SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ainda distante do prestígio que tinha antes de uma série de acusações de compra de votos, corrupção e clubismo implodir o prêmio, o Globo de Ouro vê mais uma vez a sua credibilidade ser posta em xeque.
Nesta terça-feira (24), portais americanos como o The Wrap revelaram que seus organizadores, junto com a revista Variety, pertencente ao conglomerado de mídia que controla a premiação, passaram a oferecer aos estúdios de Hollywood que paguem por jantares sofisticados para alguns dos votantes.
Nos eventos, o estúdio contratante do serviço poderia levar seus astros para uma conversa com cerca de 30 a 40 membros do Globo de Ouro, em que falariam sobre o filme ou série que pretende ganhar espaço na temporada de premiações americana.
Procurado pelo The Wrap, o conglomerado Penske Media Corporation, dono da Variety e de uma fatia do Globo de Ouro, ao lado da Eldridge Industries, afirmou que a revista não está vendendo jantares diretamente ligados ao Globo de Ouro. A Penske também é dona de revistas especializadas como a The Hollywood Reporter e a Deadline.
“As informações foram divulgadas sem qualquer pedido de comentário pela Variety ou qualquer verificação de que os documentos aos quais esses portais tiveram acesso são verídicos. Os documentos foram desviados, não estão em circulação, e foram publicados por sites que querem enganar e desinformar”, disse um representante ao The Wrap.
Ele ainda afirmou que a Variety promove jantares entre membros da indústria e com a presença de votantes de premiações há anos, e que as acusações de agora não passam de desinformação propagada por veículos que “tentaram e falharam ao replicar nossa cobertura e nossos eventos da temporada de premiações”.
Os jantares, rotulados por membros da indústria ouvidos pelos portais The Wrap e The Ankler como um leilão para obter acesso aos votantes do Globo de Ouro, são descritos, nas imagens divulgadas, como “uma maneira inteligente, sofisticada e elegante de pôr o seu filme na cabeça dos votantes”.
As imagens do que parece ser um panfleto trazem ainda o logo da Variety, que apesar de ter dito se tratar de um conteúdo que não está em circulação, não afirmou se ele é, de fato, falso. Os painéis seguidos de jantares seriam ofertados por US$ 70 mil, cerca de R$ 382 mil, a estúdios de Hollywood.
Publicitários ouvidos pelos sites acreditam que a estratégia é apenas uma forma menos agressiva de viabilizar a compra de votos na premiação. Eles também dizem, porém, que é difícil pensar em estúdios que tenham orçamento para comprar jantares suficientes para que um filme ou série seja beneficiado. A exceção seriam plataformas de streaming como a Netflix.
Após a dissolução da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, fundadora do Globo de Ouro, a premiação tenta reconquistar sua credibilidade, mas vem acumulando novas polêmicas.
Além dos jantares, a notícia de que filmes e séries que pretendam ser indicados devem ser disponibilizados numa plataforma de streaming própria sob a taxa administrativa de US$ 5.000, cerca de R$ 27 mil, teria irritado executivos de estúdios.
Com os jantares, agora, o medo é que o Globo de Ouro caminhe novamente para a falta de transparência e de ética em suas políticas internas. Ainda segundo o The Wrap, os 334 votantes não foram informados sobre esses eventos, mas o regulamento atual permite que eles sejam contratados para participações do tipo.
Redação / Folhapress