SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Novak Djokovic teve neste domingo (13) uma boa amostra do que provavelmente será a reta final de sua carreira: uma dura luta contra os jovens que estão tomando o circuito do tênis. O sérvio de 37 anos gostou do próprio desempenho na final do ATP Masters 1000 de Xangai. E perdeu para o italiano Jannik Sinner, de 23, número um do mundo, por 2 sets a 0, parciais de 7/6 (7/4) e 6/3.
“Acho que eu joguei muito bem, o que me dá razões para acreditar que ainda posso jogar com os caras que são os melhores do mundo. Espero poder manter esse nível nos próximos meses e no futuro. Há pontos positivos para tirar daqui, acho que meu tênis foi de bom nível neste campeonato, provavelmente o melhor desde os Jogos Olímpicos”, afirmou.
Com o anúncio da aposentadoria do espanhol Rafael Nadal, que vai atuar pela última vez no próximo mês, Djokovic se tornará o único remanescente do “Big 3”, grupo histórico que tinha também o suíço Roger Federer e dominou o esporte por quase duas décadas. Atual quarto colocado no ranking, ele ainda tem objetivos claros na carreira.
O sérvio está em busca de seu centésimo título, meta que esbarrou em Sinner na China. “Fiz o meu melhor, dentro das circunstâncias. Eu me senti bem, talvez não 100%, mas grande crédito ao Jannik por ter jogado os pontos grandes de maneira melhor do que eu, foi o que fez a diferença. Ele mereceu vencer, foi forte demais nos momentos importantes.”
Não foi a primeira vez. Sinner levou dois dos quatro principais torneios do circuito neste ano, aqueles da série Grand Slam. Venceu o Aberto da Austrália e o Aberto dos Estados Unidos. Os outros dois, o Aberto da França e o Torneio de Wimbledon, foram conquistados pelo ainda mais jovem Carlos Alcaraz, espanhol de 21 anos.
Djokovic, assim, vai terminar o ano sem um título de Grand Slam pela primeira vez desde a temporada 2017. Ele levantou incríveis 24 troféus dessa série e busca o 25º para ultrapassar a lendária australiana Margaret Court e se isolar como a pessoa com mais slams, entre homens e mulheres.
“Acho que atingi todos as principais metas da minha carreira. Agora, é realmente sobre os Grand Slams, é ver até onde eu consigo elevar o sarrafo para mim mesmo”, disse, admitindo que também quer entrar no grupo centenário, hoje restrito a Jimmy Connors, com 109 títulos, e Roger Federer, com 103. “Queria que tivesse acontecido hoje, mas não era para ser.”
Novak ainda terá chances para buscar a centésima taça, mas, mesmo que não a alcance em 2024, não terá sido um ano perdido. Ele obteve o que chamou de “maior conquista da carreira”, o ouro olímpico nos Jogos de Paris, disputados no complexo de Roland Garros, com uma emblemática vitória sobre Carlos Alcaraz.
O triunfo na frança dez do sérvio o terceiro homem a completar o Golden Slam, com todos os títulos do Grand Slam e o ouro nos Jogos Olímpicos. Antes dele, apenas Rafael Nadal e o norte-americano Andre Agassi haviam obtido o feito, que era tratado por Djokovic como o seu principal objetivo na temporada.
Não foi um ano sem sobressaltos. Uma lesão no joelho tornou necessária uma cirurgia. A liderança no ranking, após 428 semanas, foi perdida. Mas ele ainda diz ter lenha para queimar e quer desafiar os garotos Sinner e Alcaraz. “Ainda posso jogar contra os melhores do mundo”, repetiu, com o troféu de vice-campeão em Xangai.
MARCOS GUEDES / Folhapress