SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vale e BNDES anunciam fundo de R$ 1 bilhão para empresas explorarem os tão falados minerais críticos, Petrobras volta à Africa e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (3).
**R$ 1 BILHÃO PARA OS MINERAIS CRÍTICOS**
A Vale e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vão aportar R$ 250 milhões cada um em um novo fundo com foco em minerais estratégicos.
A expectativa é que a participação atraia outros interessados para o fundo, que tem previsão inicial de captar R$ 1 bilhão para investir em até 20 empresas do setor.
O restante do valor será captado no mercado, e os investimentos terão início em 2025.
POR QUE IMPORTA
Minerais estratégicos, também conhecidos como minerais críticos, são elementos extraídos da natureza fundamentais para a indústria tecnológica, especialmente no setor de energia limpa.
Entre eles estão:
Níquel, lítio e grafite, usados principalmente em carros elétricos.
Alumínio, cobre e terras-raras, utilizados em turbinas eólicas.
Polissilício, prata e aço, empregados em painéis solares.
Fosfato, potássio e remineralizadores, essenciais para a fertilidade do solo agrícola, também estão incluídos no escopo do fundo.
Só se fala em lítio. O Brasil possui reservas da maioria desses minerais, mas carece de investimentos na infraestrutura de exploração.
O lítio, fundamental para baterias elétricas, é um dos recursos cuja exploração tem crescido, principalmente em Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha.
Atualmente, cerca da metade do lítio do mundo vem da Austrália. Mas a maior concentração é encontrada na Bolívia, na Argentina e no Chile o chamado “triângulo do lítio”, onde é extraído de salmouras em lagoas de evaporação.
Embora as quantidades conhecidas do Brasil sejam menores, as de Minas Gerais são de maior pureza, tornando o Brasil relevante.
EFEITOS NA GEOPOLÍTICA
O governo dos Estados Unidos pretende anunciar, na cúpula do G20 em novembro, um acordo de transição energética no qual o Brasil seria o fornecedor preferencial desses minerais críticos para os americanos.
Os EUA buscam reduzir sua dependência das cadeias de suprimentos da China. A estratégia americana é transferir para países aliados o fornecimento desses minerais.
Atualmente, a China responde por 60% da produção global e 90% da exportação de terras-raras, além de 77% da produção de grafite e 88% do magnésio.
Transição na Vale: a mineradora brasileira, que é a empresa de maior valor de mercado na Bolsa, tem investido na redução de emissões de carbono e em práticas ambientais com menor impacto social e ecológico.
Com o investimento no fundo, a Vale pretende avaliar a participação em alguns dos projetos.
Mas o foco atual é ampliar as operações de cobre e níquel, já presentes em seu portfólio.
Os rompimentos de barragens operadas pela Vale nas cidades de Mariana e Brumadinho, em 2015 e 2019, foram os maiores desastres ambientais do Brasil.
A empresa acaba de passar por uma mudança de comando após meses de indefinição.
↳ Gustavo Pimenta, o novo presidente, assumiu esta semana.
**PETROBRAS VOLTA À ÁFRICA**
A Petrobras decidiu investir mais uma vez na produção de petróleo na África, retomando uma estratégia encerrada durante o governo Temer.
A companhia adquiriu 10% de um bloco de petróleo da francesa TotalEnergies, localizado no mar da África do Sul.
Batizada de Orange, a região foi descoberta recentemente.
ESTRATÉGICO
A compra dessa fatia marca o retorno à política de internacionalização da Petrobras. Nos governos Temer e Bolsonaro, a empresa passou por uma grande mudança de estratégia.
Decidiu focar basicamente no pré-sal, onde via maior rentabilidade, e vender a maioria dos blocos menores, tanto dentro quanto fora do Brasil.
Em 2016, vendeu sua participação de 50% na empresa PO&GBV, parceria que tinha com o banco BTG, e que operava na Nigéria.
Antes disso, a Petrobras também atuou em Angola, Benin, Gabão e Namíbia.
FOCO TOTAL NO PETRÓLEO
Além disso, a estratégia anterior levou à venda de refinarias e à saída de setores, como distribuição com a privatização da BR Distribuidora, hoje Vibra , biocombustíveis e fertilizantes.
DE VOLTA
Neste governo Lula, a defesa do retorno aos investimentos nesses segmentos é clara.
A companhia mantém seu foco no pré-sal, mas avalia que precisa buscar novas áreas exploratórias no exterior para evitar o declínio de sua produção na próxima década.
Estima-se que o petróleo extraído no Brasil cresça em volume até 2030, levando o país a figurar entre os maiores produtores do mundo. Depois disso, a produção vai cair ano a ano.
A exploração de novos poços na Foz do Amazonas é a principal aposta da empresa para evitar o cenário.
POR QUE A ÁFRICA?
A Petrobras avalia que as semelhanças geológicas entre a costa oeste da África e as principais bacias brasileiras tornam os poços africanos uma alternativa promissora para ampliar suas reservas.
No final de 2023, a empresa comprou fatias de três blocos operados pela Shell em São Tomé e Príncipe, país africano que também teve descobertas recentes.
E A GASOLINA?
Até a semana passada, o mercado dava como certo um corte no preço do combustível vendido pela Petrobras, que vem registrando elevada diferença em relação às cotações internacionais do produto em meio à queda do petróleo.
O aumento dos conflitos no Oriente Médio, porém, alterou as expectativas, diante das incertezas quanto ao preço do óleo.
Nesta terça, o litro da gasolina nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,13 acima da paridade.
**TOYOTA DOBRA APOSTA NO CARRO VOADOR**
A Toyota decidiu aumentar seu investimento na fabricante de carros voadores Joby e colocou mais US$ 500 milhões (R$ 2,72 bilhões) para viabilizar o início da produção comercial.
Agora, o investimento total da montadora japonesa na empresa soma US$ 894 milhões (R$ 4,86 bilhões).
Mais sobre a Joby: com sede na Califórnia, é uma das várias startups desenvolvendo eVTOLs, veículos aéreos apelidados de carros voadores.
OS EVTOLs
Eles são opções elétricas de decolagem e pouso vertical, bem mais leves e silenciosos que helicópteros. O modelo é o da foto acima.
A ideia é utilizá-los para transporte de passageiros em viagens curtas em grandes cidades, funcionando como táxi aéreo.
Lilium, Wisk, eHang e Eve são outras empresas que apostam nos modelos pelo mundo. A Wisk foi criada pela Boeing, líder mundial em aviação, enquanto a Eve é da brasileira Embraer.
Alguns projetos mais sofisticados preveem a pilotagem autônoma ou à distância, sem piloto na aeronave.
NO AR?
Apesar dos projetos em andamento, o transporte precisa de regulamentação, que ainda passa por discussões iniciais no Brasil e no mundo.
As regras estão mais avançadas na China, onde a empresa eHang conseguiu a certificação do seu modelo e começa agora a produção em massa.
A empresa afirma que as viagens começarão no país em 2025. No Brasil, conseguiu autorização para voos de testes, sem passageiros.
O mercado potencial para os voos pode atingir US$ 1 trilhão até 2040, de acordo com o Morgan Stanley.
SIM, MAS…
A Joby ainda espera a certificação da autoridade americana e afirma que poderá iniciar as operações comerciais já em 2025.
O aporte da Toyota ajudará a acelerar a produção. Os veículos já realizaram diversos voos demonstrativos, como na cidade de Nova York.
POR QUE O INTERESSE?
A montadora japonesa começou a financiar a startup em 2020. Desde então, os projetos contam com a presença de engenheiros da Toyota no dia a dia. O objetivo é se manter próxima de novas tecnologias de transporte para mobilidade urbana.
As concorrentes Stellantis e Hyundai também têm investimentos em eVTOLs.
E NO BRASIL?
A Eve, startup da Embraer e outro nome de peso do setor, revelou seu primeiro protótipo de eVTOL em escala real em julho deste ano. Ela também tem autorização para voos de testes, mas ainda não os iniciou. Veja imagens do veículo.
O protótipo passará por uma série de testes em solo e deve fazer o primeiro voo até 2025. A empresa tem cerca de 3.000 veículos em pré-encomenda.
**STARTUP DA SEMANA: TRAG**
A startup oferece seguros a produtores rurais acionados por indicadores pré-determinados como volume de chuvas, dias de seca, velocidade do vento registrada
Os pacotes são personalizáveis e usam a inteligência artificial para definir os preços cobrados, a partir da leitura de dados de satélites.
EM NÚMEROS
Recebeu aporte de R$ 2 milhões em sua primeira rodada, de estágio seed. Entenda aqui os termos.
QUEM INVESTIU
A rodada foi liderada pela gestora de venture capital DOMO.VC com a participação de investidores-anjo do mercado.
QUE PROBLEMA RESOLVE
É uma opção com alta tecnologia no setor de seguros, garantindo análises mais objetivas e transparentes e contratos menos burocráticos aos produtores.
POR QUE É DESTAQUE
Os seguros baseados em indicadores bem definidos, chamados de paramétricos, são uma modalidade sem viés e sem a subjetividade das avaliações tradicionais do setor.
Outros exemplos são: temperatura registrada em tantos dias, percentual de área atingida por pragas e incêndios, etc.
Os contratos são feitos de forma menos burocrática via plataforma digital e ajudam a elevar a tecnologia da agropecuária brasileira.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
GOVERNO LULA
Governo atual pode chegar ao grau de investimento com limite de gastos, diz Moody’s. Vice-presidente para risco soberano da agência afirma que é preciso manutenção do crescimento econômico.
BANCO CENTRAL
Juro mais baixo depende de choque fiscal, diz Campos Neto. Chefe do Banco Central afirmou em evento que ajuste via inflação acarretaria transferência de renda entre pobres e ricos.
MERCADO
Âmbar, dos irmãos Batista, faz nova proposta para assumir Amazonas Energia. Novo plano prevê aporte de R$ 6,5 bi ainda neste ano para reduzir dívida da distribuidora e impacto menor aos consumidores.
BETS NO BRASIL
Bancos defendem limite no Pix para pagamentos de bets em reunião com Haddad. Entidade também propôs a criação de uma força-tarefa para avaliar impactos socioeconômicos das apostas.
VICTOR SENA / Folhapress