Navio da Marinha passa por reparos após espera de 4 meses em Lisboa

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O navio-veleiro Cisne Branco, da Marinha do Brasil, conseguiu espaço nas imediações do porto de Lisboa para passar pela fase final de conserto de sua propulsão após quatro meses de espera em Portugal.

A embarcação está no estaleiro Naval Rocha, empresa contratada pela Força para reparo na hélice principal. A previsão é que o veleiro volte ao mar nesta quinta-feira (17).

O Cisne Branco sofreu uma pane no sistema HCP (hélice de passo controlável, em português) durante a travessia pelo Atlântico, com destino à Europa. A propulsão do navio estragou em 5 de junho, três dias após a embarcação desatracar de Ponta Delgada, com destino à Holanda.

O navio brasileiro seguiu somente com a força do vento em suas velas até chegar à Base Naval de Lisboa, em 11 de junho. Desde então, a embarcação espera pelos reparos finais para voltar ao Brasil.

Documentos internos da Marinha obtidos pela Folha mostram detalhes do problema no Cisne Branco e os procedimentos adotados pela tripulação.

Segundo o relato dos tripulantes, foi feita uma investigação preliminar sobre o problema na hélice. O resultado da análise foi a confirmação da “necessidade de atracação para realização de reparo, haja vista que, para a execução do mesmo, faz-se necessário que o navio encontre-se parado”.

A embarcação estava a 400 milhas náuticas (740 km) de Lisboa. O caso foi levado aos escalões superiores da Marinha. Nas conversas, autoridades portuguesas ofereceram a Base Naval de Lisboa para atracação do Cisne Branco.

A análise da tripulação no navio atracado confirmou a necessidade de fazer o reparo em dique seco, uma instalação nos portos para colocar embarcações fora da água para manutenção. Isso porque seria preciso retirar a linha de eixo do navio, que fica na parte submersa do casco. As docas de Lisboa são concorridas, com reservas feitas com meses de antecedência —por isso a demora para o conserto.

A Marinha do Brasil contratou, com urgência, o estaleiro português Naval Rocha para os devidos reparos na hélice. O serviço custou mais de US$ 150 mil (cerca de R$ 840 mil).

O conserto do sistema de propulsão do Cisne Branco envolve três etapas. Na primeira, o navio passou 14 dias nas imediações do Porto de Lisboa, em dique seco, para a desmontagem do sistema propulsor, do leme e para a retirada do eixo que liga o motor à hélice.

O navio voltou à Base Naval de Lisboa enquanto o estaleiro realizava o reparo no sistema. A previsão era encerrar essa segunda fase em 30 dias, mas o trabalho durou mais de dois meses.

O Cisne Branco só retornou ao estaleiro Naval Rocha no último dia 2. A terceira e última fase do reparo envolve a montagem do conjunto propulsor e do leme. O navio ainda deve passar por testes de funcionamento no cais e, depois, no mar. A previsão é de 15 dias para finalizar o conserto.

“A Marinha do Brasil informa que a conclusão dos serviços está prevista para primeira quinzena de outubro, e posterior regresso ao Brasil, com chegada em seu porto sede no mês de novembro”, disse a Força, em nota.

O navio-veleiro Cisne Branco foi à Europa para participar de eventos da diplomacia militar em 11 países. A viagem envolvia passagem por portos de Portugal, Holanda, Noruega, Lituânia, Finlândia, Estônia, Polônia, Alemanha, Reino Unido, Espanha e Ilhas Aland.

O problema no navio, porém, impediu o prosseguimento do cronograma. Segundo os documentos internos da Marinha, a falta de reparo da embarcação colocava “em risco a segurança da navegação em águas internacionais e nas águas jurisdicionais estrangeiras”.

O Cisne Branco é um navio veleiro comprado pela Marinha de um estaleiro de Amsterdã em 2000. O valor da compra foi US$ 15 milhões. Ele possui 76 metros de comprimento por 48 metros de altura, com 32 velas içadas ao alto.

A embarcação é chamada na Marinha de embaixada brasileira no mar. Ela tem funções diplomáticas, representando o Brasil em eventos náuticos internacionais, e de relações públicas, com atracação em portos brasileiros e visitas gratuitas.

CÉZAR FEITOZA / Folhapress

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