SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As Forças Armadas de Israel anunciaram que estão verificando se conseguiram matar o líder do Hamas, Yahya Sinwar, durante o ataque a um edifício na Faixa de Gaza nesta quinta (17).
“A esta altura, a identidade dos terroristas não pode ser confirmada”, afirmaram os militares em nota, dizendo que não havia reféns israelenses no prédio em que três terroristas se encontravam quando foram mortos. Um site associado ao Hamas pediu para que os palestinos se informem sobre o caso só com o grupo.
Sinwar, 62, é a pessoa mais procurada por Israel na guerra desde que assumiu o controle do grupo palestino. Ele sucedeu a Ismail Haniyeh, morto em uma ação atribuída ao Estado judeu em Teerã, a capital do Irã, em 31 de julho.
Conhecido pelo apelido de “açougueiro de Khan Yunis”, referência dupla à sua crueldade e à cidade de Gaza onde nasceu, Sinwar é considerado o principal arquiteto do ataque de 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.170 pessoas e sequestrou 251 em Israel.
A maior ação terrorista da história israelense desencadeou a guerra que está reformulando o balanço do Oriente Médio, com a obliteração de Gaza e, agora, das estruturas do Hezbollah, aliado do Hamas também bancado pelo Irã.
Segundo a Folha ouviu de militares israelenses, há algumas semanas há a expectativa acerca do destino de Sinwar, que saiu do radar dos serviços de segurança. A crença era de que ele estava escondido em algum dos sistemas de túneis do Hamas sob Gaza, cercado por alguns dos 64 reféns que Tel Aviv acredita ainda estarem vivos.
Isso depõe contra a hipótese de que tenha tombado num edifício sem escudos humanos, mas o fato de as forças terem divulgado a apuração sugere que havia indícios fortes de que ele estava lá. Ainda assim, esses mesmos militares dizem que um dos mortos era muito parecido com Sinwar, e agora serão feitos testes de DNA o líder passou 22 anos preso em Israel, então há amostras para comparação.
Se estiver morto, Sinwar se unirá ao líder histórico do grupo extremista libanês, Hassan Nasrallah, atingido por em um ataque em 27 de setembro, e dezenas de figuras da cúpula de ambas as agremiações.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, publicou uma referência ao incidente no X, postando a foto de de Nasrallah e do chefe militar do Hamas, Mohammed Deif, também morto por Israel, com um espaço entre eles e uma citação bíblica: “Você irá caçar seus inimigos e eles cairão à sua frente por sua espada. Nosso inimigos não podem se esconder. Nós vamos persegui-los e eliminá-los”.
Em paralelo, Israel prepara a retaliação contra um ataque de mísseis iranianos que sofreu no começo do mês, arriscando uma escalada ainda maior. As outras duas frentes da guerra são na Cisjordânia, contra grupos palestinos, e no mar Vermelho, envolvendo os rebeldes houthis do Iêmen também bancados por Teerã.
A eventual morte do líder dificultará muito a vida do Hamas, que já perdeu quase toda sua cúpula, e pode renovar negociações para o fim do conflito. Sinwar era visto como intransigente, em comparação com Haniyeh.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no mês passado, Micha Koubi, o homem que interrogou o hoje líder quando ele foi preso por Israel em 1989, disse que Sinwar nunca aceitaria um acordo. “Ele nunca cederá”, afirmou na conversa, onde relatou traços da personalidade do terrorista. Para Koubi, ele tinha “os olhos de um assassino”.
IGOR GIELOW / Folhapress