SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A dez dias da eleição, o resultado do Datafolha divulgado nesta quinta-feira (17) deixou a campanha de Guilherme Boulos (PSOL) ainda mais apreensiva diante da vantagem de Ricardo Nunes (MDB).
O atual prefeito segue à frente com 51% ante 33% do deputado. As entrevistas foram feitas de terça (15) e quinta (17) –período em que milhares de paulistanos ainda sofriam com as consequências da falta de energia elétrica.
Havia uma expectativa entre o entorno de Boulos de conseguir virar votos com a insatisfação do eleitorado mediante os serviços de zeladoria da gestão Nunes e da própria Enel, concessionária de energia elétrica na cidade. O tema, inclusive, pautou debates e discursos desde o final de semana.
A análise é que a aposta no tema do apagão surtiu efeito para desgastar o emedebista. No entanto, não foi suficiente para amenizar a rejeição em torno do psolista.
Em entrevista, Boulos ignorou a desvantagem. “Isso fortalece a minha esperança pela virada que vamos dar nos próximos dez dias. Essa caminhada tem que simbolizar uma arrancada, arrancada para virar votos”, afirmou.
Em avaliações internas, correligionários do PSOL afirmam que a oscilação negativa para Nunes –ocorrida dentro da margem de erro– é um bom sinal e que uma das prioridades agora é mirar os eleitores indecisos (12% na pesquisa espontânea).
A ordem no comitê de Boulos é alimentar o otimismo para manter os militantes motivados na reta final e tentar atrair eleitores que optaram por Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno.
Neste sábado (19), o presidente Lula (PT) também deverá participar de dois atos com o candidato do PSOL na periferia.
Paula Coradi, presidente do PSOL, afirmou que já era sabido que o segundo turno seria uma “eleição muito dura”, mas acredita na vitória. Ela comparou o segundo turno com um jogo de futebol decidido nos últimos minutos.
“Não podemos criar o sentimento que o Nunes está querendo colocar. Ele está em um salto alto dizendo que já ganhou. Mas eleição é voto a voto e vamos atrás de todos os votos até o dia 27 de outubro”, disse ela.
“Quantas vezes já vimos candidatos que estavam na frente nas pesquisas e ter grandes viradas?”, completa a dirigente.
Nunes afirmou por meio de nota que recebeu o resultado do Datafolha “com humildade”. “Nesses dez dias que restam, o trabalho continua e a nossa mobilização se intensificará. A altíssima rejeição de Boulos mostra que sua postura agressiva e extremista só tem afastado o eleitor paulistano”, diz o comunicado enviado pela campanha do emedebista.
Aliados do prefeito e integrantes da campanha comemoraram que não houve queda fora da margem de erro, mesmo depois do apagão que atingiu 2,1 milhões de pessoas, e veem como positiva a manutenção da ampla vantagem sobre Boulos.
Para esses auxiliares, o resultado mostra que o prefeito demonstrou ter agido de forma célere e contundente em relação à crise elétrica, com ações concretas.
Para a campanha do MDB, a tônica de Nunes neste segundo turno é “prefeitar”, receita que até agora deu resultado na visão deles.
CARLOS PETROCILO, CAROLINA LINHARES, ISABELLA MENON, JOELMIR TAVARES E VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress