Dia da Bienal marcado por literatura nacional tem Krenak e Carla Madeira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O penúltimo dia de Bienal do Livro foi marcado por discussões sobre maternidade, educação libertadora e o futuro da espécie humana. Com ingressos esgotados, o evento recebeu grandes nomes da literatura brasileira contemporânea como a best-seller Carla Madeira, a vencedora do Jabuti Eliana Alves Cruz, e o imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, colunista deste jornal.

Os temas da discussão partiram das histórias criadas pelos próprios escritores. Carla, autora de “Tudo é Rio”, cuja maternidade é um tema que perpassa todos os seus romances, defendeu que ser mãe intensifica o que já se sabe sobre amor, medo e vulnerabilidade, ao mesmo passo que cria uma sensação de sobrecarga nas mulheres.

“Existe na nossa cultura uma exaustão em relação à função da mãe. Há uma sobrecarga e muito pouco dessa função precisa ser mulher para fazer”, afirma.

Outra sensação que vem com a maternidade, segundo as autoras, é a culpa por não atingir um nível de perfeição no exercício da função de mãe. Para Eliana, autora de “Solitária”, a literatura ajuda no processo, ao mostrar experiências maternas similares, mas ainda assim com suas peculiaridades únicas.

“A literatura nos faz companhia porque tem coisas que não permitimos nem conversar com nós mesmas no espelho”, disse.

A discussão sobre criação de filhos voltou durante a mesa de Ailton Krenak. De pé no palco, o ativista do movimento socioambiental defendeu que o ensino não deveria ser restrito apenas aos muros das escolas.

“Educação não deveria ter um endereço, mas a vida nos cooptou num ajuntamento de metrópoles onde as famílias não conseguem lidar com a educação dentro de casa. A escola é onde costumamos despejar as nossas crianças. Isso não é educação”, disse.

Krenak também criticou a ineficácia prática de eventos mundiais para discutir as questões climáticas. “Os tratados e as conferências do clima são apenas uma série de encontros onde ficamos igual hamsters numa rodinha, voltando para casa sem o que contar”, afirmou. “Essa mobilização em torno da nossa vida é tratada como um assunto que pode rolar indefinidamente.”

Fora da Arena Cultural, o cenário era semelhante ao do primeiro sábado do evento (7). As filas para entrar nos estandes mais populares cobriam parte considerável dos corredores, deixando apenas um caminho único para dispersão dos visitantes, que também era dividido com as pessoas que sentavam no chão para descansar.

O adicional deste sábado foi a sensação de calor. Dentro do Distrito Anhembi, em diversos pontos, não era possível sentir a refrigeração dos ares-condicionados. De forma improvisada, os visitantes usaram marcadores de páginas e o mapa do evento como leques para se refrescar.

NATÁLIA SANTOS / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS