SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ex-prefeita Marta Suplicy (PT), candidata a vice de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo, curtiu e depois descurtiu um post de Tabata Amaral (PSB) que critica o voto útil no deputado federal do PSOL.
O post foi publicado na manhã desta quarta-feira (2) em tom de crítica à estratégia da campanha do psolista, que pede voto útil para evitar um segundo turno com dois bolsonaristas. Nesta semana, intelectuais e artistas lançaram um manifesto pedindo esse voto útil em Boulos.
Por volta das 15h35, Marta retirou a curtida. As assessorias dela e do candidato ainda não se manifestaram sobre o episódio.
Sobre a curtida no post, Tabata afirma que “tem muito carinho e amizade pela Marta”. “Ela é minha eleitora, votou em mim para deputada federal e foi uma das primeiras pessoas que eu conversei quando quis ser candidata a prefeita, mas não vale polemizar sobre questões partidárias.”
A candidata acredita que, se não fossem questões partidárias, Marta e Erundina votariam nela. “Ser a terceira prefeita de São Paulo vai ser uma grande honra, mas grande responsabilidade. Quando a cidade teve prefeita, cresceu demais. Fico feliz com a curtida.”
Tabata afirma que costumava conversar com Marta antes da campanha. “Mas, entendemos que era importante respeitar o momento”, diz.
Nesta quarta-feira, a quatro dias do primeiro turno, Tabata criticou a campanha de Boulos e disse ver “desespero” no pedido de voto útil no deputado e citou repasses milionários recebidos pela candidatura do rival.
A deputada federal, que aparece em quarto lugar nas pesquisas de intenção de votos, comemorou oscilação positiva em levantamentos recentes.
No divulgado na segunda-feira (30) pela Quaest, com margem de erro de dois pontos, ela registrou 11%, três a mais que na semana anterior. Já Boulos apareceu tecnicamente empatado com Ricardo Nunes (MDB, 24%) e Pablo Marçal (PRTB, 21%).
Em entrevista a jornalistas na região do Brás, a candidata do PSB criticou o deputado do PSOL, apontou nele falta de capacidade de diálogo e citou a arrecadação da campanha dele.
“É o desespero de uma candidatura que está com R$ 66 milhões de dinheiro declarado de campanha e estagnou”, afirmou ela. “Não consegue crescer porque uma coisa é fazer militância, levantar cartaz, outra é sentar como deputado ou prefeito, trazer o governador, o presidente e enfrentar os problemas reais que a cidade enfrenta.”
Tabata citou ainda que as pesquisas mostram que, em um eventual segundo turno, o psolista perde para Nunes.
A candidata do PSB já vinha criticando o chamado voto útil nas últimas semanas, mas intensificou os ataques a Boulos no último debate da Record, que aconteceu no sábado (28). Ela questionou o adversário sobre ter mudado de posição em temas como aborto e a situação política da Venezuela.
Boulos driblou e disse que governará para toda a cidade, não apenas para os que têm as mesmas ideias ou as do partido dele.
Na segunda-feira, no debate promovido pela Folha de S.Paulo e UOL, ela repetiu a estratégia e sugeriu a possibilidade de um descontrole nas contas públicas em uma eventual vitória de Boulos.
O candidato reagiu, disse que não ia reagir a esse tipo de ataque, e afirmou que ele e Tabata estão “do mesmo lado”.
“Eu acredito que você faz parte do campo progressista, do mesmo campo. Apesar das diferenças que a gente tenha, eu acredito que nós estamos do mesmo lado.”
A deputada federal aposta em um endurecimento no embate com Boulos na reta final da campanha na esperança de crescer nas pesquisas e tentar garantir uma vaga no segundo turno.
Em entrevistas, ela nunca diz quem deve apoiar no segundo turno, afirma que ainda tem esperanças de passar para a etapa seguinte e que, se isso não ocorrer, não vai fazer campanha para nenhum adversário, mas deve indicar o voto no “menos pior”.
ISABELLA MENON / Folhapress