Seca história no rio Tapajós isola mais de 9.000 famílias no Pará

MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O rio Tapajós, em Santarém (PA), registrou no último domingo (13) o nível mais baixo de sua história. Segundo a Defesa Civil do município, a medição chegou a -16 centímetros. Nesta quarta-feira (16), o nível apresentou uma ligeira subida e está em 0,05 cm.

O órgão afirma que 9.252 famílias vivem nas regiões dos rios e que sofrem com isolamento por conta da dificuldade de transporte. Mantimentos estão sendo entregues às pessoas.

De acordo com estimativa do Governo do Pará, a estiagem no oeste do estado já atingiu cerca de 150 mil pessoas, uma vez que a crise hídrica também assola o rio Amazonas.

O governo informou que iniciou a distribuição de cestas básicas e água potável para 5.500 famílias de 187 comunidades ribeirinhas e quilombolas afetadas pela seca e queimadas na região. O governador Helder Barbalho (MDB) participou da entrega no quilombo Arapemã, em Santarém.

Para realizar as entregas nas áreas de difícil acesso, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros utilizam barcos e aeronaves.

Boletins da Defesa Civil de Santarém mostram que o rio Tajapós alcançou 7 cm na sexta-feira (11) e continuou em queda no sábado (12), atingindo -12 cm. Com o número histórico atingido no domingo, as medições passaram a subir ligeiramente.

No dia 25 de setembro, reportagem da Folha de S.Paulo registrou que o rio Tapajós estava em 91 centímetros, menor índice desde 1995, quando foi iniciada a medição. Em 2010, na seca considerada mais drástica até então, o nível ficou em 2 metros.

Líder do povo borari de Alter do Chão, o cacique Rosivaldo Maduro disse que a seca já causava impacto direto na economia da vila balneária, onde ao menos cem catraieiros (barqueiros) tinham suspendido as atividades.

“A seca desempregou mais de cem pessoas, porque tem cem catraias cadastradas e tem os donos e as pessoas que trabalham para eles. Essas pessoas estão sem trabalhar”, disse o cacique à época.

Em 2023, a Folha de S.Paulo já tinha revelado que os efeitos da estiagem que afetava o sul amazônico havia alterado a paisagem de pontos turísticos como Alter do Chão. Na época, o rio Tapajós tinha altura de 1,58 m.

Relatório do dia 11 de outubro da ANA (Agência Nacional das Águas) afirma que o Pará registrou 100% de seu território com seca em agosto e que o último registro havia sido em novembro de 2023. Além disso, a seca grave avançou de 1% em julho para 3% -em janeiro, o índice foi de 8% no estado.

No dia 23 de setembro de 2024, a agência declarou situação crítica de escassez hídrica no rio Tapajós, no trecho compreendido entre os municípios de Itaituba e Santarém até 30 de novembro.

A nota afirma que, de acordo com os institutos de climatologia, a precipitação acumulada na bacia do rio de outubro de 2023 a agosto de 2024 foi caracterizada por chuvas abaixo da média, tendência que continua no período seco.

O governador Helder Barbalho (MDB) decretou situação de emergência no estado com o intuito de mitigar os efeitos da estiagem nas regiões do Tapajós e baixo Amazonas.

O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (União Brasil), também decretou situação de emergência no município, o que autoriza a prefeitura a mobilizar todos os órgãos municipais e voluntários, além de realizar campanhas de arrecadação de recursos.

O decreto também dispensa a necessidade de licitação em contratos de aquisição de bens para atendimento da situação emergencial ou calamitosa.

JOSUÉ SEIXAS / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS