Horário de verão faz 93 anos no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil completa mais um ‘aniversário’ do horário de verão nesta quinta-feira (3). A “hora da economia de luz”, como era chamada, surgiu em 1931, com o então presidente Getúlio Vargas.

O decreto 20.466/31, que não implementou o sistema de forma definitiva, determinava que todos os relógios deveriam “avançados, de uma hora (sic), às 11 horas (hora legal) do dia 3 de outubro, e assim devem ser mantidos até ás (sic) 24 horas do dia 31 de março, quando voltará a prevalecer a hora legal”.

O horário especial foi sendo adotado esporadicamente até 1967. Só 18 anos mais tarde, porém, a hora a mais no verão foi implementada em definitivo.

Em 1985, durante uma estiagem que baixou muito os níveis de água dos reservatórios do DAE (Departamento de Água e Esgoto), foi decretado um racionamento que, previsto para durar oito dias, só se encerrou dois meses depois.

Paralelamente, foi adotado novamente o horário de verão, que permaneceu intacto por alguns anos.

Em 1988, o decreto deixou de incluir os estados do Acre, Amapá, Pará, Roraima e Rondônia, que ficam muito próximos da linha do Equador e, como consequência, a duração de seus dias e noites não tem grandes mudanças a depender da estação.

O horário de verão permaneceu, desde então, com pequenas variações nas datas de início e término e nos estados que o adotaram. Ele foi implementado em definitivo pelo decreto 6.558, de 2008, durante o segundo mandato de Lula como presidente.

Em 2019, foi novamente abolido por meio de decreto do então presidente Jair Bolsonaro.

Sua justificativa, confirmada por alguns estudos, foi a mudança no padrão de consumo de energia no país, com picos também durante o dia.

Em 2024, no entanto, o governo Lula está considerando voltar a adiantar os relógios em uma hora no início do dia durante o verão.

A medida foi recomendada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) em reunião com o governo em setembro. Se implementada, terá o objetivo de reduzir a demanda do sistema elétrico e sua pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas em meio à estiagem.

O Brasil vivencia período prolongado de seca, que afeta 1.400 cidades do país. As condições já elevaram a tarifa da energia elétrica no país, que utiliza agora suas usinas termelétricas —que geram energia a partir da queima de carvão— e cogita intensificar esse uso.

O retorno da medida também se justifica pela mudança na produção de energia elétrica no país desde 2019 —hoje, há uma maior produção de energia eólica e solar, que diminui ao final do dia, após o pôr-do-sol.

A ORIGEM DO HORÁRIO DE VERÃO

Criado na Inglaterra, o horário de verão remonta ao século 20. William Willett, um construtor do subúrbio londrino de Chislehurst, andava a cavalo em uma manhã de verão quando notou que as cortinas nas janelas das casas permaneciam fechadas.

Era uma forma de evitar que o sol, que nasce muito cedo por lá no verão, invadisse a casa antes do horário desejado. Ele, então, sugeriu que se adiantasse o relógio antes do verão —medida que já foi adotada por um quarto do planeta, incluindo os Estados Unidos.

Ele publicou um folheto sobre desperdício de luz do sol em 1907, sugerindo um adiantamento do relógio no Reino Unido dividido em quatro vezes, de 20 em 20 minutos, em abril. O retorno ao horário regular se daria da mesma forma em setembro.

O britânico pretendia, assim, aumentar as possibilidades de lazer, além de economizar energia elétrica. Apesar do apoio de diversas figuras, como Arthur Conan Doyle, criador do detetive Sherlock Holmes, e até mesmo Winston Churchill, na época presidente da câmara de comércio, a mudança sofreu muita resistência e só foi implementada após a morte de Willett por influenza em 1915.

A escassez de carvão após o início da 1ª Guerra Mundial pesava a favor da mudança, pois traria alívio ao sistema de energia, com a menor demanda de iluminação produzida a partir do insumo.

O primeiro país a adotar a medida foi a Alemanha, em 30 de abril de 1916. O Reino Unido foi o seguinte, menos de um mês depois, em 17 de maio.

A partir daí, muitos países europeus seguiram o exemplo, incluindo os Estados Unidos, que criaram a depois famosa expressão “adiantar na primavera, retroceder no outono”.

Países do hemisfério sul também entraram na onda, como o Uruguai, a Nova Zelândia, o Chile e Cuba.

A medida, no entanto, nunca deixou de ser polêmica —inclusive porque, apesar de aquecer alguns setores, como o comércio, os esportes e o turismo, deixa as manhãs mais escuras, o que prejudica quem acorda muito cedo, como agricultores, professores e crianças e jovens em idade escolar.

ANA BEATRIZ GARCIA / Folhapress

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