Brasil vai à Feira de Frankfurt apresentando Ruth Rocha e editores premiados

FRANKFURT, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Entre as 25 editoras destacadas num painel do lado de fora do estande do Brasil na Feira de Frankfurt, um nome salta aos olhos —The Ruth Rocha Project.

São holofotes dirigidos em terras internacionais a uma autora mais que veterana, de 93 anos celebrados em março, que vive um momento de ápice visível pelo furor que causou na última Feira do Livro no Pacaembu.

Seu contrato com a Santillana acaba de ser renovado por 15 anos —ou seja, até a autora completar seus 108— e uma nova agente literária, Juliana Farias, está encarregada de distribuir seu nome pelo mundo.

“É uma obra tão unânime no Brasil, de cerca de 200 livros entre originais e coleções, mas que ainda se conhece pouco fora do país”, diz sua única filha, Mariana Rocha, hoje dedicada integralmente a representar a obra da mãe —com quem divide uma semelhança física gritante.

Segundo ela, houve edições pontuais da escritora em línguas como basco e galego em torno dos anos 1990, além de publicações recentes em inglês do best-seller traduzido como “Marcelo, Martello, Marshmallow”. Agora é hora de ir mais longe.

É esse espraiamento da literatura brasileira no exterior que também busca Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro e responsável pela comitiva tupiniquim. O projeto Brazilian Publishers, feito em parceria com a ApexBrasil, agência governamental voltada à exportação, conseguiu fechar US$ 1,32 milhão em negócios no ano passado, nesta que é a feira mais relevante do mercado mundial.

“Os brasileiros participam de Frankfurt há décadas, mas sabemos que, para uma editora ir a uma feira internacional, é um investimento alto. O Brazilian Publishers ajuda principalmente o pequeno e médio editor que não tem experiência a trazer seu catálogo com todo o apoio”, afirma ela, sentada ao lado da estante da editora que dirige, a infantojuvenil VR.

Assim, quem chega ao estande vê iniciativas independentes como a Aboio, universitárias como Edusp e Unesp, casas de maior porte como Global e Alta Books, chegando até à nova empreitada de audiolivros Supersônica e à Biblioteca do Exército.

Segundo Matos, o critério para selecionar quem vai na comitiva é por ordem de chegada, ou seja, as editoras associadas à CBL que se candidatam primeiro às vagas disponibilizadas pelo projeto.

A CBL também leva a Frankfurt, há dois anos, o vencedor do prêmio principal do Jabuti, o de livro do ano, e a reportagem encontrou lá o autor dos poemas de “Engenheiro Fantasma”, Fabrício Corsaletti. O intuito é oferecer ao ganhador uma perspectiva de internacionalização de seu trabalho, depois que o valor oferecido pelo prêmio em si caiu de R$ 100 mil para R$ 70 mil.

Corsaletti diz ainda ser neófito em eventos do tipo, mas vê a iniciativa da Câmara como da maior relevância e espera até encontrar uma editora espanhola para seu “La Ley del Deseo y Otras Películas”, obra independente de título hispânico inspirado em Pedro Almodóvar.

Mas outras editoras brasileiras que não fazem parte da comitiva prometem ter papel protagonista nesta quinta-feira.

Luiz Schwarcz, que fundou a Companhia das Letras em 1986, receberá à tarde o prestigioso prêmio Cesare De Michelis pelo conjunto de sua carreira como editor, na primeira vez em que a premiação será realizada em Frankfurt.

E o Círculo de Poemas, iniciativa que começou como parceria entre a Fósforo e a Luna Parque, vai levar para casa o troféu Aficionado, distinção oferecida por um júri da feira para propostas inovadoras com impacto no mercado editorial.

WALTER PORTO / Folhapress

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