Imagine Dragons toca no Rock in Rio com fórmula pop rock e repertório mais fresco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os integrantes da banda americana Imagine Dragons estão acostumados a tocar nos festivais brasileiros. Vão participar pela segunda vez do Rock in Rio, depois da presença na edição de 2019. Eles fecham a programação no sábado, 14 de setembro, segundo dia do evento. E têm no currículo duas apresentações no Lollapalooza Brasil, em 2014 e 2018.

Mas o grupo que volta agora ao país vive uma situação bem diferente do que aquele que apareceu no Lolla em 2014. Ali, a banda formada em 2008, em Las Vegas, trazia apenas alguns EPs e o álbum de estreia, “Night Visions”, que a crítica classificou como um disco irregular. O que se viu no palco foi uma banda com potencial, mas ainda tateando num rock esquálido.

Vale contextualizar que, naquela época, o rock vivia um momento de tentar recuperar espaço perdido nas paradas de sucesso. Era um período no qual a maior parte do público começava a abandonar o consumo de álbuns e prestar mais atenção a singles isolados, que precisavam ser grudentos para capturar o ouvinte de primeira.

Assim, foi formada uma geração de bandas sem tanta personalidade, mas com habilidade de criar hits fáceis, palatáveis, como Coldplay, The Killers e OneRepublic. Uma característica dessa turma é que cada um tinha a liderança de seu vocalista, sem abrir muito destaque para os outros componentes das bandas. No caso do Imagine Dragons, o patrão é o vocalista Dan Reynolds.

Depois de um período inicial na estrada, ele mandou todo mundo embora e reuniu a formação que vingou, com o guitarrista Wayne Sermon, o baixista Ben Mckee e, chegando um pouco depois, o baterista Daniel Platzman. Com essa escalação, o Imagine Dragons entrou nesse balaio de novas bandas e estourou com o segundo álbum, “Smoke + Mirrors”. O disco abraçou influências do hip-hop e alcançou o topo das paradas norte-americana e inglesa na semana de lançamento.

Depois de mais três álbuns com a mesma pegada, de rocks fáceis de cantar, mas sem nenhuma inovação para o gênero, o Imagine Dragons chega ao Rock in Rio 2024 como um dos que superaram a peneira do tempo que deixou pelo caminho alguns de seus colegas de geração. Outro desses sobreviventes, OneRepublic, se apresenta antes do Imagine Dragons no Palco Mundo, montando um final de noite bem coerente nesse dia do festival.

Mas agora a banda traz um frescor no repertório com o sexto trabalho da carreira, “Loom”, lançado em 28 de junho. Claro que a fórmula musical não mudou. Não vale a pena, já que o Imagine Dragons acumula, entre discos físicos e downloads, a impressionante marca de 75 milhões de álbuns vendidos. Em 2018, foi o artista mais tocado no Spotify.

Se for necessário rotular o Imagine Dragons sob apenas um gênero, o melhor a fazer é apelar o abrangente pop-rock. Debaixo da pose roqueira, o grupo é capaz de apresentar uma canção como “Sharks”, que se encaixa em um pop dançante, típico de boy band. Já “Whatever It Takes” flerta com o R&B e quebra esse clima com um refrão querendo soar apoteótico, grandioso.

Mas, percorrendo essa mistura de ritmos, a vocação para o rock de arena também é muito forte. Muitas canções são evidentemente construídas para receber a ajuda dos fãs. “Radioactive”, por exemplo, um de seus maiores hits, tem uma batida marcial de bateria e vocais gritados como ordens de comando, perfeito para plateias enormes.

O novo álbum é o primeiro sem Daniel Platzman nas baquetas. Em março do ano passado, o baterista anunciou uma parada por tempo indeterminado, alegando motivos particulares. De lá para cá, a banda não oficializou um substituto, usando músicos contratados quando necessário. Nas entrevistas para divulgação de “Loom”, Reynolds se referiu ao Imagine Dragons como um trio.

Ele também tem dedicado boa parte do contato recente com a imprensa para destacar as letras do álbum recém-lançado. Afirma ter escrito “canções verdadeiras, criadas com sentimentos reais”, e deseja que elas provoquem reações fortes nas pessoas. Esse discurso vem dois anos depois de boa parte da crítica ter apontado o trabalho anterior como o mais fraco da banda.

Foi um projeto ambicioso. Em 2021, “Mercury – Act 1” chegou às lojas, e o impacto brando teve como desculpa a pandemia de Covid-19. No ano seguinte, ele foi relançado como um álbum duplo, “Mercury – Acts 1 & 2”, como previamente anunciado. A produção de Rick Rubin (Bon Jovi, Red Hot Chili Peppers, The Cult) deu um pouco de peso ao trabalho, mas as resenhas destacaram que Reynolds parecia não ter mais a dizer em seus versos.

“Loom”, apesar das declarações de Reynolds, não traz nada de alentador nas letras, que seguem numa ladainha de autoconhecimento, mas certamente há nele uma preocupação em retomar as músicas mais diretas. Sumiram as faixas que criam vários andamentos dentro delas, isso foi trocado por pegadas mais simples e aceleradas. É provavelmente um Imagine Dragons mais próximo da geração TikTok.

IMAGINE DRAGONS NO ROCK IN RIO

– Quando Sáb. (14), à 0h

– Onde Parque Olímpico – av. Embaixador Abelardo Bueno, 3.401, Rio de Janeiro

– Preço Ingressos esgotados

THALES DE MENEZES / Folhapress

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