Show zoneado de rock tem melhor plateia do Dia Brasil do Rock in Rio

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Depois de trap, MPB, funk, pop e rap, só restava neste sábado, 17, –que atrasou tanto que virou domingo– o gênero que batiza o Rock in Rio, que celebrou 40 anos em um ousado dia dedicado à música brasileira e reuniu dezenas de artistas para cantar seus hits nos palcos do festival.

O horário principal da noite do chamado “Dia Brasil”, tradicionalmente reservado às atrações mais aguardadas e entregue aos representantes roqueiros, foi inevitavelmente prejudicado pela sequência de atrasos que começou já à tarde, por causa de problemas técnicos no show de trap.

Se fosse formado por outro elenco, talvez o show tivesse tido mais ares de “restoliner”, mas acontece que o Rock in Rio até que conhece o seu público –e prova disso foi a recepção dada pela entrada de Dinho Ouro Preto.

Munido dos maiores hits do Capital Inicial, ele reviveu uma plateia que havia passado por poucas e boas, incluindo uma chuvinha e o cancelamento de participações que estavam confirmadas.

“Natasha” e “A Sua Maneira” arrancaram coros, fez pessoas aparecerem chorando no telão e levantou milhares de mãos para o alto, brilhando com as pulseirinhas de LED distribuídas pelo festival.

“Galera, vocês estão ligados que um show acontece aqui em cima e aí embaixo. Rola uma espécie de uma cumplicidade em que a eletricidade sai daí e vem para cá”, disse Dinho, fazendo a plateia cantar o refrão inteiro de “Primeiros Erros”, e entregando o comando do show para Toni Garrido.

Foi um trecho com três canções clássicas do Cidade Negra, que transformou brevemente a apresentação em um reggae romântico, fazendo casais se beijarem na plateia.

Pitty pegou o climinha e aproveitou para fazer uma transição sutil emendando sua maior balada, “Equalize”, e puxou o rock de volta para o palco –embora tenha evitado hits mais enérgicos e ficado em “Na Sua Estante” e “Me Adora”, essas também cantadas com vigor pelo público.

A baiana disse que viu a primeira edição do Rock in Rio, em 1985, numa TV pequena, que nem pegava direito, e passou a sonhar com aquele lugar em que todo mundo vivia de música. Fez menção a essa lembrança tentando reproduzir o grito acompanhado da plateia que Freddie Mercury comandou naquela estreia, no show do Queen.

Momentos como os com Rogério Flausino, que tocou as maiores canções de amor do Jota Quest, reforçaram uma sensação que persistiu em boa parte do show –a de um clima de festa de exposição agropecuária de cidade pequena ou de uma formatura. Mas isso foi fundamental para sustentar esse show específico.

Boa parte dos artistas também escolheu se concentrar em suas baladas, ou em versões mais contidas de seus sucessos –provavelmente pela ausência de seus músicos. Criou-se, daí, um efeito de compilado das mais lentas canções do rock de rádio brasileiro.

Detonautas e Nx Zero mudaram tudo nesse aspecto. Tico Santa Cruz entrou no palco com um “vamo animar, porra” e, ao lado de Di Ferrero, do Nx Zero, cantou “Outro Lugar” com rodinhas de pogo e cerveja jogada pro alto.

Depois, Di voltou com o resto da sua banda para “Só Rezo”, e chamou Dinho Ouro Preto para um encontro de gerações ao som de “Razões e Emoções”.

No fim, encerraram a apresentação na companhia de Rogério Flausino com uma versão improvisada de “Por Enquanto”, de Cássia Eller. Pitty apareceu no fim, dizendo que chegou “atrasadinha” e agradecendo pela noite especial.

O show dedicado ao rock sofreu com várias falhas técnicas, algo que também aconteceu em outros momentos do dia, como o dedicado à MPB. Microfones pararam de funcionar e a banda demorou a entrar –ou errou a entrada– em algumas músicas, o que atrapalhou o ritmo do especial.

Mas a apresentação, com setlist montado a partir de músicas que se tornaram parte do repertório musical básico brasileiro ao longo dos anos, sustentou a plateia e a manteve bem acordada, reagindo a absolutamente tudo o que era cantado ou proposto. Foi certamente a melhor recepção do dia –e obviamente acabou com gritos de “eu não vou embora, mesmo às 3h40.

LAURA LEWER / Folhapress

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