SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os servidores dos Correios no Acre suspenderam as entregas nesta sexta-feira (20) devido à poluição extrema causada pela fumaça das queimadas que cobrem o estado. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Acre (Sintect-AC) anunciou uma “greve ambiental” em um comunicado ao público.
A presidente do Sintect-AC destaca na nota os riscos à saúde dos trabalhadores expostos a essas condições. Após consulta aos filiados, os serviços foram interrompidos até que a qualidade do ar melhore.
Segundo o sindicato, a greve é respaldada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que reconhece o direito à greve ambiental quando há riscos iminentes à saúde e segurança dos trabalhadores. Durante a greve, os servidores atuarão internamente e seus salários não poderão ser cortados.
No ofício assinado pela presidente do Sintect-AC, Suzy Cristiny, ela informa que a deflagração da greve é motivada pela situação crítica. A categoria exige a disponibilização de máscaras N95, adequadas para filtrar partículas de forma eficaz.
Os Correios foram procurados na noite deste sábado, mas não se manifestaram até a publicação deste texto.
Na última semana, o Índice de Qualidade do Ar (AQI US) em Rio Branco, capital do Acre, chegou a 264, de acordo com a IQAir, empresa suíça especializada em monitoramento da qualidade do ar. Esse nível é considerado extremamente prejudicial à saúde, classificando o ar como “muito insalubre”.
Na sexta-feira a situação ainda era preocupante, com o AQI marcando 173, o que ainda é considerado “insalubre” para a cidade. No início do mês, esse nível atingiu 550, que equivale a 350,9 ?g/m³, o que significa que, em cada metro cúbico de ar, há 350,9 microgramas de partículas poluentes (como poeira fina).
Para comparar, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o limite seguro seja 15 ?g/m³, ou seja, 350,9 ?g/m³ é mais de 20 vezes o limite considerado saudável. Isso indica um ar extremamente poluído e perigoso para a saúde.
O governo do Acre suspendeu as aulas presenciais nas escolas do estado na sexta e neste sábado em razão da má qualidade do ar. ” A suspensão das atividades permanece até nova deliberação. O governo continuará realizando o monitoramento contínuo dos parâmetros de qualidade do ar, e novas orientações serão emitidas, conforme a evolução dos índices”, afirma publicação da Secretaria de Educação e Cultura.
O tempo seco e a fumaça têm um impacto significativo na saúde, especialmente nas vias respiratórias. Especialistas como o pneumologista Luiz Renato Alves e a secretária da Saúde de Ribeirão Preto, Jane Cristina, destacam que a exposição a partículas finas e gases poluentes, como dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, provoca desconforto nas vias aéreas.
Esse desconforto pode agravar condições respiratórias preexistentes, como asma e bronquite, aumentando o risco de crises e complicações.
A baixa umidade desidrata as mucosas nasais, que têm um papel crucial na filtragem e umidificação do ar. Com a mucosa comprometida, mais poluentes conseguem penetrar nos pulmões, aumentando o risco de inflamações e outras doenças respiratórias.
Para se proteger da fumaça e do ar seco, as principais recomendações incluem:
Hidratação: Beber bastante água para manter as mucosas hidratadas. Lavagem nasal: Usar soro fisiológico para umedecer e limpar as mucosas, ajudando a remover sujeiras e reduzir a inflamação. Umidificadores: Utilizar umidificadores de ar para aumentar a umidade, fazendo a higienização regularmente para evitar mofo. Uso de máscaras: Utilizar máscaras para criar uma barreira contra poluentes e partículas da fumaça. Nebulização: Pode ser benéfica, especialmente com soro fisiológico, mas deve ser usada com cautela por pessoas com doenças respiratórias. Ar-condicionado: Se necessário, utilizar ar-condicionado em conjunto com um umidificador, já que o ar-condicionado tende a reduzir a umidade. Ambiente fechado: Manter a casa fechada durante situações de fumaça intensa para evitar a entrada de poluentes. Cuidados para grupos vulneráveis: Pessoas com problemas respiratórios crônicos devem ter cuidados adicionais, incluindo manter o tratamento regular e seguir as medidas de proteção mencionadas.
Redação / Folhapress
