SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, acusou Israel de tentar arrastar o Oriente Médio para uma guerra em larga escala ao atacar o Líbano e alertou para as “consequências irreversíveis” dessas ações nesta segunda-feira (23).
“Não desejamos ser a causa da instabilidade no Oriente Médio, pois suas consequências seriam irreversíveis. Queremos viver em paz, não em guerra”, disse ele a jornalistas após chegar a Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que tem início nesta terça (24). “É Israel que está tentando criar esse conflito total.”
Moderado, Pezeshkian prometeu uma política externa pragmática ao ser eleito presidente do Irã, em julho.
Seu apelo para resolver a guerra Israel-Hamas por meio do diálogo nesta segunda acontece depois de os israelenses realizarem intensos ataques aéreos contra o Líbano nesta segunda. Seu alvo eram os combatentes do Hezbollah, facção que tem no Irã um de seus maiores fiadores.
“Defenderemos qualquer grupo que esteja defendendo seus direitos e a si mesmo”, disse Pezeshkian ao ser questionado se Teerã entrará no conflito entre Tel Aviv e o Hezbollah.
A política regional do Irã é definida em última instância pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
De todo modo, Pezeshkian vem reiterando a postura anti-Israel do Irã e seu apoio aos movimentos de resistência em toda a região desde que assumiu a Presidência.
Questionado se seu país pretendia retaliar contra o assassinato de Ismail Haniyeh, líder da ala política do grupo terrorista Hamas, ocorrem seu país no final de julho, ele respondeu: “Responderemos no momento e no local apropriados”.
Embora o Estado judeu não tenha admitido a autoria da ação, tanto o Irã quanto o Hamas o culpam pela operação, o que intensificou os temores de um conflito direto entre Teerã e Tel Aviv. Até o momento, porém, não houve nenhuma ação nesse sentido.
Três funcionários do alto escalão iraniano disseram à agência de notícias Reuters em agosto que Teerã travou um diálogo intenso com os Estados Unidos e outros países ocidentais para calibrar essa retaliação.
Além de tratar da guerra Israel-Hamas, o presidente do Irã também mencionou o conflito entre Ucrânia e Rússia ao falar aos jornalistas. Assim como outras autoridades do país fizeram antes dele, ele negou que seu país esteja fornecendo mísseis a Moscou –a nação liderada por Vladimir Putin passou a usar drones iranianos Shahed-136 em grande escala em 2023, depois substituindo-os por uma versão russa, o Gerânio-2.
“Estamos tentando nos sentar para dialogar e negociar com os europeus e americanos. Nunca apoiamos a agressão da Rússia ao território da Ucrânia”, disse Pezeshkian.
Redação / Folhapress