Rota dos Cristais será leiloada nesta quinta (26) e terá disputa entre 4 concorrentes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo federal vai leiloar nesta quinta-feira (26) o trecho da BR-040 chamado de Rota dos Cristais, que liga Belo Horizonte a Cristalina (GO). Com investimentos de R$ 6,4 bilhões previstos pela ANTT (Agência Nacional do Transportes Terrestres), a concessão tem quase 600 km de extensão.

Segundo pessoas envolvidas no negócio ouvidas pela reportagem em condição de anonimato, o leilão deve receber propostas da CCR e do grupo francês Vinci, companhias mais consolidadas no segmento brasileiro de infraestrutura, além do BTG -que participará por meio de um fundo do banco- e da novata 4UM, que no fim de agosto fez sua estreia no setor ao arrematar a chamada Rodovia da Morte (BR-381, em Minas Gerais).

Duas das pessoas consultadas disseram que a participação da gestora de investimentos 4UM deve ocorrer como um consórcio em conjunto com a gestora Opportunity. As duas administradoras foram rivais no certame que concedeu a BR-381 no fim de agosto. Na ocasião, a Opportunity desistiu de ofertar novos descontos sobre a tarifa durante o viva-voz -quando os proponentes vão aumentando suas propostas-, e a 4UM saiu vencedora após oferecer desconto de 0,94% sobre a tarifa básica de pedágio.

A 4UM concluiu no mês de agosto a estruturação de um fundo de investimento em participações, o “4UM FIP-IE I”, para atuar nos leilões de rodovias. Entre os cotistas do fundo, estão as famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser, acionistas das empresas MLC, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia.

Já o grupo francês Vinci administra, no Brasil, sobretudo, concessões de aeroportos do Norte, como os terminais de Rio Branco, Manaus, Boa Vista e Porto Velho. A companhia também atua no aeroporto de Salvador.

No Sudeste, a Vinci Highways, pertencente ao grupo francês, finalizou em maio do ano passado a aquisição de 55% de participação na Entrevias, concessionária responsável por 570 km de rodovias em São Paulo.

O grupo Vinci, a Opportunity e o BTG não quiseram comentar. A reportagem não conseguiu contato com a 4UM.

À reportagem, o Grupo CCR disse que “analisa todas as oportunidades nas três plataformas (rodovias, aeroportos e mobilidade urbana) em que atua, sempre com seletividade e buscando a criação de valor sustentável.”

A Rota dos Cristais recebe esse nome por causa de Cristalina, também conhecida como cidade dos cristais. Segundo a prefeitura do município, bandeirantes encontraram cristais de rocha no local, em 1797. Por um tempo, a economia da cidade ficou voltada à exploração de cristais, mas hoje é fortemente dependente do setor agrícola e tem destaque na produção de grãos, além de abrigar um polo de produção de alimentos, com indústrias de marcas como Fugini e Bonduelle.

O leilão da Rota dos Cristais segue a nova modelagem adotada pelo governo Lula, na qual os interessados dão lances de desconto em relação à tarifa básica de pedágio. Se o corte na tarifa proposto for maior do que 18%, a concessionária terá de fazer um depósito financeiro, que garante o cumprimento das obras previstas na concessão. O montante a ser depositado depende do tamanho do desconto oferecido.

O novo modelo tenta tornar os projetos mais sustentáveis financeiramente e atrair mais concorrentes. Nos últimos anos, o setor registrou certames com poucos participantes. Por exemplo, a BR-381, conhecida como Rodovia da Morte, foi leiloada em agosto, na quarta tentativa, após certames frustrados anteriormente.

Além da BR-381, o governo já fez outros três leilões seguindo essa modelagem. O primeiro deles, em agosto do ano passado, concedeu 473 km de rodovias no Paraná para o Infraestrutura Brasil Holding XXI. O consórcio, controlado pelo Grupo Pátria, ofereceu um desconto de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado.

No mês seguinte, o Consórcio Infraestrutura PR (associação entre as companhias EPR e Perfin Voyager) arrematou 605 km de estradas no Paraná após oferecer 0,08% de desconto na tarifa.

Em abril deste ano, o trecho da BR-040 que liga Belo Horizonte a Juiz de Fora (MG) foi arrematado pelo Consórcio Infraestrutura MG, parte do grupo EPR, que propôs desconto de 11,21% na tarifa de pedágio. O leilão marcou a primeira vez que uma rodovia da lista dos chamados “contratos problemáticos” –que estão em processo de devolução à União– foi relicitada.

PAULO RICARDO MARTINS / Folhapress

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