Investigação aponta ligações entre PCC e partido político em Araçatuba

Foto: Lázaro Jr. | Hojemais Araçatuba

Mensagens encontradas no celular de um homem de 29 anos, preso em maio pela Polícia Civil de Araçatuba, apontado como membro do PCC e chefe do tráfico de drogas no bairro Mão Divina, sugerem ligações entre representantes do partido Progressistas de Araçatuba e a locação de ônibus para uma manifestação contra o fim da saída temporária, ocorrida em Brasília. O ônibus teria partido de Araçatuba em 28 de abril, levando 45 passageiros para o protesto no dia seguinte.

A “Operação Ligações Perigosas”, deflagrada pela Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) no início de setembro, teve como objetivo investigar a possível infiltração do PCC na política local. A operação, uma das maiores realizadas na cidade, cumpriu 35 mandados de prisão e 104 de busca e apreensão. Entre os alvos estavam três homens ligados ao partido Progressistas, que concorre à prefeitura de Araçatuba nas eleições deste ano.

Durante a investigação, foram apreendidos celulares que continham mensagens de WhatsApp, onde supostos membros do PCC e outras pessoas discutiam a organização da viagem a Brasília. As mensagens indicavam que o chefe do tráfico local estava envolvido na locação dos ônibus e na coordenação de manifestantes da região, inclusive com apoio de pessoas ligadas ao Progressistas.

Além disso, foi encontrado no celular apreendido um diálogo que tratava da doação de 96 copos de água, supostamente realizada por um vereador de Araçatuba, Antônio Edwaldo Costa (União Brasil), que teria sido usada para abastecer o ônibus que partiu da cidade. O imóvel de onde os copos foram retirados foi alvo de busca, e o parlamentar foi preso em flagrante por posse de arma com numeração raspada, sendo liberado após pagar fiança.

Outro ponto importante da investigação diz respeito a mensagens que sugerem uma conexão direta entre o líder do tráfico e pessoas ligadas ao partido Progressistas. Em uma das conversas, o chefe do tráfico reclamava da falta de contato com representantes do partido para confirmar a locação dos ônibus, demonstrando uma possível ligação financeira entre as partes.

As autoridades ainda investigam a origem do dinheiro para o aluguel dos ônibus, que teria custado R$ 22 mil, e quem efetivamente financiou a viagem. A investigação também apontou que o PCC teria disponibilizado R$ 14 mil para cobrir despesas da viagem, com os manifestantes recebendo até R$ 300 cada para participar.

Até o momento, a polícia apreendeu cerca de R$ 21 mil em dinheiro com um dos investigados, além de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos que estão sendo analisados. A investigação segue em andamento, e as autoridades continuam a apurar as possíveis conexões entre o crime organizado e figuras políticas da cidade. O caso permanece sob segredo de justiça.

Os envolvidos não foram formalmente acusados, e o advogado de defesa de dois dos investigados preferiu não se manifestar sobre o caso. O responsável jurídico do partido também não comentou o ocorrido.

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