Amazon tenta criar universo como o de ‘Vingadores’, mas com espiões em vez de heróis

LONDRES, INGLATERRA (FOLHAPRESS) – De olho no sucesso que os diretores Anthony e Joe Russo fizeram no cinema de ação, com seu “Vingadores: Ultimato” ocupando até hoje o segundo lugar da lista de maiores bilheterias da história, executivos do Amazon Prime Video decidiram apostar nos irmãos para criar uma série cheia de pancadaria e efeitos especiais. Assim nasceu “Citadel”, produção de seis episódios que narra um conflito mundial entre dois grupos de espionagem.

Lançada no ano passado, a série americana agora se desmembra em outras duas, a italiana “Citadel: Diana” e a indiana “Citadel: Honey Bunny”. A intenção é, aos moldes do que fez a Marvel, criar um combo de histórias que se passem no mesmo universo, sempre com espiões à frente —em vez de super-heróis—, mas com elencos, cenários e tons diferentes.

“O que trouxemos do nosso trabalho na Marvel para ‘Citadel’ é essa ideia de narrativa interconectada e compartilhada entre várias visões criativas”, diz Anthony. Ele atendeu a reportagem em Londres, onde seu irmão, Joe, está comandando as filmagens da segunda temporada da “Citadel” original, ainda sem previsão de estreia.

Os primeiros capítulos mostram como os espiões e amantes Mason Kane e Nadia Singh construíram novas vidas, longe um do outro, após terem suas memórias apagadas. Isso muda, e eles voltam a se encontrar, quando um veterano da agência Citadel convoca ambos para enfrentar a ascensão do grupo Mantícora.

“Diana”, o primeiro dessa leva de derivados, tem como cenário Milão, na Itália, anos depois da história da série original, numa época em que a própria Citadel não existe mais. A série é protagonizada pela italiana Matilda De Angelis, que interpreta uma espiã que finge ser fiel à Mantícora enquanto tenta escapar dali.

A atriz se diz empolgada com a ideia de mostrar Milão “fora dos clichês”, mas acrescenta que nem por isso “Diana” vai deixar de ter uma cara italiana. “É a oportunidade de fazer uma série que é nacional e internacional ao mesmo tempo”, afirma.

O tom de “Diana” é mais urgente, grave e violento do que o da série original, mas não deixa de lado os elementos clássicos de qualquer história de espionagem —personagens de caráter duvidoso, muitos tiros e perseguições.

Produtora de “Diana”, Gina Gardini recusa a ideia de que as séries de “Citadel” estejam se atropelando e conta que vem desenvolvendo “Diana” há cerca de cinco anos. Ao ser questionada sobre os motivos que levaram a Amazon a apostar tão alto nesse universo, ela não arrisca uma explicação. Dá os créditos aos irmãos Russo e diz que se considera só uma pecinha num grande maquinário.

Anthony Russo vê o universo “Citadel” como um “empreendimento criativo”. Angela Russo-Otstot, que também é irmã dos diretores, conta que pessoas de diferentes partes do mundo se uniram sob o que ela chama de “uma cúpula da Amazon” para escrever o roteiro das três séries e depois desenvolvê-las. “É um momento revolucionário”, diz.

Eles não contam quanto dinheiro a Amazon investiu na empreitada, mas admitem que organizar o orçamento entre as três séries foi um “processo delicado”. “Seguimos um ditado que é ‘não importa quanto dinheiro você tem, sempre fica sem em algum momento’”, diz Anthony. “Precisamos tomar decisões sobre onde é mais importante gastar. A equipe criativa está sempre discutindo os valores da escalação de atores, de locações ou da construção de cenários. É um processo, descobrir como fazer cada uma dessas coisas pelo preço certo.”

“Citadel: Honey Bunny” fecha a trinca das séries desenvolvidas até agora. É uma produção dirigida pelos indianos Raj Nidimoru e Krishna D.K., que fizeram para o Prime Video a série “Homem de Família” e fisgaram a atenção dos Russo.

Esta terceira história se passa no passado, nos anos 1990, e mostra como a atriz Honey, recrutada pelo dublê Bunny, virou uma espiã da agência Citadel. Ela é mãe de Nadia, a protagonista da série original, o que fortalece a amarra entre as tramas.

“No mundo todo há fãs do cinema indiano. ‘Hunny Bunny’ será uma adição muito saborosa para esse multiverso, porque estamos construindo algo que atravessa países, continentes”, diz Nidimoru, um dos diretores.

Durante a entrevista, ele fantasiou como seria ter brasileiros assistindo à série. Disse que estava curioso para saber se acharíamos sua história de espiões bollywoodiana estranha ou, quem sabe, fascinante.

CITADEL: DIANA

– Onde Disponível no Prime Video

– Classificação 16 anos

– Autoria Alessandro Fabbri

– Elenco Lorenzo Cervasio, Matilda de Angelis e Maurizio Lombardi

– Produção Itália, 2024

CITADEL: HONEY BUNNY

– Quando Estreia em 7 de novembro no Prime Video

– Classificação 14 anos

– Elenco Kay Kay Menon, Samantha Ruth Prabhu e Varun Dhawan

– Produção Índia, 2024

– Criação Anthony e Joe Russo

GUILHERME LUIS / Folhapress

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