Primo do ex-secretário de Saúde do RJ é sócio de laboratório envolvido em caso de órgãos infectados

RIO DE JANEIRO, RJ E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS LAB Saleme), sob investigação por ser apontado como responsável pela contaminação por HIV de seis pacientes transplantados, tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo do ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro e deputado federal Doutor Luizinho, atual líder do PP (Progressistas) na Câmara dos Deputados.

Embora Doutor Luizinho não esteja mais no cargo, ele ocupava a posição de secretário durante o processo de contratação do laboratório.

Em nota, o deputado afirmou que quando foi secretário “manteve a equipe do Programa Estadual de Transplantes da gestão anterior e jamais participou da escolha deste ou de qualquer laboratório. A contratação, ocorrida em dezembro de 2023, quando ele não era mais secretário, partiu de uma concorrência pública realizada pela Fundação Saúde, que tem gestão administrativa independente”.

Médico de formação, o deputado tem uma trajetória de envolvimento em questões de saúde pública, sendo conhecido por sua atuação na área de saúde, incluindo temas relacionados ao sistema de transplantes e à gestão de políticas de saúde no Rio de Janeiro.

Como secretário de Saúde do Rio de Janeiro, atuou entre os anos de 2016 e 2018 e, uma segunda vez, entre janeiro e setembro de 2023 -época do processo de licitação que culminou na contratação do laboratório. No Congresso, ele se destaca pela sua participação em comissões ligadas à saúde.

Na época da pandemia da Covid, Dr Luizinho teve seu nome apontado para assumir o cargo de ministro da Saúde, principalmente em momentos de transição da pasta. No entanto, apesar das menções, ele não chegou a ser oficialmente indicado para o cargo de ministro.

Além do PCS LAB Saleme, Bandoli Vieira também é sócio de uma empresa que oferece serviços de saúde no estado fluminense, como tomografias e ressonância magnética.

Chamada Quântica Serviços de Radiologia, já teve registros em onze endereços, como na Barra da Tijuca e Penha, e em municípios da Baixada Fluminense, como Nilópolis.

Um cadastro da Quântica continua ativo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. No endereço de registro, funciona um shopping na avenida das Américas, 700. No cadastro nacional de empresas, declara oferecer serviços de saúde diversos, que vão de radiografia, ressonância magnética a odontológica.

Algumas das empresas já controladas pela Quântica pediram baixa junto à Receita Federal, como uma unidade em São Gonçalo, também no Rio de Janeiro.

Entenda o caso

Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e, posteriormente, testaram positivo para a doença.

A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes. O Ministério da Saúde também está acompanhando o caso.

A notícia foi publicada pela BandNews FM e confirmada pela reportagem.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.

O episódio ocorreu em testes realizados por um laboratório privado, contratado pela Fundação Saúde, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, para atendimento ao programa de transplantes no estado.

A auditoria será realizada pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS). Além disso, a pasta solicitou a interdição cautelar do Laboratório PCS LAB Saleme/RJ, cuja unidade operacional fica no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro.

“Até o momento tivemos a confirmação de que dois doadores tiveram novo teste positivo para HIV e seis receptores tiveram teste positivo para HIV. Essa situação nos leva a uma providência imediata, prestaremos toda a assistência a essas pessoas”, disse a ministra.

O Ministério da Saúde também determinou que a testagem de todos os doadores de órgãos no Rio de Janeiro voltasse a ser feita exclusivamente pelo Hemorio. Além de solicitar a retestagem do material de todos os doadores de órgãos feita pelo laboratório para identificar possíveis novos casos.

Mais cedo, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como “inadmissível” e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes.

Por causa disso, uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados. O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente.

Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não divulgaram detalhes das circunstâncias.

BRUNA FANTTI E MARCOS CANDIDO / Folhapress

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