RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), faz sua quarta campanha eleitoral à prefeitura incorporando no arco de alianças boa parte dos adversários na sua primeira vitória, em 2008. Das 11 chapas concorrentes nas eleições municipais há 16 anos, 7 têm representantes que o apoiam em 2024.
Em 2008, Paes, então no PMDB –partido que governava o estado com Sérgio Cabral–, obteve vitória apertada no segundo turno contra Fernando Gabeira, candidato do PV. A diferença foi de 55.225 votos.
Se vencer a segunda reeleição, Paes se tornará o prefeito do Rio com mais mandatos na história. Ele e Cesar Maia acumulam três gestões cada.
Fusões, federações e mudanças na relevância de partidos no cenário nacional colocam as eleições de 2008 e 2024 em contextos diferentes, mas parte das personagens daquele pleito seguem ativos na política da capital fluminense.
A eleição carioca de 16 anos atrás foi pulverizada após três mandatos de Cesar Maia (1993-1996, 2001-2004 e 2005-2008) e um de Luiz Paulo Conde (1997-2000), eleito quando era aliado de Maia.
Desgastado após quase duas décadas à frente da prefeitura, Maia apostou na candidatura de Solange Amaral, então no DEM. Solange e Paes foram subprefeitos de Cesar Maia na década de 1990.
Maia, que lançou Paes na política, era àquela altura desafeto do ex-pupilo. Eles voltariam a se aproximar dez anos depois, em 2018.
Solange terminou o primeiro turno em sexto, com 3,9% dos votos, ante 31,9% de Paes e 25% de Gabeira.
Gabeira deixou a carreira política e é comentarista na GloboNews. O candidato a vice na chapa de Gabeira, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, então no PSDB, é hoje deputado estadual e colega de partido de Paes. Ele é líder do PSD na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
“Naquele momento histórico, Paes aglutinou no segundo turno forças políticas da cidade em torno da candidatura dele. Essa capacidade de aliança pesou. A candidatura do Gabeira teve uma expressão eleitoral muito forte na zona sul, e a do Eduardo Paes foi mais forte nos subúrbios e zona oeste”, avalia Luiz Paulo.
Vinicius Cordeiro, candidato em 2008 pelo PT do B, foi secretário de Paes na atual gestão, assessor especial da prefeitura e é candidato a vereador pelo Cidadania.
Filipe Pereira, que há 16 anos concorria à prefeitura pelo PSC, é presidente estadual do Podemos, que está na coligação de Paes. O PDT, que disputou aquele pleito com o candidato Paulo Ramos, é outro aliado atual.
Solange Amaral saiu do holofote político após tentar, sem sucesso, uma cadeira de vereadora em 2016. A ex-deputada federal apoiou Paes em 2020 e permanece próxima ao grupo político do prefeito.
Candidatos à esquerda, Alessandro Molon, então no PT, e Jandira Feghali (PC do B) foram adversários em 2008 e hoje são aliados de Paes.
“Ele será candidato pela quarta vez, tem capacidade de aglutinação e sempre foi uma força política a favor da democracia. Em 2008, entravam muito mais em jogo as propostas e o perfil do candidato. Não contava muito a concepção ideológica”, afirma Luiz Paulo.
Dos quatro adversários de 2008 que não apoiam Paes na eleição de 2024, um deles é o hoje deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos) e outros três estão à esquerda: Eduardo Serra (PCB), Antônio Carlos Silva (PCO) e o deputado federal Chico Alencar (PSOL).
A definição do PMDB ao nome de Paes em 2008 foi titubeante. Primeiro, o ex-governador Sérgio Cabral firmou acordo com Cesar Maia. Depois, o PMDB ensaiou apoio ao nome de Alessandro Molon, então no PT. No mês da convenção, definiu, enfim, pelo nome de Paes.
Outra característica daquela eleição municipal foi a disputa pela figura de Lula por adversários plurais, especialmente Molon, Paes e Crivella. O bispo licenciado da Igreja Universal era do PRB, partido do então vice-presidente da República, José Alencar.
O antigo PRB, hoje Republicanos, apoia em 2024 Alexandre Ramagem (PL), candidato de Jair Bolsonaro (PL).
Além de sete adversários de 2008, Paes tem também como aliado o presidente da Embratur Marcelo Freixo, oponente na eleição de 2012. Derrotado por Paes enquanto estava no PSOL, Freixo é hoje um representante da aliança entre PT e prefeito.
A atual costura de Paes para receber apoio do PT, PC do B, PDT e PSB tem como contrapartida a manutenção da aproximação com Lula. O PT também deseja receber apoio do Executivo caso indique um nome para a presidência da Câmara do Rio.
Se na busca pela segunda reeleição Paes aglutina apoio de parte da esquerda, ele deixou para trás aliados de eleições anteriores, como o MDB, o Progressistas e o PSDB.
O MDB está na coligação de Ramagem (PL), apesar de ter vereadores que apoiam Paes. Progressistas e PSDB formaram a chapa de Marcelo Queiroz (Progressistas), candidato a prefeito com Teresa Bergher (PSDB) de vice.
YURI EIRAS / Folhapress