Dólar sobe e Bolsa cai com pressão da China e cautela sobre contas públicas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar apresenta alta nesta sexta-feira (18), com investidores repercutindo dados da economia da China e ainda de olho nas contas públicas do Brasil.

Às 11h42, a moeda subia 0,27%, cotada a R$ 5,674. Já a Bolsa caía 0,16%, aos 130.571 pontos.

O PIB (Produto Interno Bruto) da China cresceu 4,6% ano a ano no terceiro trimestre —uma desaceleração em relação aos 4,7% registrados nos três meses até junho, mas ainda acima da expectativa de 4,5% de analistas consultados pela Reuters.

O dado, abaixo da meta de 5% do governo chinês, indica um crescimento vacilante da segunda maior economia do mundo e vem em meio a anúncios de estímulos de Pequim para impulsionar a atividade.

Mirando ativos de maior risco, o Banco Central chinês deu início a dois esquemas de financiamento que, inicialmente, injetarão até 800 bilhões de iuanes (US$ 112,38 bilhões) no mercado acionário.

A autoridade monetária ainda pediu às instituições financeiras que aumentem o apoio ao crédito para a economia real e mantenham um crescimento razoável na quantidade total de dinheiro e crédito.

O movimento, mesmo com a desaceleração do PIB de pano de fundo, ajudou a dissipar parte do pessimismo instalado entre os investidores, o que limitou perdas no mercado de commodities.

Na Bolsa de Dalian, o minério de ferro desacelerou queda após o anúncio e fechou em baixa de 1,55%.

O mercado brasileiro, assim como outros emergentes, tem estado sob pressão por causa do desempenho de commodities sensíveis ao desenrolar dos planos econômicos da China, principal consumidor de matérias-primas do mundo.

“Essa atitude do governo chinês acabou contribuindo para a melhora do desempenho das moedas emergentes”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio. O dólar tinha queda em relação ao peso mexicano, ao rand sul-africano e ao peso chileno.

Os ganhos de divisas emergentes também recebiam impulso das perdas da moeda norte-americana ante seus pares fortes. O índice do dólar—que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas— caía 0,28%, a 103,54.

O real, no entanto, seguia afetado pela cautela dos investidores quanto às contas públicas (“risco fiscal”, no jargão econômico) do Brasil.

Após a ministra Simone Tebet (Planejamento) confirmar planos de corte de gastos, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que a área econômica do governo mira uma “dinâmica suficiente para garantir vida longa ao arcabouço fiscal”.

O ajuste nas despesas tem sido defendido pelo mercado desde a elaboração do arcabouço fiscal, o conjunto de regras sobre as contas públicas em vigor desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Chegou a hora para levar a sério a revisão de gastos públicos no Brasil”, disse a ministra Simone Tebet na terça, depois de uma reunião com Haddad. A proposta do governo é endereçar a questão com uma série de medidas em três pacotes.

“Nós estamos muito otimistas que esse pacote terá condições de avançar na mesa do presidente”, disse Tebet. As propostas que serão enviadas a Lula, esclareceu, já passaram pelo crivo da equipe econômica, e o primeiro conjunto de medidas deve ser apresentado ao presidente logo após o segundo turno das eleições municipais, em 27 de outubro.

A pretensão é que ele seja enviado ao Congresso Nacional em seguida, permitindo que algumas das propostas sejam aprovadas ainda neste ano e outras no início de 2025, segundo a ministra.

Ela não forneceu detalhes sobre quais medidas irão compor a revisão de gastos, mas afirmou que uma das propostas analisadas teria potencial de aumentar o espaço fiscal em até R$ 20 bilhões.

Segundo Haddad, o ajuste será uma agenda prioritária do governo até o fim do ano e o desenho está bastante avançado. Os anúncios de medidas que irão compor a revisão, no entanto, só serão feitos quando “o governo estiver todo alinhado em relação aos propósitos”, afirmou.

De acordo com o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, “a falta de indicações sobre quais reformas estão em discussão e quanto será economizado caso o projeto seja aprovado gera mais dúvidas entre os investidores sobre o que será efetivamente enviado ao Congresso”.

“Diante do elevado nível de incerteza fiscal, o governo somente consegue captar recursos para financiar a dívida em prazos cada vez menores a custos mais elevados e pressão permanente sobre o real.”

Já na cena americana, dados macroeconômicos colocaram apostas sobre os juros do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) sob ajustes.

As vendas no varejo aumentaram um pouco mais do que o esperado em setembro, consolidando a visão de que a economia manteve um ritmo forte de crescimento no terceiro trimestre.

O índice aumentou 0,4% no mês passado, após marcar 0,1% em agosto. Economistas consultados pela Reuters esperavam avanço de 0,3%.

Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram para 241 mil na semana encerrada em 12 de outubro, ante expectativa de 260 mil.

Os sinais de resiliência da economia endossaram as expectativas de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos na próxima reunião, com probabilidade de 90% na ferramenta CME Fed Watch. As chances de manutenção da taxa ficaram com os 10% restantes.

Ainda no radar, subiram as apostas de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. O republicano tem prometido implementar medidas consideradas inflacionárias por parte de analistas, o que, em teoria, seria positivo para o dólar.

Redação / Folhapress

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