Dólar abre em leve queda na véspera de decisão sobre juros no Brasil e nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve queda nesta terça-feira (17), primeiro dia das reuniões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos.

Às 9h05, a moeda caía 0,13%, cotada a R$ 5,5037. Na segunda-feira, fechou em queda firme de 1,01%, aos R$ 5,509, e a Bolsa avançou 0,17%, aos 135.118 pontos.

O BC (Banco Central) e o Fed (Federal Reserve, a autoridade americana) anunciarão suas decisões sobre juros amanhã, dia apelidado de “super quarta” pelos mercados.

A expectativa é oposta nos dois países —e grande nos investidores. Por aqui, economistas esperam que o Copom (Comitê de Política Monetária) eleve a Selic para 10,75%, um aumento de 0,25 ponto percentual. Já nos EUA, a projeção é de corte na taxa, ainda que não haja consenso entre os operadores sobre o tamanho do afrouxamento.

O mercado está dividido: enquanto 65% das apostas apontam para um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, as 35% restantes indicam um menor, de 0,25 ponto, segundo a ferramenta FedWatch. Na semana passada, as proporções eram de 30% e 70%, respectivamente.

“O Fed certamente reduzirá suas taxas esta semana. Mas em quanto é a pergunta de US$ 1 milhão”, afirmou a analista sênior Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank.

Desde que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a hora de reduzir os juros havia chegado, a dúvida sobre o ritmo dos cortes ditou o comportamento dos mercados, com sessões de alta volatilidade a cada nova bateria de dados macroeconômicos.

A taxa americana está na faixa de 5,25% e 5,50% desde julho do ano passado —o patamar mais restritivo em duas décadas. Qualquer corte nesta reunião será o primeiro do banco central em mais de quatro anos.

O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e trabalho para decidir sobre os juros. O objetivo é atingir o chamado “pouso suave”, quando índices inflacionários convergem para a meta sem maiores danos à empregabilidade do país.

Um corte de 0,50 ponto permitiria ao Fed retornar os custos de empréstimos a níveis normais mais rapidamente, removendo restrições à economia e protegendo o mercado de trabalho de mais fraqueza.

Por outro lado, poderia gerar interpretações de que o banco central está preocupado com uma desaceleração mais acentuada da economia, levando o mercado financeiro a precificar uma redução mais dramática nas taxas a partir do corte desta semana.

Com o cenário indefinido, “a Bolsa deve seguir em compasso de espera até quarta”, destacam analistas do BB Investimentos em nota a clientes.

Já o dólar costuma se depreciar à medida que os juros nos Estados Unidos caem, conforme o rendimento dos ativos ligados à renda fixa americana se depreciam. Isso costuma levar operadores a investimentos de maior risco, como moedas emergentes e mercados acionários, pela possibilidade de rentabilidade maior.

Para o real, outro fator de relevância ainda entra na conta: o possível novo ciclo de aperto na Selic.

Na reunião de julho, o Copom manteve a taxa básica de juros no atual patamar de 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. Desde então, os dirigentes têm reiterado que novas altas estão à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, caso os dados macroeconômicos indiquem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

O mercado financeiro dá como certo que a Selic terá uma nova alta de 0,25 ponto nesta reunião. Dados indicam que a economia brasileira está aquecida e resiliente, o que tende a se traduzir em pressões inflacionárias nos meses seguintes.

As projeções de alta não arrefeceram nem mesmo com a leitura de agosto do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, que mostrou que a inflação teve queda de 0,02% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, passou a registrar alta menor, de 4,24% —uma desaceleração dos 4,5% de julho, o teto da meta do BC.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de “carry trade” —isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

Redação / Folhapress

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