Ex-líder da guerra às drogas do México é condenado a 38 anos de prisão nos EUA por ligação com cartéis

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-czar do combate ao narcotráfico do México Genaro García Luna foi condenado a 38 anos de prisão nesta quarta-feira (16) nos Estados Unidos. O mexicano foi declarado culpado, entre outros crimes ligados ao tráfico de drogas, de proteger o Cartel de Sinaloa em troca de dinheiro.

O juiz distrital dos EUA Brian Cogan anunciou a sentença em uma audiência no tribunal federal do Brooklyn. A promotoria havia pedido prisão perpétua para o alto funcionário mexicano, enquanto a equipe de defesa pediu 20 anos de prisão.

García Luna é engenheiro mecânico e protegeu o cartel de Sinaloa, de Joaquín “El Chapo” Guzmán -condenado à prisão perpétua pela Justiça dos EUA- em troca de subornos milionários para enviar drogas aos Estados Unidos de 2001 a 2012, segundo a Promotoria.

Em uma carta manuscrita dirigida ao juiz do caso, García Luna recorda que é o “mexicano com mais reconhecimentos e condecorações” nos EUA e na Europa pelo “combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas”.

Além disso, explica, teve acesso a material de inteligência e segurança do governo americano. É “impensável ter esse nível de responsabilidade, informação do Estado e segurança regional hemisférica, sujeita ao mais alto nível de controle e vigilância e ao mesmo tempo ter contatos ou ligações com criminosos para obter lucro”, afirma na carta.

Um júri popular considerou culpado o homem que foi o arquiteto da guerra às drogas durante o mandato de seis anos de Felipe Calderón, de 2006 a 2012, por participação em uma organização criminosa, conspiração para distribuir, possuir e importar cocaína, e falsidade ideológica.

García Luna, que sempre se declarou inocente, tentou em vão a realização de um novo julgamento, por considerar que o sistema de justiça americano usou “informações falsas fornecidas pelo governo do México” e testemunhas com “antecedentes criminais” que ele perseguiu quando era o czar antidrogas.

Várias testemunhas do julgamento, incluindo ex-membros do cartel de Sinaloa, afirmaram que tiveram de pagar milhões de dólares ao réu em troca de proteção.

Segundo o ex-funcionário, a promotoria nova-iorquina “não apresentou um único elemento de prova ou evidência que comprovasse os crimes” pelos quais foi condenado. No entanto, os promotores afirmam que o acusado “explorou seu poder e autoridade ao aceitar milhões de dólares em subornos de uma organização de tráfico de drogas que ele jurava perseguir”.

Entre as acusações contra García Luna está a de ter protegido seis remessas de drogas que totalizaram 53 toneladas, entre 2002 e 2008.

Na carta, o réu destacou que “nunca representou uma ameaça ou risco para a comunidade”, lembrando ao juiz que durante os quase cinco anos em que está detido tentou ajudar os presos a se formar e mantê-los longe das drogas.

Por isso, ele solicita permissão para “retornar o mais rápido possível” à sua família “e reingressar na querida sociedade” a qual diz respeitar e pertencer. Ele afirmou que recorrerá da sentença e esgotará todos os recursos legais “até conseguir” a sua liberdade.

Residente nos EUA desde que deixou o governo mexicano em 2012, García Luna foi preso em dezembro de 2019 em Dallas, no Texas. O México também solicitou aos EUA a extradição de García Luna por má administração de fundos públicos.

Redação / Folhapress

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