SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) vão investir em propostas voltadas ao empreendedorismo no segundo turno das eleições municipais de São Paulo, na busca para ampliar o eleitorado.
Boulos incorporou ao seu plano de governo o projeto Jovem Empreendedor, ideia apresentada pela agora apoiadora Tabata Amaral (PSB).
Nunes, por sua vez, vai enfatizar projetos implementados em sua gestão, como o Meu Trampo, uma forma de atrair quem votou no empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), no primeiro turno. Em sua campanha, Marçal tratou o tema do fomento às empresas como um mantra.
O prefeito já disse que rejeitaria dividir o seu palanque com o autodenominado ex-coach. Do mesmo modo, Marçal afirmou que não apoiará a candidatura de Nunes. Antes, condicionara o apoio a inclusão de duas propostas suas: a criação de escolas voltadas para o ensino de modalidades olímpicas e a inclusão de educação financeira no currículo escolar.
Nunes, no entanto, afirmou que não iria incorporar as propostas, porque essas iniciativas já haviam sido tomadas em seu primeiro mandato.
O emedebista, de todo modo, reconheceria, em agenda com vereadores da base eleita, realizada na terça-feira (8), a importância de enfatizar suas ações para o fomento do empreendedorismo. “Tem dois principais perfis do eleitor do Marçal. Um é ser de direita. Naturalmente, esse eleitor vai vir comigo”, disse.
“O outro é um eleitor que viu nele essa questão de empreendedorismo, da prosperidade. Reconheço que é algo que eu preciso reforçar e vou reforçar. É uma contribuição que ele deu, que eu não imaginava que [o empreendedorismo] estivesse tão ativo na memória das pessoas como o fundamental.”
Nesse sentido, o prefeito vai incluir, em suas propagandas, a continuidade do Meu Trampo, programa vinculado à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
O projeto oferece cursos de capacitação para jovens de 15 a 29 anos, alicerçado em uma metodologia que se divide em 11 etapas. Feita em parceria com o Instituto Besouro, o programa acompanha o jovem desde a descoberta da área de atuação da empresa até o plano de ação.
Nunes também ressalta, em entrevistas, o Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo (Cedesp), que tem o objetivo de oferecer uma formação profissional e dar autonomia aos jovens, no mercado de trabalho.
Pesquisador do Cebrap, Henrique Costa critica a adesão ao discurso de Marçal, influenciado pela ideia de prosperidade, tal como propagado pelas igrejas neopentecostais. “Não há nada de novo nesses projetos. O papel do governante seria oferecer um emprego de qualidade para a população, mas é muito mais fácil alimentar o sonho do empreendedorismo”, diz ele.
Enquanto isso, Boulos incluiu, em seu plano de governo, o programa Jovem Empreendedor, ideia indicada por Tabata. Trata-se de um projeto que tem o objetivo de facilitar linhas de crédito para que jovens, de 18 a 29 anos, possam receber linhas de crédito para empreender. Também oferece cursos nas áreas de gestão financeira, marketing e inovação.
“O financiamento é a última coisa a se pensar no plano de elaboração de uma empresa”, afirma Letícia Menegon, coordenadora da incubadora Base, da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “Uma campanha decente precisa detalhar melhor esse tipo de projeto. Empreendedorismo é ralação, não é vender o sonho fácil.”
Boulos incluiu, em suas propostas, outras duas ideias de Tabata. Ele pretende criar parques tecnológicos na zona leste, estimulando o surgimento de um ecossistema para inovação, com a presença de empresas e universidades.
O psolista também concordou em implementar a Rede de Apoio à Mãe Paulista Atípica (Rampa), de suporte psicológico para garantir tempo livre a essas mães enquanto seus filhos estão na escola.
“Tenho o maior respeito por ela e sou grato pelo apoio que ela me deu. A Tabata decidiu nos apoiar por convicção, diferente do outro lado, onde é tudo politicagem”, afirmou o candidato.
Apesar do apoio, Tabata anunciou que não fará campanha para a eleição de Boulos.
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Colaboraram Carolina Linhares e Victória Cócolo, de São Paulo
GUSTAVO ZEITEL / Folhapress