PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A tarefa de recuperar livros e documentos encharcados pelas chuvas de maio no Rio Grande do Sul ganhou o reforço de técnicos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
O Labcon (Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos) da universidade catarinense recebeu na segunda-feira (30) uma carga de livros e partituras congeladas que foram levadas de Porto Alegre a Florianópolis por um veículo refrigerado.
A maior parte vem do Museu Professor Gustavo Koetz em Igrejinha, na região metropolitana de Porto Alegre. São mais de 150 cadernos com partituras do século 19 e livros vindos da instituição, que ficou sob 1,7 metro de água após a enchente no rio Paranhana. No local funcionava a biblioteca municipal, que teve 20 mil livros atingidos de um total de 26 mil.
Os especialistas, coordenados pelo professor e pesquisador da UFSC Cezar Karpinski, também vão tentar restaurar cerca de 50 livros raros da biblioteca pública de Camaquã, no sul do estado.
O congelamento impede a proliferação de fungos em papéis atingidos por água carregada de material orgânico, como enchentes e alagamentos.
A estratégia ajuda a ganhar tempo para a restauração, e foi utilizada para obras do acervo técnico do Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul) e do Museu Estadual do Carvão, em Arroio dos Ratos.
Os volumes ficarão armazenados em freezers durante os trabalhos no laboratório. Primeiro será feito o descongelamento, a secagem e a higienização dos livros e cadernos para, depois, iniciar o processo de restauração e acondicionamento. Os trabalhos devem iniciar no sábado (5), com a realização de testes químicos e biológicos em duas obras selecionadas.
A UFSC e o Arquivo Nacional prestaram apoio ainda no período das cheias para auxiliar remotamente em estratégias de conservação imediata de acervos no Rio Grande do Sul, dentre elas o congelamento dos documentos históricos.
As enchentes atingiram ao menos 100 mil livros, de acordo com a secretaria estadual de cultura do RS. Os danos no patrimônio cultural gaúcho incluem o alagamento de bibliotecas, museus e dezenas de instituições culturais.
CARLOS VILLELA / Folhapress