SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jorge Roque, candidato petista à Prefeitura de Ribeirão Preto, reivindicou o legado dos governos de Antonio Palocci na cidade, durante sabatina Folha/UOL.
Palocci, ex-ministro nos governos Lula e Dilma Rousseff, administrou o município em duas ocasiões pelo partido acabou se desligando do PT após acusar os antigos correligionários na esteira de delação na Operação Lava Jato.
“Uma questão óbvia, que a gente [PT] já fez quando governou, foram as intervenções culturais no centro. Vamos ter uma política de moradia, vamos entregar 15 mil unidades habitacionais. De 1993 a 1996, em condições muito mais difíceis, nós já fizemos isso, vamos fazer de novo”, disse Roque na entrevista, exibida nesta segunda-feira (16).
O candidato petista também citou em vários momentos na sabatina o apoio do presidente Lula à sua candidatura. Apesar disso, segundo pesquisa Quaest divulgada em 27 de agosto, ele apareceu com 9% das intenções de voto na cidade, distante do primeiro colocado, Ricardo Silva (PSD), que marcou 46%.
Ele diz que, com o decorrer da campanha, se tornará mais conhecido e garantirá uma vaga no segundo turno. “O eleitorado [que ganha] até dois salários mínimos é predominante lulista. O presidente Lula manifestou apoio para nós e também temos trabalhado em comunidades e sindicatos e estamos conseguindo dialogar com essa população.”
O PT já venceu duas eleições municipais em Ribeirão Preto: em 1992 e em 2000. Em ambas o candidato era Palocci, que se tornaria ministro da Fazenda de Lula, renunciando à prefeitura em 2002. Roque vê semelhanças na eleição que levou à vitória em 2000 com a atual.
“Faz 20 anos que não conseguimos montar uma frente como a que conseguimos montar agora. Da última vez que fizemos isso, em 2000, nós ganhamos. Só isso já nos dá uma perspectiva muito boa. Nós estamos conseguindo dialogar com eleitores do Bolsonaro, é surpreendente.”
Roque citou iniciativas dos governos de Palocci, especialmente na habitação e na reforma da região central do município, além de mencionar a criação da Guarda Municipal. “[A GCM] foi criada no nosso governo, assim como diversas outras iniciativas que existem atualmente na nossa cidade. A própria Agrishow, que hoje os bolsonaristas se vangloriam, foi também criada a partir de uma articulação do nosso governo.”
O candidato criticou a atual gestão, do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), pela falta de investimentos em políticas ambientais e afirmou que pretende investir no plantio de árvores pela cidade, reabrir parques fechados e realizar obras para aumentar as áreas permeáveis do município e prevenir enchentes.
O petista também afirmou que pretende transformar a cidade em um polo de produção de hidrogênio verde para diversificar a economia e evitar uma possível estagnação do setor canavieiro.
“Estamos passando por um período de transição energética rápida no mundo inteiro. A nossa região depende da cana e o último ciclo de desenvolvimento foi aberto com o ProÁlcool, nos anos 1970. A gente precisa dar um passo adiante para não andar para trás”.
O candidato estima que seriam necessários R$ 4 bilhões em investimentos no projeto, que contaria com financiamento do governo federal e incentivos tributários incluídos no marco legal do hidrogênio verde, aprovado pelo Congresso neste ano. Além disso, ele fala em captar recursos internacionais com o uso de créditos de carbono, citando como exemplo a construção de uma usina do combustível em Fortaleza.
O petista propôs na entrevista realizar concursos públicos para contratação de mais profissionais na educação. “A educação de Ribeirão tem sido privatizada por dentro através de terceirizações e organizações sociais e isso tem se mostrado um péssimo caminho. Precisamos abrir concursos públicos, não tem outro caminho.”
Jorge Roque é advogado e mestre em direito pela Universidade de São Paulo (USP). Em 2018, tentou se eleger deputado federal, mas ficou com a suplência. Ele é presidente municipal do PT em Ribeirão Preto desde 2019. Concorre à prefeitura pela primeira vez.
A entrevista teve condução da jornalista Paola Ferreira Rosa, com participação dos repórteres Mariana Bomfim, do UOL, e Marcelo Toledo, repórter da Folha da Folha de S.Paulo.
Outros dois candidatos foram convidados. Na quinta-feira (12), foi transmitida a sabatina de Ricardo Silva. Na sexta (13), o entrevistado foi André Trindade (União Brasil).
O ciclo de sabatinas promovido por Folha de S.Paulo e UOL foi iniciado em 10 de junho com entrevistas com pré-candidatos em Belo Horizonte e está sendo realizado, ao todo, em 18 cidades.
Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.
BRUNO XAVIER / Folhapress