SÃO PAULO
Pacote para setor imobiliário frustra mercados globais e derrubam preços de commodities
(FOLHAPRESS) Em 17/10/2024 09h30
O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (17) com os investidores avaliando novas medidas divulgadas pela China que decepcionaram os mercados globais e derrubaram preços de commodities.
O governo chinês anunciou que aumentará os empréstimos bancários para o setor imobiliário para que projetos que foram iniciados sejam concluídos. O reforço será de 4 trilhões de iuanes (R$ 3,19 trilhões) de acordo com o ministro da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural, Ni Hong.
Às 9h04, a moeda norte-americana subia 0,39%, a R$ 5,6857. Na quarta-feira (16), o dólar fechou com ligeira alta de 0,05%, a R$ 5,663, e a Bolsa subiu 0,53%, aos 131.749 pontos.
Investidores avaliam medidas da China para reaquecer setor imobiliário Adek Berry AFP A imagem mostra um conjunto de prédios altos e modernos, com fachadas de cor clara, dispostos em linha em um terreno aberto. O céu está nublado, e há uma vegetação baixa na parte inferior da imagem. **** O debate sobre as contas públicas voltou à cena na sessão de ontem. Após a ministra Simone Tebet (Planejamento) confirmar planos de corte de gastos após as eleições municipais, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que a área econômica do governo mira uma “dinâmica suficiente para garantir vida longa ao arcabouço fiscal”.
O ajuste nas despesas tem sido defendido pelo mercado desde a elaboração do arcabouço fiscal, o conjunto de regras sobre as contas públicas em vigor desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Chegou a hora para levar a sério a revisão de gastos públicos no Brasil”, disse a ministra Simone Tebet na terça, depois de uma reunião com Haddad. A proposta do governo é endereçar a questão com uma série de medidas em três pacotes.
Lista **** “Nós estamos muito otimistas que esse pacote terá condições de avançar na mesa do presidente”, disse Tebet. As propostas que serão enviadas a Lula, esclareceu, já passaram pelo crivo da equipe econômica, e o primeiro conjunto de medidas deve ser apresentado ao presidente logo após o segundo turno das eleições municipais, em 27 de outubro.
A pretensão é que ele seja enviado ao Congresso Nacional em seguida, permitindo que algumas das propostas sejam aprovadas ainda neste ano e outras no início de 2025, segundo a ministra.
Ela não forneceu detalhes sobre quais medidas irão compor a revisão de gastos, mas afirmou que uma das propostas analisadas teria potencial de aumentar o espaço fiscal em até R$ 20 bilhões.
Segundo Haddad, a revisão de gastos que será proposta pelo governo pode exigir mudanças constitucionais e, endereçando temores do mercado, afirmou que as estatais não serão retiradas das regras do Orçamento.
Galeria Veja glossário de termos econômicos e fiscais Entenda o que significam os conceitos mais usados no debate sobre contas públicas https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1754931859441114-veja-glossario-de-termos-economicos-e-fiscais *** O ajuste será uma agenda prioritária do governo até o fim do ano e o desenho está bastante avançado, disse ele. Os anúncios de medidas que irão compor a revisão, no entanto, só serão feitos quando “o governo estiver todo alinhado em relação aos propósitos”, afirmou.
Ele já adiantou que o programa de vale-gás está sendo reformulado pela área econômica e será apresentado a Lula depois que ele retornar de viagem à cúpula do Brics na Rússia, que acontece na próxima semana.
As declarações de Haddad reverteram a alta do dólar, que chegou a bater R$ 5,699 na máxima da sessão.
“As falas do ministro reforçando o compromisso com o cumprimento de metas e cortes de gastos foram os principais vetores de valorização do real, que se descolou das outras moedas de mercados emergentes e até moedas fortes”, diz Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“Mas a ausência de medidas concretas para que se possa precificar uma queda na trajetória da dívida ainda traz incerteza, o que impediu que o movimento de queda se intensificasse.”
YouTube Como é que é? Priscila Camazano recebe convidados ao vivo de segunda a sexta, às 18h https://www.youtube.com/watch?v=J8NAHrLbsIQ&list=PLEU7Upkdqe7FUgDr38BoZe41J4NqIOwJK *** A moeda brasileira, assim como as de outros mercados emergentes, tem enfrentado pressão por causa do desempenho de commodities no exterior, como o petróleo e o minério de ferro, sensíveis ao desenrolar dos planos econômicos da China e dos conflitos do Oriente Médio.
Da ponta asiática, os investidores aguardam detalhes sobre o tamanho e o cronograma do pacote de estímulos anunciado pelo governo chinês há cerca de três semanas.
Até agora, as informações divulgadas em entrevistas coletivas têm decepcionado por não trazerem números oficiais, ainda que o ministro das Finanças da China, Lan Fo’an, tenha dito que Pequim “aumentará significativamente” a dívida pública para injetar estímulos na economia, sobretudo para o mercado imobiliário, setor bancário e governos locais.
Newsletter Folha Mercado Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes. *** O sentimento de decepção se espalhou para o mercado de commodities, afetando a atratividade de países exportadores, como o Brasil, para investidores estrangeiros.
Já em relação ao Oriente Médio, uma reportagem do The Washington Post informou que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, teria dito aos Estados Unidos que está disposto a atacar alvos militares iranianos, e não alvos nucleares ou petrolíferos.
A notícia acalmou preocupações em relação a um possível distúrbio no fornecimento de petróleo da região. Com temores de oferta arrefecidos, os preços do barril do Brent, referência do exterior, entraram em movimento de correção e despencaram cerca de 7% nos últimos três dias.
Com Reuters
Redação / Folhapress