Zema vai a Goiânia apoiar candidato de Bolsonaro contra Caiado, em novo round da briga na direita

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em mais um round das disputas que têm ocorrido no campo da direita, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi a Goiânia nesta terça-feira (15) e participou de um ato ao lado do candidato de Jair Bolsonaro na cidade, Fred Rodrigues (PL).

A capital de Goiás é palco de um teste de força regional entre Bolsonaro e o governador do estado, Ronaldo Caiado (União Brasil), que lançou o empresário Sandro Mabel (União Brasil) como seu candidato.

O segundo turno em Goiânia é disputado por Fred, que foi o vitorioso no primeiro turno, com 31,14% dos votos válidos, e Mabel, que teve 27,66%.

O Novo, partido do governador mineiro, está na chapa de Fred, ocupando a vice, com Leonardo Rizzo.

O evento foi realizado na sede do PL no estado e contou com a presença, entre outros, do senador Wilder Moraes (PL-GO).

Em seu discurso no evento, Zema procurou estimular a candidatura de Fred, que bate na tecla de ser o novo contra o sistema, um antigo recurso de marketing eleitoral do bolsonarismo.

O mineiro, que é empresário, lembrou sua entrada na política e a vitória em 2018 ao governo de Minas, frisando que na época o seu adversário, o ex-governador e senador Antonio Anastasia (então no PSDB), teve menos votos no segundo turno do que no primeiro.

Ele também foi a Anápolis (GO) declarar apoio ao PL na disputa contra o PT.

Caiado é declaradamente candidato a ser o nome da direita na disputa presidencial de 2026 —já que Bolsonaro está inelegível—, posto também almejado por Zema e por outros políticos, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR).

Assim como Caiado, Zema também tem tentado se colocar nacionalmente, mesmo após o fiasco em Belo Horizonte.

Antes da ida a Goiânia, o governador de Minas havia participado na véspera de um comício em Cuiabá ao lado de Bolsonaro e do candidato do PL à prefeitura da cidade, o deputado federal Abílio Brunini. Lá a disputa no segundo turno é contra o PT.

Tanto no Mato Grosso como em Goiás Zema mesclou os atos eleitorais com encontros com empresários e políticos locais.

Aliados de Caiado disseram ver na visita de Zema a tentativa de se cacifar junto a Bolsonaro e ironizaram a ida do mineiro a Goiás, lembrando que ele passou vexame na capital do seu próprio estado —o candidato apoiado por Zema em Belo Horizonte, Mauro Tramonte (Republicanos), liderou as pesquisas na maior parte do tempo, mas acabou chegando à reta final em terceiro, ficando de fora do segundo turno.

Bolsonaro chegou a chamar Caiado de “governador covarde” em comício ao lado de Fred no primeiro turno. O ex-presidente da República esteve novamente na capital de Goiás na última sexta-feira (11) para tentar alavancar o seu candidato na cidade. Na ocasião, participou de um almoço com Fred e apoiadores.

O nome do PL à Prefeitura de Goiânia começou a eleição bem atrás nas pesquisas, mas, com a estratégia de colar massivamente a sua imagem à de Bolsonaro, acabou em primeiro. Em Goiânia, o ex-presidente venceu Lula (PT) em 2022 por 64% dos votos válidos contra 36%.

Caiado e Bolsonaro também travam disputa na segunda maior cidade de Goiás, Aparecida de Goiânia, onde Leandro Vilela (MDB), nome do governador, disputa o segundo turno com Professor Alcides (PL), apoiado pelo ex-presidente.

Caiado tem participado ativamente das campanhas de rua de Mabel e Vilela. O resultado nessas duas cidades será crucial para a manutenção ou não de suas pretensões para 2026.

Mabel tem 65 anos e é da família da empresa de biscoitos que foi vendida à Pepsico em 2011, e que hoje é da Camil. Ele foi deputado federal por quatro mandatos, além de ter sido assessor especial da Presidência no governo de Michel Temer (2016-2018). Com bens declarados de R$ 313 milhões, é o mais rico dos candidatos nas maiores cidades do Brasil.

Fred tem 39 anos e tentou ser vereador em 2020, sem sucesso. Foi eleito deputado estadual dois anos depois, mas teve o mandato cassado em 2023 por irregularidades na prestação de contas da campanha anterior.

Ele não era o candidato natural do partido, tendo assumido o posto após o bolsonarista Gustavo Gayer (PL) desistir de concorrer à prefeitura.

RANIER BRAGON / Folhapress

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