SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo estuda imposto a quem recebe mais de R$ 1 milhão por ano, IA chega ao Instagram e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (10).
**IMPOSTO MÍNIMO PARA MILIONÁRIOS**
O governo federal estuda criar um imposto mínimo de 12% a 15% sobre quem tem renda acima de R$ 1 milhão ao ano.
As discussões estão sendo realizadas de forma reservada pela equipe do Ministério da Fazenda e foram adiantadas pela Folha nesta quarta-feira (9).
↳ A estimativa é de que 250 mil pessoas façam parte do grupo milionário.
OBJETIVO
A ideia é abrir espaço no Orçamento para elevar a isenção do imposto de renda para até R$ 5 mil, promessa de campanha do presidente Lula.
Essa atualização, no entanto, não compensaria a defasagem acumulada na tabela.
↳ O valor atual de isenção é de dois salários mínimos (R$ 2.824).
DISTORÇÕES
No Brasil, quanto mais alta a renda da pessoa, menor é o imposto que ela paga. É a chamada regressividade do sistema tributário.
O brasileiro com renda de R$ 4.000 tem a mesma cobrança de imposto de renda de quem ganha R$ 4 milhões.
CERCO
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostra que empreendedores que utilizam o Sistema Simples receberam R$ 46 bilhões em dividendos isentos de imposto em 2023 de suas próprias empresas.
Entenda o piso mínimo: a nova regra seria aplicada comparando o percentual a ser definido com o que efetivamente foi pago. A diferença, então, deverá ser complementada no Imposto de Renda.
Essa seria uma alternativa mais simples para tributar tipos de rendimentos isentos de quem é muito rico no Brasil.
QUESTÕES EM ABERTO
Na equipe econômica, há preocupação para que a definição desse piso não atrapalhe a discussão da reforma geral da renda.
O governo Lula pretende propor uma nova etapa da reforma tributária, com foco na renda das pessoas físicas e jurídicas.
As mudanças devem ser enviadas ao Congresso em etapas, ainda neste ano.
Além disso, o Brasil defende outra frente de cobrança sobre grandes fortunas, mas que dependeria de um acordo entre os países do G20.
A proposta é de um imposto internacional de 2% sobre super-ricos, com patrimônio acima de US$ 1 bilhão (R$ 5,58 bilhões.)
Há resistência, no entanto, de países como os Estados Unidos.
SIM, MAS…
O Banco Mundial afirma, em relatório recente, que a cobrança sobre bilionários não deve ser vista como uma solução para as contas públicas dos países da América Latina.
↳ A instituição estima que a medida teria um potencial de arrecadação limitado a 0,1% do PIB na América Latina e no Caribe.
↳ Nos Estados Unidos, onde há muito mais bilionários, o impacto seria de 0,35% do PIB.
**AS IDEIAS DE PEDRO MALAN**
As disputas municipais deste ano e a antecipação da eleição presidencial de 2026 tendem a atrair a atenção de investidores e empresários.
Para o ex-ministro Pedro Malan, porém, as análises econômicas precisam levar em conta diversas questões que se desdobram em um prazo muito mais longo.
“É fundamental que haja um horizonte de tempo que vá além das eleições de 2026”, diz o economista.
Na visão de Malan, a pauta dos políticos e economistas deveria considerar as particularidades do Brasil, em que os prazos são maiores.
De acordo com o economista, há tendências de longa duração dando sinais agora e urgências que já devem ser tratadas.
Urbanização e o envelhecimento da população são exemplos.
TIMING
O tempo faz parte justamente de uma das tríades que Malan diz perceber na sociedade. Ele usa sempre o curto, o médio e o longo prazo para suas avaliações.
POLÍTICA
Malan afirma que é fundamental considerar o clima entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
“Todo e qualquer investidor, doméstico ou internacional, olha com enorme atenção para a funcionalidade ou disfuncionalidade do relacionamento entre os três Poderes da República”, diz.
QUEM É
Pedro Malan, 81, comandou a pasta da Fazenda de 1995 a 2002, durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Antes, foi presidente do Banco Central durante a implantação do Plano Real, em 1993 e 1994.
**A IA ENFIM CHEGA AO INSTAGRAM**
Funções de inteligência artificial começarão a chegar ao Instagram, Facebook e WhatsApp a partir desta quarta-feira (9) no Brasil. Segundo a Meta, o lançamento será gradual.
Agora, será possível gerar textos, imagens e fazer pesquisas dentro dos aplicativos. Outra das funções, oferecida durantes alguns dias meses atrás, é o gerador de figurinhas.
A Meta também lançará uma versão web da IA.
ATRASO
A companhia de Mark Zuckerberg culpou uma decisão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) pela demora de três meses no lançamento da tecnologia.
O órgão brasileiro criticou a coleta de dados em perfis abertos do Facebook e Instagram sem opções claras para usuários negarem esse uso e barrou a atualização. Após um acordo, a Meta facilitará a recusa.
LÁ FORA
Países da União Europeia seguem restringindo as funções, pelos mesmos motivos. Por outro lado, o serviço no Reino Unido será lançado nesta semana e, nos Estados Unidos, a liberação ocorreu em abril.
COMO USAR
A Meta AI estará disponível nos chats do WhatsApp e nas abas de mensagem do Instagram e Facebook.
Para acessá-la, basta clicar no ícone de escrever nova mensagem no canto superior direito e depois na opção “criar um bate-papo com IA”.
Também é possível acionar o Meta AI em conversas com amigos e em grupos, utilizando o comando @Meta AI.
O QUE A META TEM
A inteligência artificial das redes sociais é baseada na tecnologia Llama 3.1, que é o motor usado para gerar o conteúdo. Entenda aqui o que eles são.
O principal diferencial em relação ao ChatGPT, Gemini e Claude é o uso de conteúdo público gerado pelos usuários no Instagram e Facebook para alimentar a inteligência.
O código aberto também rendeu elogios a Mark Zuckerberg por parte de figuras do setor de tecnologia.
OpenAI e Google, ao contrário, mantêm os códigos de ChatGPT e Gemini sob sigilo.
A NOVA APOSTA
A Meta começou a liberar uma série de funções novas para criadores de conteúdo.
Uma delas, batizada de Movie Gen, permite gerar vídeos realistas a partir de comandos em texto. Até cineastas estão no público-alvo.
A startup Runway e o próprio ChatGPT são as referências nessa geração de conteúdo multimídia.
**STARTUP DA SEMANA: BARTE**
Fundada em 2021, criou uma plataforma de gestão de pagamentos para empresas. Em uma rodada de captação nesta semana, atraiu pela primeira vez o fundo americano AlleyCorp ao Brasil.
EM NÚMEROS
O valor não foi revelado, mas projeções do site Brazil Journal estimam cerca de R$ 78 milhões. Desde a fundação, a Barte já levantou R$ 100 milhões.
A captação foi liderada pelo fundo de venture capital AlleyCorp. NXTP, Venture Friends e Force Over Mass, que já eram investidores, aumentaram suas participações.
QUE PROBLEMA RESOLVE
A Barte permite que empresas ofereçam diversas opções de pagamento aos consumidores, tanto online quanto em lojas físicas. A plataforma centraliza as transações, facilitando a movimentação de dinheiro para dentro e fora das companhias.
POR QUE É DESTAQUE
A startup desenvolve outras soluções, como oferta de crédito para empresas a partir da antecipação do pagamento dos seus consumidores.
A receita anual deve ultrapassar os R$100 milhões até novembro. Atualmente, o retorno financeiro já permite a geração de fluxo de caixa positivo.
Para 2025, a projeção é de uma receita entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões.
A base de clientes inclui grandes marcas brasileiras como Housi, Mash, EBAC e Metalife.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
ARGENTINA
Buenos Aires faz operação contra bets, derruba 1.800 sites e notifica influencers. Capital da Argentina busca estratégias para combater vício de menores de idade nos sites de aposta online.
AGRONEGÓCIO
Laranja acumula maior inflação desde 1995 com impacto do clima. Alta dos preços em 12 meses é de 62,51%; safra diminui com falta de chuva e calor, diz IBGE.
VICTOR SENA / Folhapress