‘Baby’ e ‘Malu’ são coroados juntos como melhores filmes no Festival do Rio

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Baby”, de Marcelo Caetano, e “Malu”, de Pedro Freire, foram premiados em dupla como melhores longas-metragens de ficção no Festival do Rio. O anúncio foi feito na cerimônia de encerramento de um dos eventos mais importantes para a indústria cinematográfica do país, na noite deste domingo.

“Baby” acompanha Wellington, que se envolve com um homem mais velho depois de sair de um centro de detenção para jovens em São Paulo.

O filme compôs um grupo de longas exibidos no festival que se distanciaram da homofobia e do romance, temas que geralmente dominam os filmes LGBTQIA+. “Estamos discutindo as famílias alternativas, o trabalho e as parcerias econômicas, assim como a violência policial e o caos reinante no centro de São Paulo”, afirma Caetano, que teve seu ator protagonista, João Pedro Mariano, laureado como o melhor ator do festival.

Já “Malu” integra uma onda de produções que se debruçam sobre seios familiares disfuncionais e passados turbulentos para exorcizar os comportamentos de seus protagonistas. A trama conta a história de Malu Rocha, mãe de Freire, vivida pela atriz Yara de Novaes, mas não é uma biografia.

O filme começa com uma visita de Joana, filha que passou anos na França, à mãe. Atriz de teatro promissora em sua juventude, Rocha vive em uma comunidade carioca com a frustração de sua carreira não ter vingado —pela asfixia dos teatros paulistas durante a ditadura, pela maternidade ou também pelo acaso.

O longa levou Carol Duarte, que vive Joana, e Juliana Carneiro da Cunha, que interpreta a mãe de Malu, a serem consagradas como melhores atrizes coadjuvantes pelo festival. Yara de Novaes venceu como melhor atriz, e o filme, como melhor roteiro.

“Manas”, de Marianna Brennand, venceu o prêmio especial do júri, depois de ser celebrado também no Festival de Veneza, enquanto “Baby” foi exibido e celebrado em Cannes. Walkiria Barbosa, diretora do Festival do Rio, comemora a recepção de longas brasileiros no exterior e defende que, se todo filme nacional tivesse mais investimento em promoção, mais obras alcançariam a projeção positiva dos títulos da última safra.

“Em um país continental como o nosso, precisamos ter investimento na promoção e na divulgação [de filmes nacionais]. A soberania passa também por ter um mercando interno e externo forte, diz.

Luciano Vidigal levou a melhor direção por “Kasa Branca”. “Tudo Vai Ficar Bem”, de Ray Yeoung, e “Avenida Beira-Mar”, de Maju de Palma, foram os vencedores do prêmio Félix, destinado a celebrar as produções com temática queer. O primeiro, que também venceu o Teddy em Berlim, conta a história de Angie, que se vê a mercê dos interesses da família de sua esposa, Pat, após se tornar viúva, aos quase 70 anos.

Para a atriz argentina Mercedes Morán, que compôs o júri do Festival do Rio, a violência de gênero e a desigualdade social são temas que se repetiram na maioria dos filmes exibidos no evento, especialmente naqueles da competição principal.

Morán também protagoniza “A Procura de Martina”, que será exibido na Mostra de Cinema de São Paulo após passar pelo Rio —assim como a maioria das produções nacionais, incluindo aquelas que estavam fora de competição, como “Malês”, dirigido por Antonio Pitanga, que reconta o levante protagonizado por escravos no Brasil do século 19. “São filmes que, no geral, não chegam aos cinemas”, diz Morán.

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CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO FESTIVAL DO RIO:

PREMIERE BRASIL

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO

“Baby”, de Marcelo Caetano

“Malu”, de Pedro Freire

MELHOR DIREÇÃO DE FICÇÃO

Luciano Vidigal, por “Kasa Branca”

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI

Jamilli Correa, de “Manas”

MELHOR ROTEIRO

Pedro Freire, de “Malu”

MELHOR ATRIZ

Yara de Novaes, de “Malu”

MELHOR ATOR

João Pedro Mariano, de “Baby”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Carol Duarte e Juliana Carneiro da Cunha, de “Malu”

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Diego Francisco, de “Kasa Branca”

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO

“3 Obás de Xangô”, de Sérgio Machado

MELHOR DIREÇÃO DE DOCUMENTÁRIO

Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, de “A Queda do Céu”

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Fernando Aranha e Guga Bruno, por “Kasa Branca” e “Quando Vira a Esquina”

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Thales Junqueira, de “Baby”

MELHOR FOTOGRAFIA

Arthur Sherman, de “Kasa Branca”

MELHOR MONTAGEM

Peterkimo, de “Salão de Baile”

MELHOR SOM

Marcos Lopes, Guile Martins e Toco Cerqueira, de “A Queda do Céu”

MELHOR CURTA-METRAGEM

“A Menina e o Pote”, de Valentina Homem

COMPETIÇÃO NOVOS RUMOS

MELHOR LONGA-METRAGEM

“Centro Ilusão”, de Pedro Diogenes

MELHOR DIREÇÃO

Davi Pretto, de “Continente”

MELHOR ATRIZ

Mayara Santos, de “Ainda Não É Amanhã”

MELHOR ATOR

Reynier Morales, de “O Deserto de Akin”

MELHOR CURTA-METRAGEM

“Carne Fresca”, de Giovani Barros

PRÊMIO FÉLIX

MELHOR FILME INTERNACIONAL

“Tudo Vai Ficar Bem”, de Ray Yeung

MELHOR FILME BRASILEIRO

“Avenida Beira-Mar”, de Maju de Paiva e Bernando Florim

PRÊMIO DO JÚRI

“Baby”, de Marcelo Caetano

MELHOR DOCUMENTÁRIO

“A Bela de Gaza”, de Yolande Zauberman

A jornalista viajou a convite do Festival do Rio

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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