SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Milhões de brasileiros foram às urnas neste domingo (6) para escolher novos representantes para prefeituras e câmaras municipais. A lista dos mais de 58 mil vereadores eleitos inclui desde políticos consagrados até celebridades e outras figuras públicas.
Em Porto Alegre, o tenente-coronel Marcelo Ustra da Silva Soares (PL) foi eleito vereador com 2.669 votos. Ele é primo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado por tortura na ditadura militar.
Novato na política, Marcelo usou o nome “Coronel Ustra” na campanha, recebendo apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele inclusive se apresentou aos eleitores como o candidato de Bolsonaro na capital gaúcha. Antes de migrar para a política, o militar atuou no GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo do ex-presidente.
Seu primo, o coronel Brilhante Ustra, morto em 2015, chefiou o DOI-Codi, órgão de repressão militar. Em 2016, o então deputado Bolsonaro chegou a homenagear o coronel em discurso favorável ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi torturada na ditadura. À época, Bolsonaro chamou Brilhante Ustra de “pavor” de Dilma.
Em Belo Horizonte, Pedro Rousseff (PT), sobrinho-neto da ex-presidente Dilma, foi o sexto candidato a vereador mais votado, recebendo 17.595 votos.
Formado em administração, Pedro é neto de Igor Rousseff, irmão mais velho de Dilma, que hoje preside o Banco dos Brics e mora em Xangai, na China.
Outro nome que pode soar familiar é o de Leniel Borel (PP), eleito vereador do Rio de Janeiro neste domingo com mais de 34 mil votos.
Ele é pai do menino Henry Borel, que foi morto em 2021 no apartamento onde morava na Barra da Tijuca com a mãe e o então padrasto, Jairinho, que era vereador e foi cassado em processo ético-disciplinar.
Leniel se apresenta nas redes sociais como defensor dos direitos das crianças e adolescentes.
Com plataforma política semelhante, a candidata Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella Nardoni, também teve resultado expressivo nas urnas de São Paulo, com 129 mil votos.
A vereadora eleita foi a segunda mais votada da capital paulista e ganhou projeção na internet anos após a morte de sua filha, em 2008.
Com 1,7 milhão de seguidores nas redes sociais, ela se confirmou como grande aposta do Podemos para puxar votos. A vereadora eleita tem entre suas pautas proteção a crianças, mulheres e vulneráveis.
Também em São Paulo, Adrilles Jorge (União Brasil) foi eleito vereador com 25 mil votos. Ex-BBB, ele se apresenta como jornalista, escritor e palpiteiro. Em 2022, Adrilles foi demitido da Jovem Pan após ter feito um gesto que foi associado ao nazismo. Meses depois, a Justiça rejeitou denúncia feita pelo Ministério Público sobre o episódio.
Em Cotia, na Grande São Paulo, o ex-deputado federal Alexandre Frota foi eleito vereador com 2.893 votos, o nono mais votado do município.
Nascido no Rio de Janeiro, Frota já foi ator pornô e começou sua carreira política em 2019, quando foi eleito para a Câmara dos Deputados pelo PSL. Na época, teve apoio de Jair Bolsonaro e conseguiu mais de 155 mil votos. Após romper com o bolsonarismo, Frota passou pelo PSDB e PDT, partido pelo qual concorreu à vaga na Câmara Municipal de Cotia, onde mora hoje.
A lista de famosos e personalidades das eleições deste ano ainda inclui nomes que não foram eleitos mas ficaram como suplentes.
É o caso do ex-policial militar Fabrício Queiroz (PL), pivô do caso da “rachadinha” envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele se tornou o primeiro suplente do PL na Câmara de Saquarema, cidade da Região dos Lagos a 110 km do Rio de Janeiro.
Na capital carioca, também ficaram como suplentes o ex-jogador Bebeto que concorreu com o nome “Bebeto Tetra” e recebeu 8.125 votos e Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, que teve 8.151 votos.
THIAGO BETHÔNICO / Folhapress