SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Faltando pouco mais de uma semana para a eleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem só 16% de seus eleitores considerados comprometidos com o candidato, isto é, com nível superior de apoio, convicção da escolha feita e maior entusiasmo para ir às urnas escolhê-lo.
Com 27% das intenções de voto no primeiro turno, Nunes está empatado tecnicamente na liderança com Guilherme Boulos (PSOL), que registrou 25% e tem o maior percentual de eleitores comprometidos: 37%. A solidez do voto é apontada pela campanha do PSOL como uma vantagem do deputado.
Pablo Marçal (PRTB) aparece a seguir, com 19% de intenção de voto e 27% de comprometimento. O dado reforça que o influenciador tem alguns dos eleitores mais engajados, como ilustram as imagens de apoiadores repetindo o bordão “faz o M” e fazendo com as mãos o gesto de apoio a ele.
No quadro geral, considerando eleitores de todos os candidatos, a taxa de comprometidos é de 21% (eram 22% há uma semana). Já os classificados como distantes correspondem a 20% (eram 22%). E os inclinados, que estão no meio-termo, são 59% (eram 56%). A classificação é feita pelo Datafolha.
O instituto ouviu 1.610 eleitores paulistanos de terça-feira (24) até esta quinta (26). Encomendado pela Folha de S.Paulo, o levantamento, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-06090/2024. O nível de confiança é de 95%.
Nunes também tinha 16% de comprometidos na pesquisa da semana passada. Os percentuais de distantes (26% antes para 21% agora) e inclinados (58% para 63%) tiveram variações dentro da margem de erro específica desse recorte para os três candidatos, que é de cinco pontos para mais ou menos.
As oscilações de Boulos e Marçal também aconteceram dentro do intervalo. O deputado do PSOL variou de 40% para os atuais 37% de comprometidos (distantes foram de 9% para 11%), e o influenciador passou de 30% para 27% de comprometidos (os distantes eram 16% e se mantiveram).
O Datafolha calculou o grau de afinidade dos eleitores a partir da combinação das respostas a quatro perguntas do levantamento.
Os eleitores classificados como comprometidos foram aqueles que: 1) mencionaram espontaneamente sua opção de voto na pesquisa; 2) confirmaram o nome preferido quando apresentada a lista de candidaturas; 3) disseram que seu candidato é o nome ideal, e 4) estão altamente motivados para votar.
Já os distantes foram aqueles que: 1) não mencionaram seu candidato na pergunta espontânea; 2) dizem escolhê-lo por falta de uma opção melhor, e 3) não indicaram alta motivação para votar.
A maioria dos eleitores foram considerados como inclinados -o meio do caminho. Esse grupo é composto pelos entrevistados que não preencheram ao menos um dos quesitos para serem classificados como comprometidos.
Isso significa que eles: 1) não responderam em quem pretendem votar na pergunta espontânea; ou 2) dizem que sua escolha se dá por falta de opção, ou 3) não se mostram motivados para a votação.
O desempenho de Nunes no critério de afinidade medido pelo Datafolha se soma a outros aspectos da pesquisa que indicam, na visão de adversários, fragilidade do voto declarado no emedebista.
O percentual de eleitores do prefeito que dizem votar nele porque é o candidato ideal é de 40%. A maioria (60%) responde, no entanto, que escolhe o postulante à reeleição por não ter opção melhor. Outro desafio é que 44% de seus eleitores não sabem o número que vão apertar na urna para apoiá-lo.
Além disso, Nunes tem pontuação de 16% na pesquisa espontânea (quando a lista de candidatos não é apresentada ao entrevistado) e, na estimulada, 32% dos que pretendem votar nele dizem que o voto ainda pode mudar -68%, por outro lado, respondem que estão totalmente decididos.
O cenário estimula Boulos e Marçal a tentarem avançar sobre o eleitorado do mandatário. Nunes continua patinando, por exemplo, entre as pessoas que dizem ter votado em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno contra Lula (PT) em 2022 -embora o ex-presidente oficialmente seja cabo eleitoral do prefeito.
Nunes marca 39% entre os bolsonaristas, enquanto Marçal registra 43%, num indicativo de que conseguiu capturar parte expressiva desse público ao encarnar a agenda do grupo com mais vigor do que o rival. Os dois seguem empatados dentro da margem de erro, que é de quatro pontos para esse recorte.
Vontade de votar
O Datafolha perguntou ainda sobre a vontade do eleitor de votar no pleito deste ano, em uma escala de 0 a 10. A média entre todos os entrevistados foi de 6, como nas três últimas rodadas da pesquisa.
Uma parcela de 37% respondeu estar com muita vontade de ir às urnas (eram 38% na semana passada). Na outra ponta, os que sinalizam estar com pouca vontade são 26% dos eleitores (totalizavam 25%). O primeiro turno será no dia 6 de outubro.
Os eleitores de Boulos são os que mais expressam muita vontade de ir votar (50%). Na sequência vêm os de Marçal (40%). Entre os de Nunes, a fatia de entusiasmados com o pleito é de 37%, um dos fatores que ajudam a explicar o tímido patamar de comprometimento.
JOELMIR TAVARES / Folhapress