Deputados cantam ‘Bella Ciao’ em ato contra Orbán no Parlamento Europeu

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi alvo de protestos na quarta-feira (9) no Parlamento Europeu, onde legisladores de esquerda chegaram a cantar o “Bella Ciao”, o hino antifascista italiano, após o ultradireitista discursar.

“Aqui não é o Eurovision [festival de música internacional]”, disse com ironia Roberta Metsola, a presidente do Parlamento Europeu e que conduzia a sessão, ao pedir silêncio dos legisladores que cantavam e aplaudiam de forma efusiva.

Orbán compareceu ao Parlamento para apresentar as prioridades de seu país, que exerce a presidência semestral rotativa do Conselho da União Europeia, o braço executivo do bloco. Mas a presença do premiê estimulou uma série de discursos em um debate que o próprio líder húngaro definiu como tempestuoso.

Em sua fala, Orbán disse que “a União Europeia precisa mudar”, argumentando que o bloco “enfrenta o período mais grave de toda a sua história”. A gravidade do momento, afirmou, deve-se à Guerra da Ucrânia, à escalada do conflito no Oriente Médio e a uma crise migratória que, segundo ele, pode fazer com que o atual sistema de fronteiras do bloco desmorone.

A presidência húngara do Conselho da UE, disse Orban, esforça-se para ser “o catalizador da mudança”. Essa apresentação de prioridades normalmente acontece no início do mandato de cada país, mas as tensões entre Hungria e UE fizeram com que ocorresse apenas na metade da gestão húngara.

A presidente da Comissão Europeia (o braço Executivo da UE), Ursula von der Leyen, participou da sessão e, em seu discurso, questionou Orban por suas declarações sobre a questão migratória.

“Você disse que a Hungria está ‘protegendo suas fronteiras’ e que ‘está prendendo os criminosos’ na Hungria. Me pergunto como essa afirmação encaixa com o fato de que, no ano passado, contrabandistas e traficantes tenham sido libertados da prisão antes que cumprissem sua condenação”, disse ela. “Isso não protege os nossos países. Isso é apenas jogar problemas sobre a cerca de seu vizinho.”

Também ocorreram críticas contra a chamada “missão de paz”, no início de junho, quando Orban foi à Ucrânia, Rússia e China sem coordenar a viagem previamente com as instituições europeias nem acordar um discurso unificado com os países do bloco.

O legislador alemão Manfred Weber, líder do bloco majoritário do Partido Popular Europeu (PPE, direita) disse que a viagem de Orbán foi apenas um “grande espetáculo de propaganda para os autocratas”.

Já a presidente dos Verdes, a alemã Terry Reintke, olhando diretamente para o premiê húngaro, disse que o líder “não era bem-vindo no Parlamento”. Por sua vez, o liberal holandês Gerben-Jan Gerbrandy, disse a Orbán que ele, na verdade, parecia “o malvado de um filme ruim”.

Em sua réplica, Orban disse que “não importa a ninguém” discutir as prioridades de seu país e descreveu as críticas como “propaganda da esquerda”.

Redação / Folhapress

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