Aumentam as internações por Covid no estado de São Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – De junho a setembro de 2024, o estado de São Paulo registrou aumento nas internações por Srag (síndrome respiratória aguda grave) por Covid. Quanto à gripe e às infecções causadas pelo VSR (vírus sincicial respiratório), houve queda.

Segundo a SES (Secretaria Estadual da Saúde) de SP, de 1º de junho a 11 de setembro deste ano, ocorreram 1.696 hospitalizações por Covid, com 254 em junho, 318 em julho, e subindo para 995 em agosto.

Já de 1º a 11 de setembro, foram registradas 129 internações. Do total, 1.095 (64,5%) referem-se à população com 60 anos ou mais.

O estado contabilizou 2.053 internações por gripe em 2024. Destas, 942 ocorreram em junho, 645 em julho e 408 em agosto. Nos 11 primeiros dias de setembro, foram 58. A faixa etária de pessoas com mais de 60 anos registrou 913 hospitalizações.

O VSR levou 1.213 pessoas aos hospitais —14,5% são crianças de um a cinco anos. Do total de internações, 690 ocorreram em junho, 349 em julho, 156 em agosto e 18 até 11 de setembro.

Para Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, a alta nos dados de Covid é global e observado há algumas semanas. Novas cepas, baixa testagem e cobertura vacinal explicam os números.

“É uma soma do comportamento das pessoas, do comportamento do vírus e de má adesão ou esquecimento da adesão às medidas básicas de contenção. A gente já sabe as ações, já conhecemos a doença, que é de transmissão aérea. E, para evitar transmissão, temos que fazer algumas medidas básicas não farmacológicas: vacinar, tratar e testar”, afirma Araújo.

Os grupos prioritários, como os idosos e as pessoas com comorbidades, estão sujeitos a quadros graves de Covid, se não se vacinarem.

“Idosos e pessoas com doenças que diminuem a imunidade não estão tomando a vacina. As pessoas fora do grupo prioritário, se pegarem Covid, a chance de ter uma evolução grave é pequena. Se você fizer uma análise, quem está internando com Covid é o grupo prioritário”, afirma o médico.

A expectativa é que os números caiam nas próximas semanas, com o aumento da temperatura. “É importante dizer que ainda não entendemos completamente o comportamento da Covid fora do auge da pandemia. Já tivemos aumentos de picos em períodos de calor, mas não apenas a temperatura é importante. Se tivermos um inverno com mais confinamento, facilita a transmissão. Por outro lado, no calor, há mais dispersão e circulação das pessoas, o que também aumenta a transmissão”, explica.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, as internações por Covid caíram —de 3.396, em 2023, para 1.696 em 2024. Já as hospitalizações por gripe aumentaram de 817 para 2.053. Não houve um aumento significativo nas hospitalizações por VSR no período (de 1.158 para 1.213).

Na capital paulista, a Srag por Covid mostrou aumento nas internações de junho a 10 de setembro de 2024 e também se comparado ao ano passado.

No acumulado do período acima, foram 623 internações —72 em junho, 118 em julho e 376 em agosto. Em setembro, até o dia 10, foram registradas 57. Em 2023, no mesmo recorte, houve 490. A doença apresentou alta nas internações de 27,1% na comparação entre o acumulado dos dois anos.

Quanto à gripe, também de junho a 10 de setembro deste ano, houve 435 hospitalizações. A maior parte ocorreu em junho (177). Julho, agosto e setembro (até o dia 10) contabilizaram 141, 99 e 18, respectivamente. No mesmo período do ano passado, foram 236 notificações. As hospitalizações cresceram 109,7%, na comparação de 2024 com 2023.

Por VSR é observada queda de 32,2% em 2024 quando comparado a 2023. Neste ano, no total, foram 364 internações –235 em junho, 89 em julho, 35 em agosto e cinco em setembro. No mesmo período de 2023, a capital somou 537. Das 364 hospitalizações em 2024, 313 referem-se às crianças de 0 a 5 anos, o equivalente a 85,9%.

O aumento de internações é um reflexo da alta de casos. Andrea Almeida, infectologista do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual) afirma que o aumento da Covid está relacionado a questões climáticas –a mudança abrupta do calor intenso para o frio – e à falta de investigação dos sintomas.

“É cultural. As pessoas estão gripadas e continuam circulando doentes. Elas não sabem a diferença de uma rinite –porque o tempo está muito poluído– de um quadro respiratório, e não procuram saber se estão uma infecção”, diz Almeida.

A médica aconselha os idosos, as crianças e as pessoas com comorbidades a se isolarem, usarem máscara e procurarem uma unidade de saúde para diferenciar os sintomas, como por exemplo, uma rinite da Covid ou influenza.

PATRÍCIA PASQUINI E JULIANA MATIAS / Folhapress

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