A população brasileira está envelhecendo, e esse é um dos fatores que explicam o aumento nos casos de demência, conforme apontado pelo Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (Re)conhecimento e Projeções Futuras, divulgado no final de setembro pelo Ministério da Saúde. Especialistas de todas as regiões do Brasil – Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul – analisaram dados disponíveis sobre a demência, revelando que atualmente cerca de 8,5% da população com mais de 60 anos vive com a doença, somando aproximadamente 2 milhões de casos. Projeções indicam que, até 2050, esse número pode atingir 17,56%, ou mais de 5 milhões de pessoas.
Prevenção
Segundo o professor Moriguti, até 40% dos casos de demência podem ser prevenidos, especialmente se medidas forem adotadas antes dos 40 anos. Ele destaca a importância de controlar 12 fatores de risco, sendo cinco deles relacionados à saúde cardiovascular: controle da hipertensão arterial, diabete, sedentarismo, obesidade e tabagismo. Além desses, outros fatores de risco incluem o consumo excessivo de álcool, a perda auditiva, episódios de depressão, traumatismo cranioencefálico, isolamento social, poluição do ar e baixa escolaridade. “A adoção de hábitos saudáveis e o controle desses fatores podem reduzir significativamente as chances de desenvolver demência”, ressalta Moriguti.
Para além das iniciativas individuais de prevenção, há também políticas públicas em vigor para o tratamento da demência no Brasil. Moriguti ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece quatro medicamentos aprovados para tratar a demência causada pelo Alzheimer, acessíveis à população mediante prescrição médica. Ele destaca o papel fundamental dos profissionais de saúde na orientação contínua sobre os fatores de risco, em especial os cardiovasculares. “Os profissionais estão sempre reforçando a importância da prática de atividades físicas e de outros hábitos saudáveis, que, além de prevenir problemas como a obesidade e o sedentarismo, também contribuem para a redução de novos casos de demência”, finaliza.
**Por Jornal da USP