Casarão na Liberdade vira cracolândia e gera tensão na vizinhança

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um casarão abandonado na Liberdade, no centro de São Paulo, virou um espaço de uso de crack. A aglomeração de usuários preocupa moradores, que já encaminharam denúncias à prefeitura. Há também reclamações sobre roubos e assédios praticados pelos dependentes sobre o lixo deixado por eles na via.

O problema ocorre na altura 343 da rua dos Estudantes, uma das maiores da região. Ela liga a praça da Liberdade à baixada do Glicério e possui vários restaurantes, bares e condomínios. Aos fins de semana, o endereço fica cheio de turistas.

A situação, segundo relatos, teria começado há algum tempo, após alguns homens invadirem a construção, mas piorou nos últimos dois anos. Moradores contabilizam mais de 30 usuários no local.

O consumo de entorpecentes ocorre dentro do casarão. Olhando de cima, pela falta de telhado em alguns pontos, é possível ver o uso de crack no local.

Fora da cena de uso, os dependentes caminham pela rua com carrinhos de supermercado e recolhem produtos de metal e papelão para vender num espaço em frente ao “buraco”, como foi apelidado o ponto. O dinheiro é trocado pelas drogas a alguns metros dali, no Glicério, segundo afirmou um policial militar à reportagem.

Vizinhos dizem que semanalmente a PM entra no endereço e expulsa os usuários presentes. Porém, menos de uma hora depois, todos retornam, e um olheiro fica vigiando a possibilidade de novas abordagens. A qualquer sinal de viaturas, eles se escondem. A situação foi presenciada pela reportagem.

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também é vista com frequência nos arredores do local.

“Já fui assediada e passei por uma tentativa de furto ali”, relata Karin Sziritch, que, vive em um dos condomínios próximos ao casarão.

Ela e outros residentes protocolam reclamações diárias na ouvidoria do município. Isso levou à abertura de um inquérito no Ministério Público, ainda em fase inicial.

Sobre as notificações à prefeitura, uma delas foi respondida. A subprefeitura da Sé enviou uma equipe de limpeza à rua dos Estudantes em 3 de junho deste ano e encaminhou fotos à Karin para comprovar. “Mas não era isso o que eu solicitava, tem que tirar aquela zona”, diz ela.

O problema respinga nos arredores. Uma unidade do Oxxo na rua Conselheiro Furtado, a um quarteirão dali, já foi invadida por usuários algumas vezes, segundo funcionários. Eles relatam ter medo de trabalhar. O sentimento é compartilhado com os moradores da região, que dizem evitar andar nas ruas e receber raramente convidados em casa.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não foram registradas ocorrências de tráfico ou porte de entorpecentes no endereço citado até o momento, mas equipes do 1º Distrito Policial (Sé) realizarão diligências para apurar os fatos e identificar os responsáveis.

O casarão é alvo de um processo para reintegração de posse, ajuizado por seu proprietário em setembro deste ano, segundo informações da prefeitura. A gestão Ricardo Nunes (MDB) diz que prestará atendimento habitacional e social às pessoas quando houver a desocupação. Não há prazo para isso.

Essa ação corre em segredo da Justiça, e o dono do imóvel não foi encontrado.

BRUNO LUCCA / Folhapress

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