SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A pouco mais de uma semana do segundo turno, Guilherme Boulos (PSOL) mantém a posição de candidato mais rejeitado, com 56% dos eleitores respondendo que não votariam nele de jeito nenhum, segundo a nova pesquisa Datafolha. Na semana passada, o percentual era de 58%.
A parcela dos que se recusam a votar em Ricardo Nunes (MDB) é de 35%, taxa semelhante à do levantamento anterior, de 37%.
A pesquisa mostra ainda que 45% dos eleitores afirmam que votarão com certeza em Nunes e que outros 20% talvez votem nele. Em relação a Boulos, os percentuais são de 30% e 13%, respectivamente.
O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores paulistanos de terça (15) a esta quinta-feira (17). Encomendado pela Folha, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05561/2024. O nível de confiança é de 95%. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
Em intenções de voto, Nunes conservou a dianteira, com 51%, enquanto Boulos registrou 33%. Na pesquisa anterior, os percentuais eram de 55% e 33%, respectivamente. Com isso, a vantagem do candidato à reeleição saiu de 22 para 18 pontos.
Com a rejeição em patamares elevados desde o início da corrida à Prefeitura de São Paulo, Boulos tentou suavizar sua imagem ao longo da campanha e desconstruir a pecha de radical. Nos últimos dias, a candidatura de Nunes reiterou ataques ao deputado, expondo no horário eleitoral dados da biografia do adversário, principalmente do período como coordenador do MTST (movimento de moradia).
Para tentar forçar um crescimento na rejeição a Nunes, a campanha do PSOL explorou ao máximo nos últimos dias o apagão na cidade, culpando a atual gestão por falhas no manejo de árvores que caíram e interromperam o fornecimento de energia pela Enel –os dois candidatos pregam o fim do contrato de concessão com a empresa.
Boulos também usou propagandas e debates para atacar o adversário por suspeitas envolvendo corrupção e ligações da administração com a organização criminosa PCC, além de reiterar que o emedebista é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e relembrar o boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela primeira-dama Regina Nunes contra ele em 2011.
Tentando atrair parte dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB), que terminou a eleição em terceiro lugar, com 28,14% dos votos válidos no primeiro turno, Boulos resgatou o que pessoas próximas definem como “estilo raiz” e adaptou suas propostas para contemplar o público que escolheu o influenciador.
A rejeição ao candidato do PSOL entre apoiadores de Marçal é ainda maior do que no universo geral de eleitores, chegando a 86%. Na semana anterior, a parcela era de 92%. Já os que optaram pelo nome do PRTB e hoje descartam votar em Nunes são 12% (eram 9%).
Ainda no grupo que preferiu Marçal, há eleitores que dizem que talvez votem em Boulos (8%), mas uma fatia maior deles, de 21%, considera o mesmo sobre Nunes. Um contingente de 67% dos apoiadores do influenciador afirmam que com certeza votarão no prefeito, enquanto 5% falam isso sobre o deputado.
Entre os que votaram em Tabata Amaral (PSB), e que também são almejados pelo psolista, a situação é mais confortável para ele, com 43% dizendo que com certeza votariam em Boulos, enquanto 20% fazem a mesma afirmação quando indagados sobre Nunes.
Por outro lado, 32% dizem jamais votar no candidato do PSOL. E os que repelem o atual prefeito, nesse segmento do eleitorado, são 52%. O percentual de votantes de Tabata que diz que talvez votará no deputado corresponde a 25%, enquanto 28% respondem o mesmo sobre o prefeito.
No eleitorado que votou em Lula (PT) em 2022, o candidato apoiado pelo presidente enfrenta rejeição de 25% dos entrevistados, mas a maioria (60%) afirma que votará com certeza nele, enquanto outra parcela (15%) talvez vote. O cenário expõe a dificuldade de converter votos que eram dados como certos.
No caso de Nunes, que tem Bolsonaro como aliado, os eleitores que preferiram o ex-presidente no segundo turno se dividem desta forma: 76% afirmam estarem certos do voto no prefeito, 17% talvez votem nele e 6% não votarão de jeito nenhum. Apesar da aliança, o emedebista não é considerado suficientemente conservador ou de direita por uma parte dos bolsonaristas, o que contribuiu para fortalecer Marçal.
JOELMIR TAVARES / Folhapress