Afastamento de diretora que dispensou alunos em dia de fumaça gera críticas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O afastamento da diretora de uma escola estadual de Cotia, na Grande São Paulo, é alvo de críticas de pais, alunos e professores, que pedem o retorno da educadora ao cargo.

Nos dias 11 e 12 de setembro, a escola Zacarias Antônio da Silva interrompeu as aulas do período noturno por causa da fumaça que atingiu parte da cidade. Na ocasião, a Folha de S.Paulo mostrou que outras unidades da região suspenderam as atividades letivas nesses dois dias por conta do avanço do fogo.

Segundo o dirigente de ensino de Carapicuíba, diretoria à qual a escola está subordinada, a diretora foi afastada do cargo por não ter “comunicado previamente” a decisão de paralisar as atividades.

Um abaixo-assinado online criado na terça (17) contra o desligamento da diretora reúne mais de 4.000 assinaturas. Cerca de 1.700 foram incluídos nesta quinta. O texto reivindica a recondução da professora à função de diretora.

A carta argumenta que a dispensa aconteceu no período noturno, em dias de muita poluição do ar e quando havia fumaça devido a focos de incêndio próximos à escola.

“Foi, portanto, uma atitude de bom senso para preservar a saúde dos estudantes. O desligamento da diretora é arbitrário e atenta contra o bom funcionamento da escola”, afirma.

A petição foi criada pela Apeoesp, sindicato de professores da rede estadual, de Cotia, mas é apoiada por professores, alunos e pais. “Fui buscar minha filha, após o telefonema dela dizendo estar insuportável, e pude comprovar quando cheguei. Fez muito bem dispensar os alunos. Se estava ruim para mim, imagina para quem tem problemas respiratórios”, diz um dos comentários.

Alguns estudantes e responsáveis também criaram a página no Instagram Zacarias Quer Justiça e um grupo do WhatsApp. “A decisão de afastar a diretora Iris parece extremamente injusta, considerando que a ausência de comunicação formal ocorreu em um momento de emergência, fora do horário de expediente da Diretoria de Ensino de Carapicuíba”, escreve nota pública feita pelo perfil.

O movimento também chegou à Assembleia Legislativa São Paulo. O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) pediu a convocação do dirigente regional de ensino de Carapicuíba, Hilton Silva, para esclarecer o afastamento.

O documento cita a manifestação dos professores e alunos contra a justificativa dada pelo gestor para o afastamento e a reportagem da Folha publicada na terça, que repercute o caso.

Por fim, o texto considera a medida “autoritária e injusta” e que não pondera a indicação no “top 100 de escolas de São Paulo”, em uma premiação da própria Secretaria de Estado da Educação.

Em nota, a Secretaria da Educação de São Paulo afirma que instaurou um procedimento para avaliar todas as circunstâncias relativas ao caso. “Constatada qualquer irregularidade, os envolvidos serão responsabilizados, conforme as diretrizes estabelecidas pela pasta”, diz em nota.

MINISTÉRIO RECOMENDA SUSPENDER AULAS EM CASOS CRÍTICOS

O MEC (Ministério da Educação) divulgou nesta semana orientações para ajudar as escolas a lidarem com situações de queimadas e poluição do ar.

Entre as medidas listadas estão evitar atividades ao ar livre, incentivar a hidratação e fechar janelas e portas em períodos críticos de poluição no entorno.

A suspensão das aulas é apontada pela pasta como “última alternativa”, em casos de qualidade do ar muito ruim ou péssima. Nesse caso, é preciso avaliar junto com a comunidade as condições de biossegurança do ambiente escolar.

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DIRETRIZES DO MEC PARA AS ESCOLAS PARA LIDAREM COM QUEIMADAS E POLUIÇÃO DO AR

1 – Evitar atividades ao ar livre

Em dias de alta poluição, mantenha atividades como educação física e recreios em ambientes fechados e bem ventilados. Reduza ao máximo as atividades ao ar livre para minimizar os riscos.

2 – Realizar atividades em espaços internos

Promova atividades internas, como jogos educativos, leitura, debates sobre o meio ambiente e a saúde, além de atividades artísticas. Essas alternativas ajudam a manter o engajamento dos alunos sem expô-los a condições adversas.

3 – Incentivar a hidratação

Reforce a necessidade de beber bastante água e líquidos. Peça que os alunos sempre tragam garrafas de água e façam pausas regulares para hidratação, já que a água ajuda a eliminar toxinas do corpo e a manter as vias respiratórias protegidas.

4 – Fechar as janelas e as portas durante os períodos críticos de poluição externa

Mantenha a ventilação e a umidade do ar internas controladas, com uso de ventiladores e umidificadores sempre que possível.

5 – Orientar e monitorar sintomas de saúde

Saiba como identificar sintomas de exposição à poluição. Em caso de náuseas, vômitos, febre, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas na cabeça, no peito ou no abdômen, busque atendimento médico.

MEDIDAS ADICIONAIS PARA GARANTIR SEGURANÇA E PROTEÇÃO

1 – Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Incentive a utilização de máscaras para alunos e funcionários que precisarem sair ao ar livre durante picos de poluição. Oriente sobre a importância e o uso adequado das máscaras para proteção respiratória.

2 – Identificação de áreas seguras

Crie “refúgios” internos com melhor qualidade do ar para alunos com problemas respiratórios. Utilize filtros de ar de alta eficiência, se disponíveis, para melhorar a qualidade do ar nesses espaços.

3 – Comunicação com a comunidade

Estabeleça parcerias com autoridades de saúde e de meteorologia para obter informações atualizadas sobre a qualidade do ar. Mantenha os pais informados sobre a situação e as medidas adotadas pela escola e ofereça orientações para proteger as crianças.

4 – Educação sobre poluição e saúde

Promova atividades educativas que ensinem aos alunos os efeitos da poluição do ar e a importância de proteger o sistema respiratório.

5 – Limpeza das instalações

Reforce a limpeza das áreas internas da escola para reduzir a presença de partículas poluentes. Utilize aspiradores com filtros, se disponíveis, para minimizar a dispersão de poeira e alérgenos.

6 – Suspensão das aulas presenciais

Considere a suspensão das aulas apenas como última alternativa, em casos de qualidade do ar “muito ruim” ou “péssima”, avaliando, junto à comunidade, as condições de biossegurança do ambiente escolar.

DIEGO ALEJANDRO / Folhapress

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