Política e Literatura

Hélio Consolaro
Hélio Consolaro
Hélio Consolaro, professor, jornalista e escritor, 75 anos. Oito livros publicados. Membro da Academia Araçatubense de Letras, foi vereador e secretário municipal de Cultura por oito anos.
Chico Caruso 24/07/1985 / Agência O Globo | Foto: Arquivo Hélio Consolaro

Estamos em plena campanha eleitoral, cá está este cronista, que se atreve a ser chamado de escritor, metido de novo em contendas eleitorais. Pensando que vai esconder a sua cultura livresca diante do povo de cultura viva. 

Literato quando chega a algum cargo alto foi por nomeação, como o Carlos Drummond de Andrade, que era chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação de Getúlio Vargas. O poeta chegou a militar no PCB (Partido Comunista Brasileiro).

O escritor que foi mais longe nos cargos políticos foi o maranhense José Sarney, autor de “Marimbondos de fogo”: presidente da República. Mas foi eleito indiretamente como vice de Tancredo Neves, e assumiu porque era o vice. Não tinha por onde correr.

Fernando Henrique Cardoso chegou à presidência pelo voto direto como um intelectual. Homem da universidade. Publicou livros com suas teses, não se trata de um escritor da literatura brasileira. A sua ação reflete até hoje com o Plano Real e a moeda “real”.  

Na época do império, José de Alencar, autor de Guarani, Senhora, Iracema e outros livros, que foi deputado estadual pelo Ceará em 1860; depois 1868 tentou ser senador, mas foi preterido por Dom Pedro II pela pouca idade (40 anos). Diz a história que foi mesmo manobra.

Outro militante da esquerda, PCB, Graciliano Ramos,  foi prefeito nomeado de Palmeira dos Índios (Alagoas). Sobrevoou a política, mas foi bom mesmo na literatura.

Baiano cabeça-grande, Rui Barbosa, fundador da Academia Brasileira de Letras também foi político,  eleito deputado para a Assembleia da Bahia. E em 1878, foi eleito para Assembleia da Corte. Foi ministro da Fazenda de Marechal Deodoro, na república. A sua literatura era veículo para seu pensamento político.   

Jorge Amado, outro comunista brasileiro nas letras, constituinte de 1947, conseguiu aprovar a liberdade de culto, que até hoje é questionada pela ultradireita. A partir do livro Gabriela deixou de seguir o o PCB, abandonou a ideia de fazer catequese política com seus livros. Depois disso foi sucesso nacional.  

Mario Vargas Llosa é um escritor, político, jornalista, ensaísta e professor universitário peruano. É um dos romancistas e ensaístas mais importantes da América Latina e um dos principais escritores de sua geração. Candidatou-se a presidente do Peru, mas não foi vitorioso.

Um conhecido escritor francês no Brasil por sua obra juvenil “O menino do dedo verde” é Maurice Druon, publicado há seis décadas, pioneiro no tema ecologia. O seu autor  foi ministro da Cultura na França no século 20. Sempre adotei o livro para o ensino fundamental. Valorizar o verde, desde o Palmeiras, foi minha sina.

As mulheres escritoras não têm protagonismo político evidente. Elas lutam para ter espaço no mundo machista da literatura ou da política, separadamente. Recentemente, descobrimos algumas mulheres brasileiras em certos estados que tinham uma formação intelectual e partiram para a militância política. Infelizmente, o mundo feminino no Brasil é refratário à participação política e o mundo masculino não colabora.  

Mais recentemente temos o bolsonarismo, conectado com a ultradireita internacional. Não temos notícias de figuras literárias neste campo político. O máximo que o bolsonarismo produziu foi cantor sertanejo. 

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