Marina Helena cita semelhanças com Marçal, mas nega relação, e fala em educação sexual sem ativismo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Marina Helena (Novo) afirmou em sabatina realizada por Folha e UOL, nesta quarta-feira (18), que tem pontos de semelhança com Pablo Marçal (PRTB), mas ressaltou agir de modo diferente do autodenominado ex-coach.

“Vocês o tempo inteiro tentam me colocar ao lado do Pablo Marçal. Os dois realmente vêm de fora do sistema, não têm um passado na política, os dois falam abertamente contra a esquerda, e nos posicionamos na direita, isso nós temos em comum. A forma como nós agimos não é a mesma, e eu não tenho nenhum relacionamento com ele”, disse.

A mediação da entrevista foi de Fabíola Cidral, ao lado dos jornalistas Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha.

“A única coisa que eu vejo no Pablo é ele muitas vezes dizendo que eu sou a pessoa mais preparada para administrar a cidade de São Paulo”, completou.

Ela mencionou ainda uma ocasião em que participou do podcast do influenciador e contou que ele se atrasou cinco horas para a entrevista e, depois, ofereceu-lhe carona em seu helicóptero, mas ela recusou.

A candidata defendeu que José Luiz Datena (PSDB) se retire da eleição após ter dado uma cadeirada em Marçal durante debate no domingo (15). “A cadeira passou do lado da minha cabeça”, disse.

Questionada sobre se avaliava que Marçal também teria que deixar a corrida por causa de seu comportamento provocativo, afirmou que “não pode colocar na mesma régua um ataque verbal e um ataque físico”.

Ela disse não concordar com a forma de agir do candidato do PRTB nos debates. “Mas, em outros aspectos, acho que ele traz informações importantes para a população. Todos [os candidatos no debate] trazem acusações, algumas infundadas e outras importantes.”

Marina disse ainda que, por ser de direita, jamais apoiaria Datena, Guilherme Boulos (PSOL) ou Tabata Amaral (PSB). Sobre o segundo turno, disse que escolheria Ricardo Nunes (MDB) em um eventual confronto contra o deputado do PSOL, mas evitou se posicionar entre Nunes e Marçal.

A candidata do Novo defendeu propostas como educação sexual nas escolas, desde que sem o que considera ativismo LGBTQIA+; regularização fundiária na periferia; redução da tarifa de ônibus fora do horário de pico; e transparência total em relação aos contratos da prefeitura.

Mas, apesar de militar pela transparência e acesso a dados, não forneceu detalhes sobre a acusação feita por ela, no debate desta terça-feira (17), de que Tabata utilizou jatinhos particulares para visitar seu namorado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB). A deputada afirma nunca ter feito essas viagens.

Questionada pelos jornalistas, Marina Helena afirmou que teve a informação detalhada por três fontes, mas não respondeu, por exemplo, quais seriam as datas desses voos.

“Ela [Tabata] tem uma chance grande de mostrar isso, que é mostrar os tíquetes de voos de ida e volta para Brasília”, insistiu Marina Helena, apesar da pontuação dos mediadores de que o ônus da prova é de quem acusa.

Ela disse ainda que considerou errado a Prefeitura de São Paulo retirar do ar os vídeos do canal no YouTube Saúde para Todes, com informações e serviços destinados à população transgênero. Em sua opinião, deveria ser mantido o conteúdo sobre adultos, e revisada a parte relativa a crianças.

A retirada dos vídeos aconteceu após ela afirmar em um debate que a prefeitura incentivava, por meio do programa, o bloqueio hormonal em crianças trans. A iniciativa, na realidade, apresenta, dentro de um protocolo, a possibilidade de bloqueio hormonal a partir dos 10 anos de idade nos casos necessários.

Na sabatina desta quarta, Marina disse não ter “nada contra a orientação sexual” de cada pessoa ou a população trans.

Ainda em relação a esse tema, a candidata disse que não é contra a educação sexual na escola desde que dentro de cartilhas já existentes.

Ela relembrou a violência da qual foi vítima aos 13 anos e enfatizou que o colégio, hospitais e conselheiros tutelares são essenciais para identificar crianças que sofrem abusos.

“Tem que ter uma maneira para fazer isso. […] Uma coisa é educação sexual, outra é ativismo ideológico”, disse. Ela afirmou que a prioridade das escolas deveria ser ensinar a ler e escrever.

A candidata também foi questionada sobre a proposta “Bairro no Capricho”, que oferece desconto no IPTU para que moradores e comerciantes se organizem para administrar e melhorar a zeladoria na sua região.

“O setor público muitas vezes é incompetente, custa mais caro, e o cidadão muitas vezes consegue fazer”, disse.

Em relação à moradia, Marina Helena prometeu dobrar o aluguel social, que é de R$ 400. Segundo ela, programas sociais como Minha Casa, Minha Vida acabaram expulsando a população do centro ao concentrar os empreendimentos na periferia.

Marina Helena defendeu ainda sua proposta de reduzir a tarifa do ônibus nos horários antes e depois do momento de pico e disse que isso será feito gradativamente para que não seja necessário aumentar o subsídio pago pela prefeitura às empresas de transporte.

Economista, Marina Helena trabalhou no mercado financeiro e foi diretora de Desestatização do Ministério da Economia durante a gestão Paulo Guedes.

A Folha de S.Paulo e o UOL têm feito uma série de sabatinas com candidatos de todo o país. O ciclo de entrevistas começou em 10 de junho com os postulantes de Belo Horizonte e está sendo feito também em outras 17 cidades.

Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão um debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

CAROLINA LINHARES E VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress

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