Indígena guarani kaiowá é morto a tiros em confronto com a Polícia Militar em MS

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um indígena de 23 anos da Terra Indígena Nhanderu Marangatu morreu nesta quarta-feira (18) durante um confronto com policiais militares na Fazenda Barra, no município de Antônio João, em Mato Grosso do Sul.

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) afirmou que o jovem foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, conforme informações confirmadas pela unidade da fundação em Ponta Porã.

O órgão manifestou pesar pela morte do indígena e afirmou que acionou a Procuradoria Federal para que sejam tomadas as medidas legais.

O local é disputado por produtores rurais e indígenas que reivindicam a posse da área como parte do território Nhanderu Marangatu. A região fica na zona rural da cidade, localizada a 319 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.

Povo guarani kaiowá na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS) Divulgação Um grupo de pessoas está reunido em um campo aberto, algumas usando camisas de cores vibrantes, enquanto outras estão vestidas de maneira casual. Algumas pessoas estão segurando ferramentas, como enxadas. A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul afirma que o governador Eduardo Riedel (PSDB) se reuniu nesta quarta com integrantes da pasta para esclarecimentos sobre a morte.

O secretário Antônio Carlos Videira disse que os cem policiais militares que estão no local “cumprem uma decisão judicial para manter a ordem e segurança na propriedade rural, assim como permitir o ir e vir das pessoas entre a rodovia e a sede da fazenda”.

Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foi apurado pela inteligência policial que há na região interesses de facções criminosas relacionadas ao tráfico de drogas, além da disputa por terras. Segundo a pasta, foram apreendidas armas de fogo com o grupo de indígenas que entrou em confronto com os PMs, e uma perícia foi feita no local.

“Todos os episódios ocorridos nos últimos dias na região da Fazenda Barra constarão de um minucioso relatório que será entregue para as autoridades competentes, em Brasília”, disse a pasta da Segurança Pública.

A Funai diz estar em contato com autoridades locais para garantir a proteção da comunidade e impedir novos episódios de violência na região.

De acordo com a Comissão Arns e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a Polícia Militar entrou na área indígena na manhã desta quarta, dando início ao confronto. Além disso, barracas da comunidade foram destruídas durante a operação, segundo a Aty Guasu (Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani).

De acordo com a polícia, os indígenas teriam atacado os agentes, que reagiram.

Este é o segundo conflito de grupos da comunidade Nhanderu Marangatu com a Polícia Militar na região em menos de uma semana. Na última quinta-feira (12), três indígenas foram feridos durante em conflito –uma mulher e dois homens foram atingidos por disparos de bala de borracha.

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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