JERUSALÉM, ISRAEL (FOLHAPRESS) – A escalada da guerra no Oriente Médio, com o ataque do Irã contra Israel, fez os Estados Unidos reforçarem sua presença militar na região, projetando ali mais poder do que a grande maioria dos países do mundo têm como capacidade bélica total.
O objetivo é tentar dissuadir o Irã de entrar em um conflito total com Israel, maior aliado americano na região. Desde que sofreu o ataque terrorista do grupo palestino Hamas há um ano, Tel Aviv vive uma guerra em várias frentes, que agora foi escalada com a operação contra o Hezbollah, que inclui bombardeio e invasão terrestre do Líbano.
Na terça passada (1º), a musculatura militar americana não impediu que Teerã lançasse mísseis balísticos contra o Estado judeu pela segunda vez no ano, e na história. Mas o sucesso no abate de boa parte dos projéteis passou pela ajuda dos EUA: navios americanos no Mediterrâneo participaram da defesa.
Usualmente, o Comando Central dos EUA, que controlam forças cobrindo uma área de 21 nações, tem 34 mil militares estacionados no Oriente Médio.
Hoje, os americanos têm 43 mil, e esse número deverá passar a quase 50 mil com a chegada em breve do grupo do porta-aviões USS Harry Truman, que vem acompanhado de dois destróieres da classe Arleigh Burke e um cruzador da classe Ticonderoga.
O Truman pode carregar consigo até 90 aeronaves, pouco mais da metade caças. Além de operar o esteio da Marinha americana, o F/A-18 Super Hornet, é o primeiro porta-aviões com um esquadrão (usualmente 12 aviões) de F-35C Lightining 2, a versão naval do mais moderno avião do país, com capacidades furtivas ao radar.
Outro reforço anunciado após o ataque pelo secretário Lloyd Austin é o de caças de superioridade aérea F-22 Raptor, o primeiro da quinta geração a que pertence o F-35, mas mais poderoso. Um número incerto dele, do caça F-16 e do avião de ataque a solo A-10 Thunderbolt, mais conhecido pelo apelido de Javali, uma referência à brutalidade de seu equipamento e à falta de leveza no desenho.
Sua posição não é revelada, mas o coração das forças aéreas americanas na região é na base de Al-Udeid, no Qatar. Há na região cerca de 12 outras instalações militares principais dos EUA,
As forças que não impediram o Irã de atacar, mas que agora esperam a anunciada retaliação israelense sob risco de serem engolfadas na guerra, já eram substantivas. O Estado judeu em si tem capacidades de ataque a longa distância próprias.
Há no leste do Mediterrâneo um navio de ataque anfíbio, USS Wasp, com 4.000 fuzileiros navais, três destróieres e dois navios de apoio. No mar Vermelho, onde ameaça maior são os mísseis dos houthis do Iêmen, prepostos do Irã como o Hezbollah e o Hamas, há quatro destróieres e um navio de combate litorâneo.
Já no golfo de Omã está o porta-aviões USS Abraham Lincoln, da mesma classe do Truman, a Nimitz. Ele está acompanhado de um destróier e, além de seus caças, aviões de apoio e helicópteros, assim como o irmão-gêmeo tem mísseis ofensivos.
Com 11 grupos centrados nesses navios com propulsão nuclear, os EUA têm capacidade única de projeção de poder. Apenas um grupo tem muito mais capacidade de fogo do que toda Marinha e Força Aérea do Brasil, por exemplo.
Por fim, há em algum lugar mergulhado um submarino de propulsão nuclear da classe Ohio, feita parar lançar ataques atômicos a distâncias intercontinentais, mas modificados para o empego de até 154 mísseis de cruzeiro Tomahawk.
Cada destróier também carrega cerca de 90 mísseis, incluindo os modelos de cruzeiro. Já os navios da classe Ticonderoga levam até 122 armamentos do tipo.
IGOR GIELOW / Folhapress