PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT) vão se enfrentar em segundo turno para decidir quem comandará a Prefeitura de Porto Alegre.
O atual prefeito, que concorre à reeleição, obteve 49,72% dos votos válidos, enquanto a deputada federal alcançou 26,27%, com 99,74% das urnas apuradas. O terceiro lugar ficou com Juliana Brizola (PDT), que teve 19,70%.
Também disputaram o cargo Felipe Camozzato (Novo), Carlos Alan da Silva (PRTB), Fabiana Sanguiné (PSTU), Cesar Pontes (PCO) e Luciano do MLB (UP).
No dia 27 de outubro, os eleitores decidirão quem vai conduzir a reconstrução da capital do Rio Grande do Sul após as enchentes de maio, a maior de sua história e tema central na disputa.
Durante a campanha, Maria do Rosário responsabilizou Melo pela tragédia e o acusou de não ter feito a manutenção adequada no sistema de proteção contra cheias e diminuído os investimentos no Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos).
O prefeito afirma que o problema é histórico e compartilhado com outras gestões, e atribui ao governo federal a responsabilidade pelas obras de prevenção contra desastres naturais.
A ida de Sebastião Melo e Maria do Rosário ao segundo turno também reflete a polarização política nacional.
Melo tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que esteve em Porto Alegre na convenção do PL municipal para selar a aliança. O PL também indicou a candidata a vice-prefeita na chapa, a tenente-coronel e médica veterinária Betina Worm, que deixou a ativa do Exército para concorrer ao cargo e se filiou ao partido no dia da convenção.
Apesar do apoio a Melo e das disputas judiciais com Maria do Rosário, Bolsonaro não participou de outros atos de campanha nem gravou vídeos pedindo votos.
Em busca do eleitor moderado, Melo entrou na disputa com uma aliança ampla do centro à extrema-direita. Além do PL, a coligação do emedebista conta com PP, PSD, PRD, Solidariedade, Podemos e Republicanos.
Já Maria do Rosário é a aposta do PT para retomar o comando de Porto Alegre, cidade que governou entre 1988 e 2004.
A petista destaca o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na propaganda eleitoral e em debates, e tentará no segundo turno a transferência dos votos obtidos por Lula na capital gaúcha em 2022, quando venceu Bolsonaro com margem de sete pontos percentuais.
Deputada federal no sexto mandato consecutivo, Maria do Rosário disputa o cargo pela segunda vez. A primeira tentativa foi em 2008, quando perdeu no segundo turno para o então prefeito José Fogaça (MDB).
O PSOL indicou como vice a servidora pública Tamyres Filgueira, coordenadora-geral da Assufrgs (Sindicato dos Técnico-Administrativos em Educação da Ufrgs). Completam a aliança o PCdoB, PSB, Rede, PV e Avante.
Além da alta rejeição no eleitorado conservador, a candidatura de Rosário enfrentou uma ameaça na reta final da campanha com o discurso de voto útil defendido por Juliana Brizola, que se apresentava como a única capaz de derrotar Melo no segundo turno. Apesar da tentativa e do apoio do governador Eduardo Leite (PSDB), a neta de Leonel Brizola (1924-2004) não conseguiu desbancar a petista nas urnas.
CARLOS VILLELA / Folhapress