Polícia apura caso de possível contaminação de grávida com HIV no laboratório PCS Saleme

SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma possível contaminação de uma mulher por HIV após exames feitos no laboratório PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, em 2023. Ela afirma que na época estava grávida de três meses.

O boletim de ocorrência foi registrado na 52º Delegacia Policial de Nova Iguaçu nesta terça (14). A polícia trabalha com a suspeita de lesão corporal, mas pediu exames negativos anteriores para precisar quando a vítima pode ter contraído o vírus causador da Aids.

Em nota, o PCS Lab Saleme afirma que “a paciente que diz ter contraído HIV no PCS Lab Saleme precisará provar a acusação” e diz que jamais ocorreu um caso sequer de infecção por HIV no laboratório, que segue a “protocolos de segurança, como luva estéril e material descartável” para cada paciente.

Segundo a mulher, antes dos exames pré-natais, ela havia recebido resultados negativos para HIV. No terceiro mês de gestação, quando descobriu a gravidez, teria sido encaminhada ao PCS Lab Saleme, onde um teste deu inconclusivo para o vírus. Um segundo deu positivo para a presença do vírus. Um terceiro, feito em um hospital, teria confirmado a presença do vírus.

À reportagem, ela afirmou que o recém-nascido e o marido, com quem é casada há seis anos, também foram infectados com o vírus após ela ter sido infectada. Hoje, os três tomam medicamentos antirretrovirais.

“Foi um baque muito grande”, afirma Núbia, que pede para ser identificada apenas pelo primeiro nome.

O PCS Lab Saleme afirma, em nota, que para uma pessoa “infectada no laboratório precisa ser exposta, de maneira proposital, a material biológico sabidamente positivo.”

“No caso de diagnóstico de HIV em gestantes, o laboratório segue os protocolos do Ministério da Saúde, conforme solicitação do médico ou da unidade de saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, a principal forma de infecção por HIV é por via sexual”, acrescenta.

A reportagem teve acesso ao laudo positivo para HIV, emitido no dia 6 de maio de 2023, cerca de um mês depois de ter ido à clínica.

Núbia diz que hoje toma a medicação diariamente e é atendida por uma assistente social do Hospital Geral de Nova Iguaçu. A polícia trabalha com a tese inicial de lesão corporal do laboratório contra Núbia.

ERROS EM DIAGNÓSTICOS

Além de seis pacientes infectados com HIV, o PCS Lab Saleme acumula um histórico de erros de diagnósticos. Nesta segunda (14), uma outra mulher levou à polícia um falso positivo para HIV após dar à luz.

Segundo Tatiana de Andrade Silva Baracho, a recém-nascida foi submetida, desnecessariamente, a um coquetel antirretroviral de medicamentos e ficou 30 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Um dos médicos me falou que eu teria que me apegar a Deus porque não tinha cura”, disse Tatiana à Folha de S.Paulo nesta quarta (16).

Em outubro e dezembro, a criança passou por dois novos testes em outros laboratórios, que deram negativo. Ela também fez o teste no PCS, que teria protelado a entrega dos documentos até janeiro, quatro meses após o parto. Neste último caso, o teste que havia dado positivo foi corrigido para negativo.

Em nota sobre este caso, o PCS Lab Saleme disse que “o resultado do terceiro teste da gestante estava disponível desde o dia 29 de setembro de 2023, mesma data em que foi acessado pela equipe da maternidade. Entre os dias 12 de outubro e 14 de janeiro, o resultado do exame foi impresso 12 vezes na maternidade, conforme registro em sistema”.

MARCOS CANDIDO E BRUNA FANTTI / Folhapress

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