecumênicas que mantêm são percebidas pelo eleitor. “Tem pessoas que admiram o governador e votam em mim, tem pessoas que admiram o governo federal e também votam em mim. Isso mostra que estamos no caminho certo. Esses partidos vieram comigo por confiar na minha liderança.”
Ribeirão Preto é um dos principais focos dos recentes incêndios no interior paulista. Silva afirma que falta atenção ao meio ambiente na cidade. “Ribeirão Preto tem um problema muito grande que é a falta de investimento em políticas públicas em meio ambiente. Nós temos apenas 12% da nossa área urbana coberta por vegetação, em 2016 tínhamos 16%. Precisamos de robustez orçamentária para políticas públicas de meio ambiente.”
Ele afirma que, apesar de um dos principais locais dos incêndios serem os canaviais da região, é possível conciliar o desenvolvimento sustentável com os interesses econômicos.
Além disso, defende atenção à questão do fornecimento hídrico na cidade, com reformas na rede de abastecimento, que sofre com vazamentos.
A entrevista teve condução de Paola Rosa, produtora do podcast Café da Manhã, com participação dos jornalistas Mariana Bomfim, do UOL, e Marcelo Toledo, repórter da Folha.
OBRAS DE MOBILIDADE
Silva critica os atrasos nas obras da gestão de Duarte Nogueira (PSDB) e afirma que irá revê-las caso seja eleito. “Vamos acabar com as obras todas de forma a exigir cumprimento de cronograma, daquilo que foi feito errado na licitação. Observamos que as licitações foram mal planejadas, mal feitas. Empresas inidôneas ganharam processos licitatórios e pararam as obras pela metade.”
O deputado critica especificamente obras de corredores de ônibus feitas pelo atual governo pelo impacto negativo que tiveram no comércio. Apesar disso, rejeita reverter a implantação.
“[Não vou] Retirar corredores de ônibus porque o atual governo já gastou R$ 500 milhões de dinheiro emprestado que os próximos governos terão que arcar. Mas a gente pode conciliar, favorecer o ônibus no horário que ele mais precisa, de pico, e no período do dia deixar para estacionamento.”
Na saúde, o candidato promete aprimorar o atendimento das UPAs, reabrir unidades com funcionamento 24h e fornecer nelas atendimentos de ginecologia e obstetrícia.
“A destinação de recursos eu já fiz como deputado e sei como fazer como prefeito. Nós temos um problema seríssimo na atenção básica. Apesar do congelamento na tabela SUS, nós temos, primeiro, que organizar a casa. Em 2008 nós tínhamos 638 médicos na rede pública de saúde, hoje temos 400”, disse.
Ele também critica o atual prefeito na educação. “Pense só: uma criança que entrou no ensino fundamental em 2017 estudou até seu oitavo ano sem a cidade ter um plano municipal de educação, que só foi aprovado em 2024. Os professores estão desmotivados. É uma questão de falta de estímulo, são salas de 30 alunos, sem ar condicionado, com crianças com deficiência, e mais: a prefeitura passou a exigir que os professores elaborem as aulas no prédio da escola, na prática o professor chega para trabalhar 7h da manhã e sai 19h.”
Ricardo Silva é formado em direito. É deputado federal desde 2020, quando assumiu a suplência deixada pela morte de Luiz Lauro Filho, que apenas um mês antes havia assumido a vaga após a morte de Luiz Flávio Gomes. Foi vereador de Ribeirão Preto por um mandato, entre 2013 e 2016. Concorreu à Prefeitura da cidade em 2016, mas foi derrotado no segundo turno pelo atual prefeito, Duarte Nogueira.
Outro candidato foi convidado. Na sexta-feira (13), será transmitida a sabatina de André Trindade (União Brasil), também às 18h30.
O ciclo de sabatinas promovido por Folha de S.Paulo e UOL foi iniciado em 10 de junho com entrevistas com pré-candidatos em Belo Horizonte e está sendo, ao todo, em 18 cidades.
Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.
BRUNO XAVIER / Folhapress