SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Reino Unido aposta em Mounjaro contra desemprego, Bets vão à Justiça e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (16).
**REINO UNIDO APOSTA EM MOUNJARO CONTRA DESEMPREGO**
O governo do Reino Unido quer entender a relação entre a obesidade da população e o desemprego no país.
Um estudo de cinco anos será realizado em parceria com a farmacêutica americana Eli Lilly, fabricante do Mounjaro, concorrente do Ozempic, da Novo Nordisk.
Até 250 mil pessoas desempregadas, acima do peso, vão receber o remédio.
IMPACTOS
A ideia é examinar se o uso do medicamento reduzirá o desemprego no país e qual será o impacto nos serviços de saúde pública do NHS, sistema similar ao SUS.
CUSTOS à ECONOMIA
Uma das hipóteses do governo é que a obesidade atrapalha a busca por emprego, diminuindo a renda das famílias.
A estimativa é que a obesidade leve os trabalhadores a tirarem quatro dias a mais de licença médica por ano em comparação com a média da população.
No sistema de saúde, doenças relacionadas à obesidade custam 11 bilhões de libras (mais de R$ 80 bilhões) anuais.
Alguns medicamentos injetáveis para perda de peso dessa nova geração já são prescritos pelo NHS, como o próprio Ozempic e o Wegovy.
O SUCESSO DO MOUNJARO
As ações da farmacêutica americana estão em alta desde que o Mounjaro mostrou resultados melhores para perda de peso do que os similares Ozempic, Wegovy, Saxenda e Victoza, da dinamarquesa Novo Nordisk. Entenda as diferenças.
A empresa está a caminho de valer US$ 1 trilhão (R$ 5,65 trilhões), como destaquei nesta edição da newsletter.
O Mounjaro é capaz de levar à perda de até 15% do peso corporal em um ano, em comparação com 8% dos outros medicamentos.
A quebra das patentes dessa nova classe de remédios para emagrecer preocupa a indústria farmacêutica, mas deve popularizar ainda mais os tratamentos. Ao mesmo tempo, há uma corrida por novas descobertas.
O Saxenda já perdeu a patente no Brasil, e deverá ter genéricos em breve nas farmácias. A do Ozempic termina em 2026 no país.
A EMS investiu R$ 70 milhões em uma fábrica no interior de São Paulo para produzir versões do medicamento.a
**BETS VÃO À JUSTIÇA**
O governo Lula (PT) é alvo de ao menos oito ações na Justiça Federal de empresas que pedem para entrar na lista de bets com pré-autorização para funcionar no país.
São 211 sites legais hoje no Brasil, ligados a 96 empresas. Mais de 2.000 estão sendo ao poucos retirados do ar.
QUEM PROCESSA
A Zeroumbet Plataforma Digital, que pertence à advogada e influenciadora Deolane Bezerra, é uma das empresas que pede à Justiça Federal a inclusão de suas marcas na lista.
A empresa Megapix também estava de fora da lista, mas obteve decisão liminar para ser incluída na lista.
Deolane foi presa duas vezes em setembro, e solta no dia 24 do mesmo mês, em caso de suspeita de envolvimento em suposta organização criminosa.
A atuação seria em jogos ilegais e lavagem de dinheiro, movimentando quase R$ 3 bilhões.
A Zeroumbet diz que o governo não aceitou a entrada na lista devido à investigação. De acordo com a empresa, a pena não poderia ser aplicada “nem diante da existência de uma eventual decisão condenatória” contra a advogada.
O Ministério da Fazenda alega que tomou a medida até que se conclua a apuração dos fatos, para resguardar o interesse público.
NO CONGRESSO
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI das Apostas Esportivas, confirmou a presença da influenciadora para depor sobre o caso no dia 29 de outubro. O jogador Lucas Paquetá também vai comparecer.
Para Kajuru, “É fato que Deolane é advogada do crime organizado”.
O que acontece com quem ficou de fora? Mesmo com a negativa inicial, sem poder operar, as empresas continuam no processo de avaliação do governo para receber o aval definitivo.
Os 211 sites da lista tiveram uma espécie de voto de confiança do Ministério, mas também precisarão da confirmação final.
Como têm prioridade, a decisão sobre eles vêm primeiro, até 1º de janeiro, quando entra em vigor a legislação que regula o setor.
AS NOVAS REGRAS
A partir de 2025, as bets precisarão cumprir diversas regras, como sede ou sócio no Brasil, prestação de contas a órgãos financeiros e pagamento de impostos.
**SUPERSALÁRIOS NA MIRA**
Entre as várias propostas de cortes de gastos na mesa do presidente Lula, as que têm mais chance de avançar num primeiro momento são:
↳ Limite aos supersalários de funcionários públicos e mudanças no seguro-desemprego dos trabalhadores. Por que as duas? Há expectativa de que o ajuste no funcionalismo possa criar um ambiente mais favorável à aprovação de outras medidas.
Já as mudanças no seguro-desemprego são vistas como mais palatáveis desde que os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet começaram a falar em reformas, meses atrás.
Com o mercado de trabalho aquecido, haveria pouco impacto social.
As informações sobre a escolha das mudanças no seguro-desemprego e nos supersalários foram confirmadas por fontes da Folha de S.Paulo.
1.Limite aos supersalários. A proposta do governo busca um acordo no Congresso para reduzir benefícios que ultrapassam o teto salarial dos funcionários públicos, atualmente em R$ 44 mil.
A medida pode baixar em cerca de R$ 3,8 bilhões as despesas com salários.
2. Mudanças no seguro-desemprego. O Ministério da Fazenda pretende diminuir os custos com o benefício pago a quem foi demitido.
A ideia é usar a multa de 40% paga pelo empregador sobre o saldo do FGTS, que funciona como uma proteção adicional, para abater o valor das parcelas do seguro.
Quanto maior a multa paga pela empresa, menor seria o valor do seguro-desemprego recebido do governo.
As despesas com o seguro-desemprego subiram de R$ 47,6 bilhões, no acumulado em 12 meses até agosto do ano passado, para R$ 52,4 bilhões até o mesmo mês deste ano.
O CRONOGRAMA
A ministra Simone Tebet afirmou nesta terça-feira (15), após reunião com Haddad, que serão três pacotes com projetos de reformas.
O primeiro será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo após o segundo turno das eleições.
A ministra não detalhou quais medidas irão compor a revisão, apenas afirmou que uma das propostas criaria um espaço de R$ 20 bilhões.
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, nesta semana, Haddad disse que o presidente Lula recebeu diversas opções para então decidir.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
BANCO CENTRAL
Galípolo aposta em inovação para reduzir custo de crédito e quer aproximar BC de reguladores. Temas serão tratados como prioridade na nova gestão, que começa em janeiro de 2025.
MERCADO
Apoio do BNDES para obras na Dutra tenta liberar capital da CCR. Ajuda do banco, com emissão de debêntures, terá fluxo de caixa futuro como salvaguarda em vez de garantia corporativa.
ESTADOS UNIDOS
Trump defende políticas protecionistas e diz que ‘tarifa é a palavra mais bonita do dicionário’. Em entrevista à Bloomberg TV, ex-presidente defendeu ampliação de taxas para produtos estrangeiros e criticou o Fed.
VICTOR SENA / Folhapress