Irmão de Gilmar Mendes vence eleição em Diamantino (MT)

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O candidato a prefeito Francisco Ferreira Mendes Júnior, o Chico Mendes (União Brasil), venceu as eleições para a prefeitura de Diamantino, a 182 km de Cuiabá. Com 100% das urnas apuradas, ele teve 56,52% dos votos válidos contra 43,48% de Carlos Kan (Novo).

Chico Mendes é irmão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, e concorreu ao cargo com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O apoio do ex-presidente e a influência política do clã Mendes deixaram Chico Mendes na condição de favorito na disputa contra Carlos Kan –eram apenas dois candidatos na cidade, que não teve representantes da esquerda na corrida pela prefeitura.

Com 22 mil habitantes, Diamantino é marcada pela onipresença do agronegócio. Fundada em 1728 e elevada a vila em 1820, é uma das cidades mais antigas de Mato Grosso e já foi o município com maior extensão territorial do estado, de onde se desmembraram outras 22 cidades.

A família Mendes tem tradição na política local. A cidade já foi governada pelo avô e pelo pai de Gilmar. O irmão, Chico Mendes, já foi prefeito entre 2001 e 2008 e agora volta à prefeitura para o seu terceiro mandato após um hiato de 16 anos sem concorrer a cargos eletivos.

Nos últimos anos, Diamantino se tornou um reduto de Bolsonaro, que teve 62% dos votos válidos na cidade em 2022. A cidade fica em uma região de transição entre a baixada cuiabana, com expressiva votação em Lula, e os municípios do chamado “nortão”, onde Bolsonaro teve adesão maior.

Acossado por investigações e com uma relação tortuosa com ministros do STF, Bolsonaro deixou de lado o bolsonarismo raiz na cidade para endossar a candidatura do irmão de Gilmar. O PL indicou o empresário Antônio da Carol como candidato a vice e doou R$ 300 mil para a campanha.

Chico Mendes é empresário do agronegócio e é dono de um patrimônio de R$ 56,4 milhões. Nos últimos anos, vinha atuando nos bastidores da política local.

Em entrevista à Folha, ele disse não embarcar no discurso bolsonarista, que classifica como extremo: “De repente, não é nem culpa do Bolsonaro. Nós cidadãos é que muitas vezes somos extremistas”, afirmou o então candidato.

Aliados de Bolsonaro afirmavam ver a aliança como um aceno do ex-presidente a Gilmar. Mas o candidato a prefeito nega influência do irmão e diz fazer questão de separar sua atuação política com as posições de Gilmar como ministro.

O STF deve se debruçar sobre ações que envolvem Bolsonaro na corte, incluindo os inquéritos que o indiciaram nos casos da falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19 e o das joias, que apura o possível desvio de presentes dados por autoridades estrangeiras ao então presidente.

Bolsonaro também é investigado no inquérito dos ataques de 8 de janeiro, no qual é apontado como líder de uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para se manter no poder.

JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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